Heleno tinha domínio sobre ação clandestina da Abin Paralela, diz PGR

A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma na denúncia sobre a trama golpista que o ex-ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) tinha domínio sobre a atuação da “Abin Paralela”.

A estrutura, diz a denúncia, tinha como integrantes policiais federais cedidos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e oficiais de inteligência que atuavam sob comando do delegado Alexandre Ramagem, também denunciado.

De acordo com a PGR, uma das características da organização criminosa liderada por Jair Bolsonaro e denunciada nesta terça (18/2) era atacar seus adversários e o sistema eleitoral nos meios virtuais.

Para isso, segundo a PGR, foi utilizada a Abin Paralela. Assim, logo após Bolsonaro atacar alguém, “os mesmos alvos” eram “simultaneamente atingidos de forma virtual, com a criação e multiplicação de notícias falsas.”

“O núcleo atuava como central de contrainteligência da organização criminosa que, por meio dos recursos e ferramentas de pesquisa da ABIN, produzia desinformação contra seus opositores”, diz a PGR.

Um dos elementos que a PGR cita para afirmar que Augusto Heleno sabia desse tipo de ação da Abin Paralela são anotações pessoais feitas pelo general.

“O manuscrito registrava, por exemplo: ‘Vicente Cândido (ex-deputado PT). É o novo Vaccari. ABIN está de olho nele’ e descrevia: ‘PF preparando uma sacanagem grande’”, diz trecho da denúncia.

Os dois principais integrantes do grupo apontados na denúncia eram o policial federal Marcelo Bormevet e o sargento do Exército Giancarlo Rodrigues.

A PGR cita diálogos encontrados pela Polícia Federal entre os dois indicando alvos a serem pesquisados para abastecer aliados nas redes.

“O material construído pela célula de contrainteligência era posteriormente repassado a vetores de propagação em redes sociais (perfis falsos e perfis cooptados); os verdadeiros beneficiários políticos da desinformação eram, assim, distanciados dos ilícitos”, diz a PGR.

Entre os alvos, elenca a PGR, estavam ministros do STF e o sistema eleitoral.

Para a Procuradoria, as ações da Abin Paralela são “atos executórios relevantes do plano de crimes contra as instituições democráticas, por potencializarem a animosidade social contra as instituições, enfraquecendo-as e restringindo-lhes o exercício.”

Ainda segundo a PGR, as ações “ganham ainda mais relevo quando observada a consonância entre os discursos públicos de Jair Bolsonaro e os alvos escolhidos pela célula infiltrada na Agência Brasileira de Inteligência”.

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