Compulsão por clareamento dental: Os riscos do procedimento que preocupam especialistas

 

Na TV ou na tela do celular, é fácil notar os dentes branquíssimos dos famosos. E quem não quer um sorriso branco? Hoje em dia, o clareamento dental é um dos procedimentos mais comuns nos consultórios odontológicos. Porém, há riscos.

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Especialistas também respondem dúvidas sobre o clareamento dental

Foto: Freepik

Ao passar pelo procedimento, muitos esquecem que fatores como hábitos diários e genéticos podem fazer com que o resultado não seja o esperado: isto é, um sorriso 100% branco.

Com isso, algumas pessoas tendem a repetir o procedimento diversas vezes em um curto espaço de tempo, o que pode gerar tanto efeitos negativos para a saúde bucal quanto indicar um quadro de compulsão associada à insatisfação com a própria imagem.

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Como é o feito o clareamento dental

O clareamento é considerado uma técnica estética minimamente invasiva. “A gente coloca um gel, que é o peróxido de hidrogênio, e ele vai degradar as moléculas de pigmento dos dentes. Ao fazer isso, os dentes ficam com uma aparência mais clara”, descreve Sérgio Brossi Botta, presidente da Câmara Técnica de Dentística do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).

A dentista Melissa Aparecida Batoki Chad, doutoranda em biologia oral pela Universidade de São Paulo (USP), lembra que os dentes são órgãos que possuem camadas. “A primeira se chama esmalte e a segunda, dentina. A camada de pigmentação, que deixa o sorriso mais amarelado, é o esmalte”. Portanto, esse é o alvo durante o procedimento.

De acordo com ela, existem três métodos disponíveis no mercado brasileiro: o caseiro, em que o paciente recebe uma placa de clareamento e seringas com o gel clareador; uma versão feita no consultório, em que se recorre a um clareador com potência maior que o utilizado em casa; e, por fim, o clareamento associado à laserterapia, também realizado em consultório.

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Compulsão por clareamento

Os procedimentos, no entanto, podem não deixar o sorriso 100% branco. É que o resultado também depende da tonalidade natural da dentina, a segunda camada do dente. Afinal, o branqueamento do esmalte deixa essa parte mais visível, e existe a possibilidade de ela não ser tão clara.

Há, porém, quem siga tentando chegar ao branco total. Essa situação pode levar a um comportamento obsessivo, uma condição que ganhou o nome de bleachorexia. Esse hábito está associado ao transtorno dismórfico corporal, no qual a pessoa acredita ter um “defeito” na própria aparência.

“Diversos fatores contribuem para que se tenha problemas com a autoimagem. Depende de cada indivíduo”, destaca Letícia Souza, psicóloga e especialista em saúde mental e psiquiatria pela USP. “Mas, atualmente, a gente consegue perceber que a mídia tem muita influência nesse aspecto.”

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De acordo com ela, indivíduos que já possuem uma pré-vulnerabilidade a ter preocupações com a própria imagem tendem a se comparar com influenciadores e figuras midiáticas. “Isso acaba fazendo com que as pessoas procurem cada vez mais a busca pela perfeição.”

O exagero no clareamento dental é uma das formas de atingir esse ideal de beleza. Ocorre que fazer mais de um procedimento ao ano pode causar problemas sérios, como erosão dos dentes, sensibilidade dental e irritações na gengiva e na mucosa oral. Além disso, o uso excessivo de peróxido de hidrogênio pode causar quebra de proteínas da dentina, provocando danos irreversíveis à estrutura dental.

Segundo Botta, o próximo passo, muitas vezes, é procurar procedimentos mais invasivos, mesmo sem necessidade. Entram na mira as facetas ou as lentes de contato.

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Para controlar esse tipo de compulsão, a psicóloga diz que a estratégia mais assertiva tende a ser a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Trata-se de uma abordagem psicoterapêutica que busca ajudar a pessoa a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento.

“Existem várias técnicas dentro da terapia que fazem com que o paciente consiga identificar quais são suas vulnerabilidades, seus gatilhos e as crenças que fizeram com que ele tivesse a autoimagem distorcida”, explica a psicóloga. O tratamento também pode envolver o uso de medicações.

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Todos podem fazer o clareamento?

O clareamento feito com o acompanhamento de um dentista é seguro, mas existem contraindicações, como nas situações em que a pessoa tem uma coroa ou faceta dentária. “Elas não vão clarear porque já foram produzidas em laboratório. O paciente pode ter um dente natural e um dente de coroa, e os dois não vão ficar da mesma cor”, explica Melissa.

Outra contraindicação é para quem apresenta amelogênese imperfeita, uma alteração hereditária que afeta a formação do esmalte dentário. “Ele já nasce pigmentado”, detalha a dentista. O clareamento também não é indicado se o indivíduo tiver fluorose, causada pelo excesso de flúor no organismo, ou manchas brancas devido à cárie.

O ideal, frisam os especialistas, é sempre passar por uma avaliação no dentista antes de iniciar o tratamento. E, mesmo se ele for liberado, o correto é realizá-lo a cada dois ou três anos, a depender dos hábitos do paciente.

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