‘Passa o Ozempic’: remédio é novo alvo de ladrões no Brasil

Enquanto uma série de reportagens na mídia mostra que os ladrões estão atrás do Ozempic em outras partes do mundo — incluindo invasões noturnas em farmácias em Michigan e em Santiago de Compostela, na Espanha — o Brasil se tornou um dos principais pontos quentes globais para criminosos que cobiçam medicamentos para perda de peso extremamente populares.

São Paulo, em particular, se tornou um polo por ser, por algumas medidas, a cidade mais rica do Brasil, com muitos bairros abastados onde várias farmácias estocam os medicamentos porque muitas pessoas podem pagá-los. E, atualmente, os ladrões não têm problemas em encontrar compradores em grupos do WhatsApp e Facebook.

O foco nas farmácias deixou os funcionários temerosos e levou algumas lojas a reduzir seu estoque de medicamentos para perda de peso. Os roubos são “definitivamente uma tendência crescente”, disse Pedro Ivo Corrêa dos Santos, um delegado do Departamento de Investigação Criminal do Estado de São Paulo.

As farmácias são frequentemente alvos fáceis, acrescentou o delegado. “Muitas funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana, armazenando o produto em uma geladeira sem segurança real, apenas protegidas pelo farmacêutico”, disse ele.

Uma análise do New York Times de um banco de dados do Estado de São Paulo descobriu que os roubos de farmácias em que os medicamentos para perda de peso Ozempic, Wegovy ou Saxenda foram roubados aumentaram notavelmente nos últimos três anos, passando de um único episódio registrado em 2022 — quatro caixas de Ozempic levadas de uma única drogaria — para 18 roubos em 2023 e 39 no ano passado. Os números são quase certamente subestimados, já que cerca de metade dos roubos relatados não especificou os medicamentos levados.

Muitas farmácias independentes afirmam que não mantêm mais os medicamentos na loja.

“Quem estoca Ozempic não consegue trabalhar em paz”, disse Wilson Martins, o gerente da “Farma O Imperador”, uma farmácia independente na zona oeste de São Paulo. “As pessoas perguntam: ‘Você tem Ozempic?’” ele acrescentou. “Não, não temos. E assim, não somos roubados.”

A onda de roubos de medicamentos para perda de peso ocorre em meio ao aumento vertiginoso das vendas do medicamento em um país onde alcançar um corpo bem definido é reverenciado e que, como muitos países, está se tornando mais obeso. A porcentagem de adultos nas maiores cidades do Brasil considerados obesos aumentou para cerca de 24% em 2023, em comparação a quase 12% em 2006, segundo um estudo do Ministério da Saúde.

No Brasil, as vendas do Ozempic cresceram de 27,5 milhões de dólares em 2019 para 621,6 milhões de dólares em 2023, o último ano para o qual dados completos estavam disponíveis, de acordo com a IQVIA, um provedor global de dados de saúde.

c.2025 The New York Times Company

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