Duas cidades do ES tiveram secura parecida com a do deserto do Saara

“Duas cidades do Espírito Santo tiveram baixa umidade relativa do ar, em 5 de fevereiro de 2025. Venda Nova e Alegre apresentaram um registro de 13% e 18%. A umidade relativa do ar no deserto do Saara, no máximo, chega a 20%. Então, cidades capixabas estão com umidade relativa do ar de deserto”.

As palavras são do presidente da ONG Juntos SOS ES, Eraylton Moreschi Junior, que usou a Tribuna Popular da Assembleia Legislativa, na última quarta-feira (12), para mostrar números preocupantes relacionados ao clima e meio ambiente do Estado. Na ocasião, Moreschi sugeriu a criação de uma comissão permanente na Casa de Leis para tratar de mudanças climáticas.

Ele mostrou dados que mostram o efeito das mudanças em solo capixaba. Em 31 de janeiro, por exemplo, duas cidades do Espírito Santo estiveram entre as seis mais quentes do país. “Alfredo Chaves ficou em segundo lugar e Marilândia ficou em sexto lugar com 36,2° e 35,7°”, apontou o ambientalista, salientando que estudos mostram que em 20 anos, 50 mil pessoas morreram no Brasil por causa do calor extremo.

“O maior especialista brasileiro em ciência ambiental e mudanças climáticas, Carlos Nobre, alerta a todos que o aumento das temperaturas de um grau será ultrapassado dentro daquilo que foi estabelecido até 2050. Então, as ações são necessárias e urgentes para que se implantem, o mais rápido possível, medidas de mitigação dos impactos e de contenção dos gases de efeito estufa”, acrescentou.

Seca e alagamentos

Moreschi apresentou notícias alertando sobre fortes chuvas e períodos de estiagem para ilustrar a situação no Espírito Santo. “Também estamos acostumados a ver, diariamente nas mídias sobre meteorologia, que o Espírito Santo recebe anúncio de chuvas fortes e inundações”, afirmou.

“O Espírito Santo tem mais de mil pessoas fora de casa após semana de chuva forte, no dia 11 de janeiro. Retornando ao ano passado, 2024, setembro, seca no Espírito Santo, segundo Incaper, 50 municípios passaram de seca fraca para seca moderada. Setenta e oito municípios do Espírito Santo enfrentaram alguma situação de seca em 2024, mês de julho, (dia) 25”, ilustrou o convidado.

“Temos visto em Vitória, nesses últimos dias, áreas que estão sendo cimentadas em vez de se usar a política das cidades esponja. Estamos fazendo o caminho contrário. E Vitória, como sabem, tem alagado em várias horas desde o mês de janeiro. Também, outra coisa que sugerimos ao governo do Estado é a implantação de áreas de reservação de água de chuva, para a reutilização dos municípios”, sugeriu.

Pó preto

Habitual frequentador da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa (Ales), Moreschi também comentou sobre o tema que é mais recorrente em suas falas no colegiado: o pó preto.

“Também não poderíamos esquecer de falar do grande vilão ambiental do Espírito Santo, o pó preto. Pó preto que, no ano de 2024, teve um aumento significativo em relação ao ano de 2023. E o pior de tudo, os números de 2024 são maiores, muito maiores que os números de 2018, quando foram assinados os Termos de Compromisso Ambiental (TCA) 35 e 36, com as empresas Vale e ArcelorMittal”, avaliou.

A apresentação do tema na Tribuna Popular foi uma sugestão do deputado Gandini (PSD). O parlamentar também comentou a situação do pó preto. “Importante levantar esse assunto, você falou que nossa principal mazela é o pó preto e realmente eu acredito que, principalmente para a Grande Vitória, essa é a principal mazela ambiental”, opinou.

“É um assunto superimportante, que a gente sabe que precisa ser resolvido, ou com mudança de tecnologia, ou com investimento de fato que precisa ser feito, a gente sabe o quanto essas empresas estão gastando aí por desastres, por falta de cuidado que tiveram com o meio ambiente, e a gente poderia estar agindo preventivamente, não maltratando a vida dos capixabas. Diminuindo inclusive a expectativa de vida dos capixabas, porque a poluição diminui a expectativa de vida, isso é comprovado mundialmente e a gente precisa ter uma solução para esse assunto”, concluiu Gandini.

Comissão permanente

Falando em nome da ONG, Moreschi sugeriu aos parlamentares a criação urgente de uma comissão permanente de mitigação dos impactos das mudanças climáticas. “Porque as mudanças climáticas não são temporárias, elas serão agora eternas, uma condição de convívio de todos os cidadãos e todos serão impactados pelas mudanças climáticas. Então, esta Casa com certeza tem que ter uma comissão permanente para a mitigação dos impactos da poluição feita pelas mudanças climáticas e poluição”, sugeriu.

As deputadas Iriny Lopes (PT) e Camila Valadão (Psol) concordaram com Moreschi a respeito da criação da comissão. “Se a gente considera os períodos de seca, todos os anos é aquela insegurança, principalmente em relação à Região Norte. Se a gente considera as chuvas, a gente acompanhou o que foram as chuvas agora durante o mês de janeiro e, junto com isso, aquela sensação de extrema insegurança, levando em consideração os impactos disso para a vida das pessoas, do ponto de vista econômico, inclusive do ponto de vista de risco da vida mesmo”, pontuou Camila Valadão.

“Existe a necessidade de a gente ter um espaço permanente. (…) Acho que esse é um tema que a gente precisa pensar em como resolver. Se não for uma comissão permanente no formato, como nós temos as permanentes aqui da Assembleia, que pudesse ser uma comissão mista, que juntasse presidência da Comissão de Meio Ambiente, Direitos Humanos, enfim, das áreas mais próximas desse debate. Eu acho que esse é um tema que a gente pode seguir pensando como implementar”, sugeriu a deputada.

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