Censo mostra crescimento de regiões descentralizadas em Novo Hamburgo; veja quais bairros aumentaram e diminuíram de população

O crescimento populacional de bairros como Alpes do Vale, Industrial, Lomba Grande e Vila Rosa chama atenção em Novo Hamburgo. Dados do último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que esses foram as regiões que mais aumentaram percentualmente no comparativo entre 2010 e 2022 (veja tabela abaixo). Em contrapartida, Ouro Branco, Primavera e Rincão foram os que mais diminuíram o número de moradores.

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Censo mostra onde Novo Hamburgo cresceu e diminuiu | abc+



Censo mostra onde Novo Hamburgo cresceu e diminuiu

Foto: Débora Ertel/Especial

Apesar de boa parte dos bairros registrarem percentuais de alta ou queda entre 2010 e 2022, alguns não alcançaram uma diferença significativa. Este é o caso de Hamburgo Velho, Boa Vista, Jardim Mauá, Pátria Nova, São José e Rondônia.

A população hamburguense também não variou muito. Em 2010, eram 238.940 mil habitantes e, em 2022, 227.646 mil — uma redução de -4,96%. O levantamento do Censo foi realizado antes da grave enchente de 2024, que pode indicar novos dados preocupantes na próxima pesquisa do instituto.

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Os bairros Santo Afonso e Canudos, considerados os mais populosos e afetados pela cheia, registram pouca variação em sua população: -10,86% em Canudos e -8,35% no Santo Afonso. Contudo, reportagem recente do ABC+ mostrou que o esvaziamento em ambos os territórios é evidente depois que a água invadiu e destruiu diversas residências.

Um exemplo ocorre no beco São Valério, no bairro Santo Afonso. Das 40 casas, cerca de 20 estão desocupadas desde maio do ano passado. A mesma situação é vista em Canudos, onde alguns moradores relataram se sentirem em “uma cidade abandonada”. Esse cenário resulta da migração de moradores para outros bairros ou cidades para reconstruir suas vidas após as perdas causadas pela enchente.

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Revisão do Plano Diretor

Na avaliação do grupo Pensando Novo Hamburgo, que organiza discussões políticas e sociais no Município, a cidade “força” o deslocamento das pessoas para bairros cada vez mais distantes. “Dois fatores são preponderantes: a falta de poder aquisitivo para morar em bairros mais próximos do Centro e os condomínios que ocupam grandes áreas”, pondera a coordenadora do grupo, Rosana Opptiz.

Segundo Rosana, uma alternativa importante para o futuro é rever o Plano Diretor, considerado uma ferramenta urgente para projetar Novo Hamburgo. “Quanto ao Centro, há de se considerar que já não tem atrações que possam movimentar o comércio, principalmente movimentar um turismo atraente”, frisa.

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O principal problema dessa situação é a partida dos moradores para outras cidades. “Novo Hamburgo não tem mais uma identidade de negócios e a diminuição da população se dá pela busca de melhores ofertas, ou seja, melhores possibilidades de vida em outras cidades”, reforça Rosana.

Mudança é percebida pelo mercado imobiliário

Com o crescimento e valorização de algumas regiões em Novo Hamburgo, o mercado imobiliário sente o impacto das mudanças nos negócios. Segundo a gestora de vendas da Tudo Imobiliária, Mara Berndt, o aumento da população em alguns bairros está relacionado a fatores como o desenvolvimento urbano e novos empreendimentos residenciais e comerciais. “Investimentos em loteamentos, condomínios e áreas comerciais impulsionam a demanda por imóveis, tanto para moradia quanto para investimento”, destaca.

Para ela, a pandemia foi o principal motivador para impulsionar o aumento de moradores em bairros como Lomba Grande e Alpes do Vale, impulsionado pela busca por mais qualidade de vida e contato com a natureza. “Já o Vila Rosa, com a chegada de grandes empreendimentos residenciais, tornou-se ainda mais atrativo, ampliando a oferta de imóveis voltados a nichos específicos e de alta demanda, resultando em um crescimento expressivo”, avalia.

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Se por um lado algumas regiões cresceram ou diminuíram, por outro, o Censo Demográfico do IBGE mostrou que alguns bairros não tiveram tanta diferença percentual entre 2010 e 2022, como Hamburgo Velho, Jardim Mauá, Boa Vista, São José e Pátria Nova. Conforme Mara, isso ocorre porque os bairros possuem uma ocupação consolidada e uma valorização estável. “Hamburgo Velho, por exemplo, tem um forte apelo histórico e cultural, o que mantém sua atratividade”, frisa.

Dados como esses são fundamentais para entender tendências de mercado no setor imobiliário. “Bairros em crescimento geralmente apresentam um volume maior de negócios, tanto para venda quanto para aluguel. Essas informações ajudam a direcionar estratégias de negócios e a identificar as áreas com maior potencial de valorização”, explica Mara.

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Por outro lado

Contudo, ainda há imobiliárias que não sentem tanto essa diferença de moradores no rumo dos negócios. “Não existe um padrão [de negócios], hoje o maior volume de vendas é dentro do programa Minha Casa e Minha Vida. O investimento diminuiu muito nos últimos anos, mas ainda temos tudo quanto é tipo de venda”, afirma a gerente de vendas da Morar Bem, Valéria Menezes.

Tranquilidade e contato com a natureza

O bairro Lomba Grande é um dos lugares que está registrando uma crescente no número de moradores. O artista visual Maurício Hilgert, de 33 anos, reside no território desde criança e percebe a urbanização da região. “Vimos esse processo de crescimento de Lomba Grande, sou uma das pessoas que pode dizer que, antes, tudo era mato”, afirma.

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Maurício é morador de Lomba Grande | abc+



Maurício é morador de Lomba Grande

Foto: Letícia Breda/GES-Especial

Para o morador, apesar de ser conhecido pela tranquilidade que um bairro rural pode oferecer, Lomba Grande já apresenta mudanças com o aumento da procura. “O pessoal vem para cá procurando uma certa tranquilidade, mas que também vem se perdendo em relação há anos anteriores, em virtude do aumento da população”, conta.

Atualmente, Hilgert vive em um terreno de sete mil metros quadrados com quatro cachorros e dois gansos. Para ele, Lomba Grande passava um aspecto de “vida interiorana”, até pela distância que o território tinha em relação a outros bairros de Novo Hamburgo. “Vejo que locais que antes eu brincava, acabaram sendo transformados em condomínios residenciais. Com isso, também temos mais ofertas de mercados, farmácias e restaurantes”, frisa.

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Foto: GES

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