Presidente da Voepass afirma que sistema do ATR estava ‘totalmente operacional’, mas admite possibilidade de falha durante voo

1 Presidente da Voepass afirma que sistema do ATR estava 'totalmente operacional', mas admite possibilidade de falha durante voo

Presidente da Voepass, José Luis Felício Filho Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Ouvido pela Comissão Externa da Câmara dos Deputados, em Brasília, sobre o acidente aéreo na cidade de Vinhedo (SP), em agosto, o presidente da Voepass, José Luiz Felício Filho admitiu, nesta terça-feira (29), a possibilidade de que uma falha durante o voo possa ter ocorrido, ainda que a aeronave estivesse com o sistema totalmente operacional depois de passar por um processo de manutenção no dia anterior ao acidente.

“O avião tinha acabado de passar por um processo de manutenção na noite anterior na nossa base principal em Ribeirão Preto. Ele saiu do pernoite, foi a Guarulhos, foi a Cascavel e estava retornando a Guarulhos. O sistema estava totalmente operacional. Ele pode, porventura, ter uma falha? Pode. Mas existem os procedimentos para tudo isso ser executivo caso essa falha aconteça antes da partida ou durante o voo” – explicou o executivo.

Na audiência, José Felício foi questionado principalmente sobre o funcionamento do sistema de degelo da aeronave. No relatório preliminar, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apontou que os pilotos citaram problemas no sistema no início do voo, mas destacaram que a tripulação não declarou emergência. O relatório confirma que o piloto da aeronave da Voepass não declarou emergência para fazer um pouso alternativo por causa da formação de gelo na asa do avião. Em situações adversas, o piloto tem autonomia para descer de nível, por exemplo, e com uma temperatura externa mais elevada, evitar o problema.

O presidente da Voepass afirmou aos parlamentares que não iria especular sobre os motivos que levaram ao acidente, em respeito aos familiares das vítimas. Ele lembrou que os pilotos tinham treinamento para voos em condições de gelo. Segundo José Felicio, desde o acidente, a empresa passou por mudanças de executivos e revisou procedimentos internos.

“As causas específicas do que ocorreu, o Cenipa vai poder trazer de uma forma concreta, se o sistema de manutenção ou fatores humanos ou da aeronave ou o que quer que seja, ou múltiplos fatores. A empresa está neste momento totalmente empenhada e colaborativa e ativa ao longo desse processo. Enquanto não tivermos todas as respostas do que houve, nós não iremos descansar”.

O relatório final do Cenipa deve ser concluído em um ano. Os relatórios de investigação não apontam culpados, mas o conjunto de fatores que levaram ao acidente. A Polícia Federal (PF) também apura as razões do acidente. Nesse caso, há sim a possibilidade de se apontar culpados e diligências.

A queda da aeronave, que saiu de Cascavel (PR) e iria para Guarulhos (SP), não deixou sobreviventes. O ATR-72 tinha 57 passageiros e 4 tripulantes a bordo.

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