Livro mostra diáspora de escravizados libertos que voltaram à África

Chegou neste mês às livrarias “Os retornados”, obra escrita pelo diplomata Carlos Fonseca. Fonseca resgatou a diáspora de famílias de escravizados no Brasil que retornaram à África no século XIX e lá formaram comunidades afro-brasileiras.

Os grupos se instalaram em países como Gana, Togo, Benim e Nigéria. Essas pessoas voltaram ao continente natal ou por vontade própria, depois de obter a liberdade, ou compulsoriamente, como pena pela participação em revoltas ou crimes. A maior parte fez a escolha de modo voluntário, para fugir das perseguições e da baixíssima perspectiva de cidadania no Brasil destinada a pessoas negras quando a escravidão ainda imperava no país.

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Ayo Alakija, esposa de Adeyemo, com fotos do marido e dos primos brasileiros

Paul Bamboxê Martins, em frente à Casa de Bamboxê, com a foto do primo Air José
Angélica da Rocha, filha de Maria Angélica, com a foto de seus parentes brasileiros
Sylvanus Olympio (ao centro) com o presidente francês Charles de Gaulle
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Honoré Feliciano de Souza, o Chachá VIII, com retratos de seus 7 antecessores

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Ayo Alakija, esposa de Adeyemo, com fotos do marido e dos primos brasileiros

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Paul Bamboxê Martins, em frente à Casa de Bamboxê, com a foto do primo Air José

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Angélica da Rocha, filha de Maria Angélica, com a foto de seus parentes brasileiros

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Sylvanus Olympio (ao centro) com o presidente francês Charles de Gaulle

 

Segundo a obra editada pela Record, ainda há traços de “brasilidade” na cultura desses países africanos, quase 200 anos após o início do retorno dos escravizados. Um dos exemplos é a festa de Nosso Senhor do Bonfim, celebrada no terceiro domingo de janeiro; cânticos em português; e comidas brasileiras. Os africanos que foram ao Brasil e retornaram insistiram em conservar a face brasileira, apesar da grave violência imposta pelo regime escravista brasileiro.

No Togo, Fonseca contou a história de Sylvanus Olympio. Foi o primeiro presidente do país, e o primeiro chefe de Estado africano assassinado em um golpe militar após o ciclo de independência na África Ocidental. Sylvanos é neto de um escravizado que retornou à África em 1830, o brasileiro Francisco Olympio.

Já no Benim, o livro “Os retornados” apontou a ascensão da família Souza, uma das mais importantes do país e descendente do brasileiro Francisco Félix de Souza, que recepcionou os primeiros retornados, em 1830.

Na Nigéria, destino de boa parte dos escravizados que voltaram à África, há até hoje um bairro brasileiro em Lagos, antiga capital. Por lá, Fonseca contou a história de famílias que conectaram a África ao Brasil por meio da religião.

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