Cúpula de Paris: 61 países assinam declaração para uma IA “ética”

Em Paris, 61 países firmaram nesta terça-feira (11/2) uma declaração conjunta durante a Cúpula para a Ação sobre Inteligência Artificial (IA), estabelecendo compromissos para o desenvolvimento de uma IA “aberta”, “inclusiva” e “ética”. Estados Unidos e Reino Unido, importantes atores no cenário tecnológico global, optaram por não aderir ao acordo. Durante o encontro, a presidência francesa anunciou que a Índia será a anfitriã da próxima cúpula internacional sobre o tema.

Os signatários do documento; que incluem a China, a França e a Índia, que co-organizaram o evento, também defenderam um fortalecimento da governança da IA por meio de um “diálogo global” e pediram que se evite uma “concentração de mercado” para tornar essa tecnologia mais acessível.

“Durante a cúpula, foi estabelecida como prioridade a necessidade de desenvolver uma inteligência artificial que seja sustentável tanto para a humanidade quanto para o meio ambiente. Para alcançar esse objetivo, dois marcos importantes foram anunciados: a criação de um observatório, sob comando da Agência Internacional de Energia, que monitorará o impacto energético da IA, e a formação de uma coalizão para IA sustentável, que busca integrar as principais empresas do setor tecnológico.

O presidente francês Emmanuel Macron enfatizou a “necessidade de regras” e de um “contexto de confiança” para acompanhar o desenvolvimento da inteligência artificial. “Precisamos dessas regras para que a IA avance” e “precisamos continuar a promover uma governança internacional da IA”, afirmou Macron no encerramento da cúpula global, realizada no Grand Palais.

Vance alerta contra “regimes autoritários”

Os Estados Unidos e o Reino Unido não assinaram a declaração de princípios sobre a IA, expondo as divisões sobre esse tema. O vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, alertou contra parcerias no setor com “regimes autoritários” e contra uma “regulamentação excessiva” da inteligência artificial, que “poderia sufocar uma indústria em plena ascensão”.

“A América quer se associar a todos vocês”, disse Vance diante de uma plateia de chefes de Estado e líderes do setor de tecnologia, “mas precisamos de regimes regulatórios internacionais que incentivem a criação de tecnologias de IA, em vez de sufocá-las”. “Faremos todos os esforços possíveis para promover políticas pró-crescimento para a IA”, acrescentou.

O governo do Reino Unido citou o “interesse nacional” para explicar sua decisão de não assinar a declaração final da cúpula sobre IA em Paris. “Não se espera que assinemos iniciativas que não consideramos ser de nosso interesse nacional”, disse um porta-voz do primeiro-ministro Keir Starmer. “Não conseguimos chegar a um acordo sobre todas as partes da declaração, mas continuaremos a trabalhar com a França em outras iniciativas”, acrescentou.

Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a União Europeia pretende mobilizar € 200 bilhões para a inteligência artificial. “Será a maior parceria público-privada do mundo para o desenvolvimento de uma IA confiável”, declarou ela durante a cúpula de Paris, referindo-se à aliança chamada “EU AI Champions Initiative”, que reúne mais de 60 empresas.

“Queremos que a Europa seja um dos principais continentes em IA”, acrescentou, destacando que o bloco pretende focar nas “gigafábricas”, destinando um investimento de € 20 bilhões para esse setor.

“Muitas vezes ouço dizer que a Europa está atrasada na corrida, enquanto os Estados Unidos e a China já estão na frente. Eu não concordo. Porque a corrida pela IA está longe de terminar”, concluiu a presidente da Comissão Europeia.

Esta foi a primeira vez que a Cúpula sobre IA foi realizada em um país da União Europeia. Os dois primeiros encontros foram realizados na Coreia do Sul e depois no Reino Unido. Antes do anúncio da declaração final, a França confirmou que a próxima cúpula será realizada na Índia.

“A Índia terá o prazer de sediar a próxima cúpula” sobre inteligência artificial, disse o primeiro-ministro indiano Narendra Modi no encerramento da cúpula sobre IA em Paris.

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