Mudança no tempo deve minimizar problema da falta de água em Novo Hamburgo

A sequência de dias com temperaturas próximas e até acima de 40°C tem provocado aumento expressivo no consumo de água em Novo Hamburgo, impactando nos reservatórios e no abastecimento. A Comusa – Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo alerta a população para o uso consciente do recurso, priorizando necessidades essenciais, como alimentação e higiene pessoal.

Diretor da Comusa, Paulo Kopschina | abc+



Diretor da Comusa, Paulo Kopschina

Foto: Tatiane Lopes/CMNH

O diretor-geral da Comusa, Paulo Kopschina, explica que apesar dos investimentos na ampliação da captação e tratamento de água, o consumo tem aumentado consideravelmente devido às altas temperaturas. “Esperamos que, com as chuvas registradas na terça e quarta-feira e a diminuição do calor intenso, possamos equilibrar o fornecimento”, projeta.

Para exemplificar como o calor tem influenciado no consumo, o diretor técnico da Comusa, Neri Chilanti, cita que só no mês passado o consumo de água na cidade aumentou 16% em relação a janeiro de 2024. Conforme Chilanti, para abastecer o município todo é necessária a distribuição de 860 litros de água por segundo, mas a capacidade efetiva tem sido de apenas 696 litros por segundo. “Nosso maior desafio é trazer a água do rio até a estação de tratamento, o que seria solucionado com conclusão das obras da nova adutora de captação de água bruta”, explica. “Nosso compromisso é garantir que no próximo verão não falte água”, conclui Chilanti.

Mudança no tempo vai ajudar

Segundo Kopschina, a falta de água generalizada na cidade ocorreu entre a noite de terça-feira (11) e a madrugada de quarta(12). Antes disso, a autarquia realizava um “manejo nos reservatórios para garantir a distribuição”, interrompendo o abastecimento de forma controlada na madrugada. Com a redução da temperatura, a expectativa é de que não seja mais necessário adotar essa medida. “Sentimos muito por essa situação, mas não tivemos alternativa”, lamenta.

Até o momento, a Comusa não prevê a aplicação de multas para coibir o uso excessivo de água, mas reforça o pedido de colaboração dos moradores. “Faremos um apelo forte para que a população nos ajude informando sobre vazamentos e adotando um consumo racional”, destaca Kopschina. A expectativa é que o início do ano letivo contribua para a redução do consumo.

Joceleia critica vazamento em meio à falta de água constante | abc+



Joceleia critica vazamento em meio à falta de água constante

Foto: Bruna de Bem/GES-Especial

Nos bairros, população reclama

As reclamações sobre falta de água partem de muitos pontos da cidade, como nos bairros Operário, São Jorge, Boa Saúde e Canudos. Moradora do São Jorge, Joceleia da Silva, 55 anos, tem notado nas duas últimas semanas a falta de água durante toda a madrugada. “Faltou água toda a noite por volta das 23h, e só de manhã, pelas 5h, ela volta. São muitos dias assim, antes não acontecia e moro aqui há 25 anos”, observa.

Para piorar a situação, na manhã desta quarta-feira, a dona de casa avistou um vazamento de água em sua calçada. “Avisamos a Comusa de manhã e até a tarde não vieram olhar. É uma pena esse desperdício ao mesmo tempo em que está faltando água”, reclama ela, que mora na Rua Pedro José Tres.

Pelo bairro Boa Saúde, a situação é a mesma. Os vizinhos têm notado o desabastecimento durante a madrugada e, pelas manhãs, o retorno com uma vazão mais forte que entope as tubulações. “Ficamos sem água a noite toda e de manhã, ao acordar, ela já voltou”, explica o empresário Rogério Wachileske, 54, morador da Rua Santo Dias da Silva. Em Canudos, a comerciante Mara Oliveira, 55, já percebe as consequências dessa falta de água rotineira. “A água volta de manhã com muito cloro. Isso acontece há vários dias”, conta a moradora da Rua Uruguai.

Mara também reclama da situação | abc+



Mara também reclama da situação

Foto: Bruna de Bem/GES-Especial

Diretor da Comusa confirma que revisão é necessária para investimentos essenciais

Kopschina esteve ontem na sessão da Câmara de Vereadores, onde falou, também, sobre a revisão de 25,52% na tarifa da Comusa, que entrou em vigor neste mês. Ele enfatizou que o aumento é necessário para garantir os investimentos essenciais visando à universalização do tratamento de água e esgoto e ao pagamento de outros investimentos já realizados ou em andamento pela autarquia até 2033.

Além disso, Kopschina destaca a importância de quitar a dívida histórica com a Corsan, acumulada ao longo de mais de 25 anos. “No total, os principais custos mensais são na ordem de R$ 7,8 milhões, com uma sobra para investimentos de R$ 1,3 milhão”, explicou.

Diretor-geral da Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento do Rio Grande do Sul (Agesan-RS), que aprovou a revisão, Demétrius Gonzalez, também esteve presente e alertou que “mesmo com a revisão de 25,52%, caso não reduzam custos e não busquem eficiência, a Comusa quebrará em meados de 2026”.

Proponente da convocação, vereadora Professora Luciana Martins criticou o percentual de reajuste e citou o ex-diretor da Comusa, Márcio Lüders, citando artigo publicado por ele nos jornais do Grupo Sinos de ontem. “Lüders fala em seu texto que o aumento da água é decisão de governo, e nós temos consenso em relação a isso. Quero reafirmar aqui nesta tribuna que, se temos um aumento, uma revisão tarifária de mais de 25%, é porque a atual administração fez essa opção”, reforçou.

*Colaborou: Bruna de Bem

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