“Esperança que seja um ano melhor”: escolas estaduais retornam às aulas em Canoas

Água até o teto e materiais perdidos são cenários que as escolas querem deixar no passado neste início de ano letivo. Nesta quinta-feira (13), foi a vez das 36 instituições estaduais de ensino fundamental e médio retornarem às atividades escolares em Canoas, após o adiamento em razão da onda de calor.

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Estudantes do Colégio Tereza Francescutti estão realocados na EEEM São Francisco de Assis



Estudantes do Colégio Tereza Francescutti estão realocados na EEEM São Francisco de Assis

Foto: Paulo Pires/GES

Mas duas delas ainda precisam encarar as consequências do desastre climático. A Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) São Francisco de Assis e o Colégio Estadual Tereza Francescutti, no bairro Mathias Velho, funcionam no mesmo endereço. O Tereza, como é chamado por professores e alunos, teve suas estruturas comprometidas durante a enchente, em maio do ano passado. O colégio aguarda licitação das obras e deve retornar apenas em 2026.

Enquanto isso, os cerca de 600 alunos ficam no primeiro andar e os 480 do São Francisco de Assis, no segundo piso. A instituição, com suas paredes nas cores laranja e azul, está dividida para abrigar todo mundo, de acordo com a diretora da escola, Alessandra Luiz Lemes. “Conseguimos adaptar bem, dentro do possível. Os horários de intervalo são diferenciados, uma secretaria é independente da outra, as cozinhas também são divididas”, explica.

Alessandra assumiu o cargo no início do ano, junto com o professor Laerte Ferraz da Silva como vice-diretor, com a expectativa de melhor o ensino e a aprendizagem. “Queremos melhorar o nosso desempenho no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]. Nossa meta é que os alunos saiam da escola com um aprendizado efetivo.”

“Mas a nossa escola é a nossa escola”

O foco no desenvolvimento dos estudantes também deve guiar a atuação da direção do Tereza. Segundo a diretora do colégio, Maola Vargas Raschcowetzki, todos estão sendo bem recebidos. “A expectativa é grande para esse ano, de que seja produtivo no ensino e na aprendizagem. Todas as salas têm ventilador e os bebedouros estão funcionando. Esse ano, já recebemos uma professora de reforço em português e vamos receber uma de matemática”, afirma.

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Cada instituição tem a sua cozinha e os horários do intervalo são diferentes



Cada instituição tem a sua cozinha e os horários do intervalo são diferentes

Foto: Paulo Pires/GES

As estudantes do segundo ano Yasmin Silva e Isadora Souza, ambas de 15 anos, estão com uma boa expectativa para o ano letivo, mas sentem falta do próprio colégio. “É tudo diferente até porque a escola é longe da nossa casa. Mudou muita coisa, as regras principalmente. Mas a nossa escola é a nossa escola”, destaca Yasmin. “A escola é boa, é só o ambiente que é diferente”, resume Isadora.

Quem também quer que seja um bom ano é o novo aluno do terceiro ano Matheus Bento da Silva de Paiva, 19 anos, do Colégio Tereza Francescutti. “Ainda estou estranhando, mas a minha expectativa é que seja um ano bom”, conta.

Para incentivar os estudantes, Maola e a vice-diretora, Eliane Costa Nunes da Silva, distribuíram lápis com uma mensagem de boas-vindas em cada uma das salas que ocupam no primeiro andar do São Francisco de Assis. O colégio também recebeu doações do Rotary Club de kits com caderno brochura, lápis de cor, entre outros itens, para ser distribuídos aos alunos do 1º ao 5º ano do fundamental. 

Diretora Maola e vice Eliane mostram o kits que serão entregues aos alunos das séries iniciais do fundamental



Diretora Maola e vice Eliane mostram o kits que serão entregues aos alunos das séries iniciais do fundamental

Foto: Paulo Pires/GES

“Acaba sendo um incentivo para o retorno e um novo recomeço. Esperança que seja um ano melhor, sem intercorrências”, completa a diretora. 

Escola pintada e sem celular no intervalo

Outra instituição que foi muito atingida é a Escola Estadual de Ensino Fundamental Álvaro Moreyra, na bairro Rio Branco. As águas chegaram ao segundo andar da escola, que atende cerca de 450 alunos, em maio do ano passado.

EEEF Álvaro Moreyra foi decorada com balões para receber os alunos



EEEF Álvaro Moreyra foi decorada com balões para receber os alunos

Foto: Paulo Pires/GES

As estruturas foram reformadas com a ajuda de funcionários, pais de alunos e da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), como relata a supervisora Ivanete Buffon de Sousa. “Cada pedaço da escola é a mão de uma pessoa. 80% dos funcionários foram atingidos, mas demos conta das casas e da escola.” A sala de informática e a biblioteca são os únicos espaços que ainda não retornaram às atividades.

Nesta quinta-feira (13), os estudantes foram recebidos por balões e decorações de boas-vindas para celebrar o início de mais um ano letivo. A hora do intervalo, a mais aguardada por muito, será sem a presença dos celular a partir das regras do Estado.

Na Álvaro Moreyra, mesa de ping-pong e pebolim sempre estiveram disponíveis para o estudantes. Além de melhorar a socialização durante este período de descanso, a supervisora espera que a atenção dentro da sala de aula também seja impactada positivamente.

Escola recebe cerca de 450 alunos no bairro Rio Branco



Escola recebe cerca de 450 alunos no bairro Rio Branco

Foto: Paulo Pires/GES

“Esperamos que os alunos consigam estudar mais, que tenha um retorno positivo desse proibição. Já tínhamos falado nos grupos dos pais e colocados cartazes. Claro que na primeira semana vão sentir dificuldade, mas vai melhorar a socialização, vão se esforçar para fazer amizades e prestar mais atenção nos professores”, comenta.

A estudante do nono ano Joice Panizzi Dombrowski, 13 anos, “Muitas coisas mudaram na escola, apesar de tudo, mas algumas para melhor. Eles arrumaram muita coisas, ganhamos classes novas, quadras novas, que realmente ajudam no estudo. O que eu não gostei muito foi o celular. Na sala de aula, até tenho mais foco, mas no intervalo, não”, diz.

A aluna estuda na escola desde o primeiro ano e está ansiosa para se formar no ensino fundamental, no final do ano. “Acho que vai ser um bom ano e vamos ter um exame [Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb] no final do ano, que é para ter uma noção do nosso nível na escola. Estou também com a expectativa do ensino médio, de entender as coisas e ir para uma boa escola”, completa Joice.

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