HÁ VINTE ANOS – Freira norte-americana é assassinada no Pará

A missionária norte-americana Dorothy Stang, de 73 anos, quarenta deles morando no Brasil, foi morta a tiros hoje por um pistoleiro em Anapu, no sudoeste do Pará. Ela estava marcada para morrer há mais de quatro anos por fazendeiros e madeireiros da região. Por diversas vezes ela denunciou as ameaças à polícia, mas não recebeu qualquer tipo de proteção.

O assassino se infiltrou entre os trabalhadores liderados pela missionária, caminhava a seu lado por uma trilha na mata a 50 quilômetros da sede do município, chegou a trocar algumas palavras com ela, para em seguida sacar a arma e atirar.

Dorothy iria participar de uma reunião com técnicos do Incra que fazem demarcação dos lotes destinados aos agricultores pelo governo federal. O pistoleiro, reconhecido por várias testemunhas, fugiu após o crime. No final da manhã, o corpo foi resgatado por policiais civis e militares de Altamira e levado para a cidade de Anapu, onde está sendo velado.

O procurador-chefe da República no Pará, Ubiratan Cazetta, disse ao Estado estar chocado com o assassinato. Ele pediu ao superintendente da Polícia Federal no Pará, delegado José Sales, para acompanhar as investigações.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que participava de uma reunião com agricultores e ribeirinhos da reserva extrativista Verde Para Sempre, em Porto de Moz, no sudoeste paraense, suspendeu o encontro e viajou às pressas para Anapu. Ela se declarou perplexa e indignada com o crime.

Há quatro anos a missionária vinha denunciando às autoridades do Pará as ameaças que sofria de fazendeiros e madeireiros da região de Altamira. Mas, ao invés de receber proteção, foi indiciada pela polícia, que a acusou de fornecer armas e comida para um grupo de trabalhadores rurais envolvidos na morte de um segurança que prestava serviço a um fazendeiro de Anapu, no ano passado.

 

(Publicado aqui em 12 de fevereiro de 2005)

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