Bitcoins: Nobel de Economia prevê colapso do mercado de criptomoedas

Criado em 2009, o bitcoin tornou-se um dos ativos mais valiosos do mundo. Apesar disso, economistas famosos têm demonstrado reticência quanto ao futuro das criptomoedas.
As previsões sobre o futuro dos criptoativos se divide entre os entusiastas das inovações tecnológicas e sua aplicação no ambiente do capital e aqueles que veem riscos à estabilidade econômica.
Vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2013, Eugene Fama está na lista de especialistas que demonstram visão cética sobre o futuro desse ativo.
Fama emitiu sua opinião ao participar de um podcast no dia 30/1/2025. Para o economista, as criptomoedas tem um “fim previsível”.
“As criptomoedas são um mistério porque elas infringem todas as regras de um meio de troca. Elas não têm um valor estável real. Elas têm um valor realmente variável”, observou o economista americano, que venceu o Nobel ao lado de Peter Hansen e Robert Schiller pelo trabalho pioneiro em identificar as tendências nos mercados financeiros.
“É o tipo de meio de troca que não deveria conseguir sobreviver. Eu espero que ela estoure, mas eu não posso prever isso. Eu espero que sim, porque se não estourar precisaremos recomeçar toda a teoria monetária”, completou.
Ou seja, para Fama o mercado de bitcoins e de outras criptomoedas é uma bolha que irá estourar em algum momento. A previsão se baseia nas teorias monetárias tradicionais.
O economista acredita que esse colapso do mercado de criptomoedas pode acontecer em até uma década. Eugene Fama considera ser “insustentável” que o sistema financeiro global migre inteiramente para as chamadas redes de blockchain. Isso porque seria preciso uma capacidade computacional enorme.

Outro ponto mencionado pelo economista é a volatilidade das criptomoedas como meio de troca, sem apresentar um valor estável.
O sistema financeiro tradicional tem registrado um crescimento do mercado de criptomoedas. Mas é um mercado que muda constantemente – aspecto que os economistas tradicionais alertam como perigoso.

Em mais de 15 anos de existência, o bitcoin já registrou altas e baixas monumentais, o que, claro, atraiu investidores e especuladores.
Em dezembro de 2024, o Bitcoin avançou acima de 100 mil dólares pela primeira vez. Mas é justamente a alta volatilidade do ativo que gera questionamentos em investidores.
Para se ter uma ideia, em 2017 o Bitcoin chegou a 20 mil dólares pela primeira vez, mas no ano seguinte despencou para 4 mil dólares.
Esses recorrentes ciclos de altas e baixas é que fazem economistas como Eugene Fama não demonstrarem entusiasmo com o mercado de criptoativos.
O Bitcoin, assim como outras criptomoedas, é um ativo descentralizado. Ou seja, ele não é controlado por governos ou bancos centrais.
Inicialmente, a ideia era que ele operasse como uma moeda digital, porém com o passar do tempo passou a ser considerado um ativo especulativo e reserva de valor. Muitos o comparam ao ouro digital.
Em 2021, El Salvador foi o primeiro país do mundo a adotar o bitcoin como moeda oficial de curso oficial ao lado do dólar americano. No anúncio, o presidente Nayib Bukele deu tons épicos para a medida ao dizer que ela iria “revolucionar a economia” local.

Os salvadorenhos passaram a poder pagar impostos em bitcoins, assim como usá-los em comércios e serviços.
No entanto, menos de quatro anos depois, em 29/1/2025, o país centro-americano retirou do bitcoin o status de moeda oficial. A medida foi consequência de condições impostas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional para fazer empréstimo a El Salvador. No pacote de condições do fundo estava reduzir os “riscos do bitcoin”.
Por decisão da Assembleia Legislativa controlada pelo partido governista, o uso ficou restrito a transações entre cidadãos e empresas privadas. Além disso, não há mais obrigatoriedade de se aceitar a criptomoeda.
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