O que explica a saída de capital estrangeiro no Brasil, segundo especialista da Fami Capital

Os desafios fiscais, combinados com uma Selic elevada e a expectativa de uma inflação mais alta em 2025, têm impactado negativamente o sentimento dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil. De acordo com o Banco Central (BC), em 2024, o fluxo de capital externo ficou negativo em R$ 32,108 bilhões.

Para  Adriano Delfino, CFA, sales de renda variável na Fami Capital, a deterioração do cenário iniciou quando o mercado criou a expectativa de que, em novembro de 2024, o governo anunciaria ajustes fiscais significativos para cumprir as metas de resultado primário nos anos seguintes. No entanto, a proposta apresentada — que incluiu o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e um corte de R$ 70 bilhões — gerou dúvidas sobre sua efetividade, levando parte dos investidores a considerar que o impacto fiscal poderia ser neutro.

Para custear o aumento da faixa de isenção do IRPF para R$ 5 mil, o governo também anunciou uma taxação maior para quem acima R$ 50 mil por mês, movimento que, segundo o especialista, ampliou o fluxo de saída de capital estrangeiro, pressionando o câmbio e elevando a cotação do dólar.

“Além disso, a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil aumenta a propensão ao consumo, desancorando ainda mais as expectativas de inflação, já pressionadas pelo atual nível de desemprego”, afirma Delfino.

Com as projeções do mercado apontando que a dívida pública pode atingir 90% do PIB em 2027, estima-se que o governo deveria realizar cortes em linha de R$ 300 bilhões para estabilizar a alta da dívida pública. No entanto, a elevada carga tributária — a maior da América Latina — torna o governo mais relutante em buscar um aumento da arrecadação.

A combinação de um câmbio depreciado e expectativas inflacionárias em alta pressiona o Banco Central a realizar novos ajustes positivos na Selic, que, segundo o relatório Focus do Banco Central, pode encerrar o ano a 15% a.a. No entanto, caso o governo implemente um ajuste fiscal eficaz, as taxas futuras podem recuar.

“Realizados os ajustes, a curva de juros precificaria menos prêmio de risco, aliviando o custo da dívida (déficit nominal menor) e diminuindo a necessidade de aperto monetário”, explica o especialista.

No cenário externo, a nova administração de Donald Trump nos Estados Unidos tem sinalizado medidas protecionistas, incluindo tarifas mais altas para diversos países como forma de conter a imigração ilegal. Além disso, investimentos em tecnologia, especialmente em Inteligência Artificial, podem contribuir para um ambiente de maior inflação global no futuro.

Diante de um ambiente global competitivo, o Brasil precisará equilibrar suas vulnerabilidades internas e as adversidades externas para atrair de forma consistente o capital estrangeiro. O ano de 2025 promete ser um período de desafios e oportunidades para a economia do país.

Como o investidor pode se posicionar diante deste cenário?

Apesar dos desafios macroeconômicos, Delfino destaca que ainda há boas oportunidades no mercado.

“Para investidores de longo prazo, existem empresas brasileiras de qualidade e pagadoras de dividendo sendo negociadas a um valuation bem atrativo”, afirma. “É preciso fazer uma seleção das empresas que conseguem atravessar por esse cenário conturbado de juros altos, mantendo um bom retorno sobre o capital investido acima do custo de capital.”

Na renda fixa, o especialista aponta que há títulos de crédito privado oferecendo taxas superiores a 20% ao ano. No entanto, ele alerta para a necessidade de cautela, já que o elevado custo do capital pode dificultar a rolagem ou captação de novas dívidas pelas empresas. O importante, neste caso, é construir uma carteira bem diversificada.

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