“Pode ser uma carta”: Polícia revela que havia manuscritos na cela onde Deise Moura dos Anjos foi encontrada morta

Alerta: a reportagem abaixo trata de temas como suicídio. Se você está passando por problemas, veja ao final do texto onde buscar ajuda.

Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, foi encontrada morta, na manhã desta quinta-feira (13), na cela em que estava na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba. Ela é suspeita de matar familiares envenenados com arsênio misturado a alimentos.

Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba | abc+



Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba

Foto: Polícia Penal do RS

Detida desde 5 de janeiro deste ano, ela havia sido transferida do Presídio Estadual Feminino de Torres há cerca de uma semana.  

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Segundo a Polícia Penal, ao entrarem na cela de Deise para conferência matinal, agentes penitenciárias se deparam com a situação. O fato aconteceu antes das 8 horas.

Titular da Delegacia de Polícia Civil de Guaíba, a delegada Karoline Calegari, responsável pela investigação, aponta que a mulher foi encontrada enforcada, mas ainda com pulsação. A médica da unidade prisional realizou os primeiros socorros e acionou o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), que constatou o óbito durante o atendimento no local.

Deise estava sozinha na cela por estar presa temporariamente. “Estava sozinha porque ela era uma presa temporária, que não fica junto com outras presas do estabelecimento prisional”, explica Calegari.

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A suspeita, até o momento, é que Deise tenha tirado a própria vida. Conforme a delegada, um dos elementos que corroboram para esta hipótese é o suposto pedido de separação que o marido dela teria feito na quarta-feira (12).

“Se tem informação preliminar, ainda não confirmada, de que ontem ela chegou a entregar a aliança porque o esposo teria pedido separação. Então os elementos preliminares apontam mesmo para o suicídio”, ressalta.

Ainda, foram encontrados papéis na cela de Deise onde, a princípio, ela teria escrito textos. O conteúdo, contudo, não pôde ser analisado pela Polícia neste momento. “Há manuscritos na cela de contenção que os agentes policiais não puderam verificar ou se aproximar para não prejudicar o trabalho pericial, que podem ser uma carta, que parecem um escrito feito por ela mesma.”

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Os próximos passos da investigação, detalha a delegada, incluem ouvir todos os envolvidos, verificar câmeras de monitoramento e aguardar o resultado da perícia.

Onde buscar ajuda

Se você está passando por sofrimento psíquico ou conhece alguém nessa situação, veja abaixo onde encontrar ajuda:

Centro de Valorização da Vida (CVV)

Se estiver precisando de ajuda imediata, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço gratuito de apoio emocional que disponibiliza atendimento 24 horas por dia. O contato pode ser feito por e-mail, pelo chat no site ou pelo telefone 188.

Canal Pode Falar

Iniciativa criada pelo Unicef para oferecer escuta para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. O contato pode ser feito pelo WhatsApp, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.

SUS

Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) voltadas para o atendimento de pacientes com transtornos mentais. Há unidades específicas para crianças e adolescentes.

Mapa da Saúde Mental

O site traz mapas com unidades de saúde e iniciativas gratuitas de atendimento psicológico presencial e online. Disponibiliza ainda materiais de orientação sobre transtornos mentais.

O caso do bolo envenenado

Três pessoas de uma mesma família morreram após consumirem um bolo natalino feito por Zeli Teresinha dos Anjos, 61, sogra de Deise, no dia 23 de dezembro de 2024. Ao todo, seis pessoas comemoram o doce durante uma confraternização familiar no apartamento de uma das vítimas, em Torres. Todos passaram mal pouco tempo depois.

Naquele dia, Zeli perdeu duas irmãs, Neuza Denize Silva dos Anjos, 65, Maida Berenice Flores da Silva, 58, e a sobrinha Tatiana Denize Silva dos Anjos, 43, filha de Neuza.

A sogra de Deise ficou internada até o dia 10 de janeiro, quando recebeu alta hospitalar. Além dela, o filho de Tatiana, também ficou no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, mas acabou liberado no dia 3 de janeiro. Um homem também teve alta após atendimento médico ainda na data do envenenamento.

Inicialmente, a Polícia Civil trabalhava com duas hipóteses: de envenenamento e de intoxicação alimentar. A segunda hipótese, entretanto, foi descartada assim que as análises preliminares apontaram para a presença de arsênio no bolo.

Deise era suspeita de envenenar os produtos utilizados pela sogra. As investigações também a apontavam como causadora da morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro do ano passado. O corpo dele foi exumado após pedido da Polícia Civil, que detectou presença de arsênio, mesma substância encontrada no bolo, nas entranhas do idoso.

O marido e o filho de Deise também teriam sido envenenados após consumirem um suco preparado por ela.

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