Braga Netto deu dinheiro em sacola de vinho para neutralizar Moraes

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid disse em acordo de colaboração premiada que o general da reserva Walter Braga Netto teria repassado dinheiro em uma sacola de vinho para uma ação de “neutralização” do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Os três foram denunciados nesta terça-feira (18/02) pela Procuradoria Geral da República (PGR) por organização criminosa, golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Segundo a PGR, dias depois de Braga Netto entregar os valores, dois Kids Pretos, Rafael Oliveira e Hélio Lima, iniciaram os atos de monitoramento do Ministro Alexandre de Moraes.

Como prova das tratativas para a ação contra Moraes, a PGR cita um trecho do depoimento de Cid em que ele cita uma reunião em 12 de novembro de 2022, na casa de Braga Netto. No encontro, diz ele, foi discutida “a necessidade de ações que mobilizassem as massas populares e gerassem caos social”.

Dessa forma, afirmou, seria permitido que Bolsonaro assinasse um decreto de estado de defesa, estado de sítio ou “algo semelhante”.

Segundo a denúncia, os diálogos mantidos depois da reunião indicariam a aprovação do plano, inclusive financeira, de Braga Netto.

Em 14 de novembro, narra a PGR, Rafael Martins de Oliveira indagou a Mauro Cid: “alguma novidade??”, e acrescentou: “vibração máxima! Recurso zero!!”. Ele também teria enviado um documento nomeado de “Copa 2022”, que seria um plano contra Moraes.

Em resposta, Cid disse que o financiamento da ação já havia sido debatido e pediu uma estimativa de custos para o plano. O montante, segundo Mauro Cid, viria por meio de Braga Netto.

“Alguns dias após, o Coronel De Oliveira esteve em reunião com o colaborador e o General Braga Netto no Palácio do Planalto ou da Alvorada, onde o General Braga Netto entregou o dinheiro que havia sido solicitado para a realização da operação. O dinheiro foi entregue numa sacola de vinho. O General Braga Netto afirmou à época que o dinheiro havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio”, disse Cid.

Para a PGR, os fatos que se seguiram “não deixam dúvidas de que a operação visava à neutralização do Ministro Alexandre de Moraes”.

Poucos dias após receber os valores de Braga Netto, Rafael Oliveira e Hélio Lima passaram a monitorar Moraes.

“Isso está retratado nos extratos de Estação Rádio Base (ERB) que registram que, entre os dias 21.11.2022 e 23.11.2022, os dois militares se dirigiram da cidade de Goiânia para as áreas de Brasília frequentadas habitualmente pelo Ministro Alexandre de Moraes, como a sua residência funcional e o Supremo Tribunal Federal. Operavam as primeiras ações de reconhecimento”, diz o documento.

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