Brasileiros que venderam a íris para empresa por R$ 600 se arrependem; entenda o que aconteceu

Erros no aplicativo, falta de suporte e dinheiro não recebido. Essas são algumas das reclamações feitas por brasileiros que decidiram vender a imagem da íris para uma empresa norte-americana, no início deste ano, em troca de dinheiro.

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Orbs usadas pela empresa estavam instaladas em mais de 30 partes de São Paulo, no Brasil | abc+



Orbs usadas pela empresa estavam instaladas em mais de 30 partes de São Paulo, no Brasil

Foto: Redes Socias/Reprodução

A startup dona do projeto é a World, de Sam Altman, CEO da companhia OpenAI, a mesma que está por trás do ChatGPT. Ela instalou Orbs, usadas para coletar a imagem da íris, em mais de 30 locais de São Paulo. Em troca da foto, foi prometido até R$ 700, mas em criptomoedas chamadas Worldcoin.

A íris de cada pessoa é única e, portanto, funciona como uma forma de identificação por biometria, como as digitais. Segundo a startup, o objetivo do projeto era coletar as informações para distinguir as pessoas reais de bots feitos de inteligência artificial (IA) no futuro.

As Worldcoins deveriam ser liberadas dentro de 24 horas, em um aplicativo chamado World App, onde o usuário deveria se cadastrar no momento da identificação. Com a conta feita, eles poderiam vender as moedas por até R$ 700. Mas não foi o que aconteceu.

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“Acabei perdendo minha conta e meu dinheiro”

Um dos relatos mais comuns feitos por brasileiros é a dificuldade em usar o app, onde os pagamentos são gerenciados. Em entrevista ao portal g1, uma mulher afirmou ter tentado contato pelo chat do app por diversas vezes, mas não obteve sucesso. Ao ir pessoalmente onde vendeu a íris, ouviu que a conta poderia ter sido banida por “atividade suspeita”. “Acabei perdendo minha conta e meu dinheiro”, disse ela.

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A experiência dela não é única. Algumas pessoas, inclusive, não chegaram a receber o dinheiro por erros no aplicativo que nunca foram solucionados, outras perderam o acesso à conta e foram informados que não havia como recuperá-la, já que não há como repetir a verificação. Outros nem mesmo conseguiram entrar no app. 

Há relatos também de valores muito abaixo do prometido pela empresa. Embora, na época em que vídeos viralizaram ao mostrar a novidade, as wordcoins valessem até R$ 700, usuários relataram que a empresa pagaria R$ 600 em prestações, que muitas vezes não aconteceram. Um homem chegou a ter apenas pouco mais de R$ 24 na conta.

Quanto às reclamações, a World afirmou não ser capaz de dizer com exatidão quantos usuários, no total, estão insatisfeitos com o projeto. Ainda segundo a startup, isso acontece por conta da natureza anônima do processo.

A companhia também reiterou que os colaboradores, que estão atuanado nos pontos onde estão as Orbs, são treinados apenas para explicar a tecnologia utilizada na coleta das imagens da íris e não possuem habilidades para solucionar problemas enfrentados pelos usuários.

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Empresa suspensa 

Nesta terça-feira (11), a World anunciou a suspensão de novos registros no Brasil. A decisão aconteceu após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) ordenar a interrupção da compensação financeira pela coleta da biometria, por ferir a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

A ANPD, ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, destacou que muitos participantes demonstram desinformação sobre “os riscos envolvidos e o propósito da coleta”. Além disso, o órgão exigiu que a World nomeasse um encarregado pelo tratamento de dados pessoais no Brasil, conforme estipulado pela LGPD.

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Brasileiros que venderam íris podem processar empresa

Advogados alertam que a empresa pode estar infringindo direitos do consumidor com suas práticas, e usuários têm a opção de entrar com ações judiciais contra a World. Além disso, os brasileiros que se sentirem prejudicados também têm o direito de contestar judicialmente o contrato que foi estabelecido entre eles e a Tools for Humanity, empresa responsável pela operação da startup.

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) também está analisando as questões levantadas pelos usuários.

*Com informações do g1

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