Galípolo: seria melhor não haver tarifas, mas Brasil pode sofrer menos

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, minimizou nesta sexta-feira (14/2) os potenciais impactos do “tarifaço” imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a todos os países que cobram impostos sobre importações de produtos norte-americanos.

O chefe da autoridade monetária participou de uma reunião com representantes do setor industrial na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.

Na quinta-feira (13/2), Trump anunciou as “tarifas recíprocas” e aumentou os temores no mercado de uma possível guerra comercial global e de aumento da inflação nos EUA.

Desde que assumiu a Casa Branca, em janeiro, Trump iniciou uma guerra tarifária como estratégia para proteger os interesses dos EUA.

Até então, haviam sido anunciadas taxações para as importações de produtos do México, do Canadá e da China. Os presidentes do México e do Canadá buscaram entendimentos com os EUA e, temporariamente, as tarifas foram suspensas.

“A partir da vitória do Trump, e esse cenário ainda é muito recente, há uma inversão. Essa menor conexão comercial do Brasil com os EUA induziu uma sensação por parte dos agentes de mercado de que uma política de tarifa mais pesada possa prejudicar mais o México do que o Brasil”, observou Galípolo, a respeito das primeiras repercussões do mercado.

“Não estou dizendo que, com as tarifas, é melhor para o Brasil. Em qualquer situação, é melhor não termos uma guerra tarifária. Mas, comparativamente, talvez para o Brasil seja menos prejudicial do que para o México”, afirmou o presidente do BC.

Segundo Galípolo, o mundo apresenta hoje “um cenário de mudança e complexidade global”. “Ainda estamos tentando entender quais medidas serão adotadas e quais serão as repercussões dessas medidas”, disse o presidente do BC.

“Não se trata de dizer que é melhor com tarifa. Mas existe um prêmio considerável de incerteza sobre qual vai ser a política e quais vão ser os impactos. Essa incerteza tem influenciado a dinâmica dos preços dos ativos”, explicou Galípolo.

Em linhas gerais, a reação inicial do mercado às tarifas recíprocas foi a de alívio, já que o anúncio foi considerado mais ameno do que se esperava. Há estudos do governo norte-americano sobre o assunto que devem ser concluídos apenas no fim de abril.

Na manhã desta sexta, o dólar operava em queda e o Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações negociadas na Bolsa de Valores do Brasil (B3), registrava forte alta.

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