Escritora de Taquara é finalista de prêmio estadual com seu primeiro livro

Ser indicada a um dos principais prêmios da literatura rio-grandense com o seu primeiro livro. Foi isso que conseguiu a escritora de Taquara Ana Baldo Belchior da Rosa com o romance “Tem que fazer uma cruz pra ela”, lançado em novembro do ano passado e que está concorrendo ao Prêmio Literário de 2024, da Academia Rio-Grandense de Letras. A entrega do troféu aos vencedores de cada categoria será entregue na próxima quinta-feira (12) às 19h, em Porto Alegre, no auditório do Book Hall, no Bourbon Shopping Country.

SAIBA MAIS: VÍDEO: Alertas do Inmet indicam risco de ventos de até 100km/h, alagamentos, granizo e estragos no Sul do Brasil

Ana Baldo e seu livro que concorre a prêmio estadual de literatura | abc+



Ana Baldo e seu livro que concorre a prêmio estadual de literatura

Foto: Divulgação

“Ser uma das finalistas de um prêmio sério e com tradição como o da Academia Rio-Grandense de Letras é uma forma de reconhecimento da obra. Estar ao lado de dois grandes nomes da literatura, vencedores e finalistas de outros grandes prêmios nacionais, com meu livro de estreia (o primeiro que escrevi na vida) é, de fato, algo marcante”, comenta Ana, que é a única escritora da região na disputa.

O livro aborda a existência dos campos de concentração que foram construídos no Ceará durante a seca de 1932, por meio de uma ficção onde o protagonista vive as experiências relatadas por sobreviventes e familiares de quem passou pela situação dos retirantes. “Muitas vezes, ao tratarmos do tema dos campos de concentração, nos deixamos levar aos campos nazistas. Mas no Brasil, tivemos essa experiência antes mesmo da Segunda Guerra Mundial”, destaca.

E a indicação gera uma vontade ainda maior de continuar a escrever, segundo palavras da autora, que agradece o reconhecimento pelo trabalho realizado e que isso deve ampliar a visibilidade da obra, atraindo mais leitores. “É combustível para que não desistamos da literatura nacional”.

CONFIRA: Veja como ficou o sorteio dos grupos do Mundial de Clubes 2025

Origem do tema do livro

Ana, que também é historiadora, comenta que sempre teve interesse em assuntos que abordavam a segregação e a desigualdade social, mas que, durante uma leitura, o tema surgiu. “(Lendo a) Geografia da Fome, de Josué de Castro, me deparei com a região nordeste. Como o livro é da década de 1940, decidi pesquisar sobre como a região estava nos dias atuais”, sendo nesta etapa o encontro de matérias sobre os campos de concentração. “Em 1932, a experiência aumentou a ponto de termos 7 campos no decorrer da linha férrea que cruza o estado do Ceará, campos esses que foram construídos de modo que pudessem ser destruídos sem deixar vestígios assim que a seca acabasse”, destaca.

Desta forma, Ana deseja dar mais voz a esse período histórico brasileiro, que ela considerada apagada pelo governo e burguesia da época. “A história oficial não retrata essa parte de nossa memória nacional. O tema começou a surgir recentemente através de ativistas cearenses que tinham e tem o propósito de trazer à tona essa verdade histórica, aos quais eu me junto na tentativa de revelar esses fatos”.

ENTENDA: Estrada alternativa que liga Gramado a Canela terá novo bloqueio

A luta pela atenção em conteúdos longos

Apesar de ser seu primeiro livro, Ana entende que o fato das pessoas passarem mais tempo nas redes sociais é um obstáculo para que sua obra tenha o alcance planejado. Mas acredita também que sejam excelentes canais para a divulgação do seu trabalho em larga escala. “Diria que persistência poderia ser sinônimo de ser escritor hoje em dia. Entretanto, algumas batalhas devem ser travadas e seguir acreditando que a literatura tem o poder de fazer os leitores e leitoras questionarem e refletirem sobre a realidade é uma delas”, avalia.

VEJA TAMBÉM: DEZEMBRO VERMELHO: Os motivos para tratar sexo com camisinha como prioridade

O prêmio

Na categoria em que está, Ana possui dois adversários que também buscam a premiação de Romance. São eles “Catálogo de ressentimentos”, de Samir Arrage e “Louças de família”, de Eliane Marques. Ao todo, são 6 categorias com três finalistas cada. No início, eram 163 obras inscritas, restando apenas 18 livros.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.