VouPra inicia negociação com credores após justiça negar pedido para suspensão de cobranças

Empresa busca alternativas para quitar dívida de R$ 72 milhões e evitar recuperação judicial (Reprodução do site/VouPra)

De acordo com uma matéria publicada pelo Valor, a VouPra iniciou uma rodada de negociações com credores para conseguir sair de uma crise decorrente da disparada do dólar contra o real. Segundo fontes, a empresa tem cerca de R$ 72 milhões em débitos atualmente. Deste total, R$ 60 milhões são da HotelBeds, – destes, R$ 12 milhões representam pagamentos de ingressos em atraso.

A empresa havia protocolado um pedido de tutela cautelar na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central Cível da Comarca da Capital do Estado de São Paulo, no dia 29 de janeiro, para conseguir suspender a cobrança de dívidas e ganhar mais tempo para negociar com credores. O pedido, entretanto, foi negado pela Justiça no dia 31, que demandou a apresentação de mais documentos.

Também no dia 31 de janeiro, um dos seus maiores fornecedores, a HotelBeds, suspendeu cerca de 16 mil ingressos aos parques temáticos já vendidos, o que deixou muitos clientes ‘no escuro’.

Fontes explicaram que a crise na VouPra chegou diante de um descasamento entre o valor de venda do pacote e o montante a ser pago para a parceira. A VouPra vende os pacotes antecipadamente e em real (parte significativa das vendas são parceladas em vários meses), ao passo que o pagamento ao parceiro é feito em dólar no dia que o cliente usa o ingresso.

A HotelBeds, além de cancelar os ingressos, decidiu suspender o acordo firmado com a VouPra na semana passada. Cerca de 90% do volume operado pela VouPra passa pela plataforma da empresa espanhola. A VouPra fechou 2024 com vendas na casa de R$ 350 milhões, segundo fontes.

A empresa está agora com uma mediação aberta em uma câmara privada em São Paulo para negociar com cerca de oito credores. A primeira reunião está marcada para a próxima quarta-feira, dia 12.

De acordo com fontes ligadas à VouPra, as negociações envolvem renegociação de prazos, redução de juros e possíveis descontos sobre os valores devidos. “Estamos empenhados em encontrar um caminho viável para manter nossa operação e honrar os compromissos com nossos clientes”, afirmou um porta-voz da empresa.

Em nota, a VouPra disse que ingressou com medidas judiciais e extrajudiciais para um procedimento de mediação com os credores, “inclusive o fornecedor em questão [HotelBeds], com o objetivo de negociar diretamente e evitar a necessidade de uma recuperação judicial”, disse. Os responsáveis pelo processo da VouPra são os escritórios Galdino Advogados e Menezes Niebuhr.

Em nota, a HotelBeds disse que tinha uma relação comercial com a YSA Operadora (empresa do grupo Ysa Participações, dona da VouPra), que foi formalmente encerrada devido ao que chamou de “persistente falta de pagamento” por parte da agência.

A VouPra ainda não divulgou detalhes sobre um possível plano de reestruturação, mas informou que continua operando normalmente e mantendo o atendimento a clientes que já adquiriram pacotes de viagem.