SUS incorpora vacina contra vírus sincicial respiratório

Por Aline Almeida

O Sistema Único de Saúde adotará duas novas tecnologias para prevenir complicaçõesReprodução

O Sistema Único de Saúde adotará duas novas tecnologias para prevenir complicações provocadas pelo Vírus Sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas deinfecções respiratórias graves em bebês,como a bronquiolite.

Uma delas é a vacina recombinante contra os vírus dos tipos A e B, indicada para gestantes e com o objetivo de proteger os bebês nos primeiros meses de vida. A outra medida é o anticorpo monoclonal nirsevimabe, destinado a proteger bebês prematuros e crianças de até 2 anos com comorbidades.

O Ministério da Saúde comunicou em nota que a medida faz parte de uma estratégia para reduzir a mortalidade infantil associada ao vírus, por meio da imunização de gestantes e bebês prematuros.

O portal iG conversou com Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Para ele, ambas as estratégias são altamente eficazes. “O anticorpo monoclonal apresenta uma leve superioridade, com eficácia variando entre 80% e 90%, em comparação com a vacina”, explicou. No entanto, ele ressalta que tanto uma quanto a outra trazem benefícios significativos, pois o vírus é responsável por 80% dos casos de bronquite e 50% dos casos de pneumonia, o que impõe uma carga enorme aos serviços de emergência, consultas, pronto-socorro e internações.

O médico explica ainda que, a longo prazo, crianças que desenvolvem bronquite frequentemente continuam a apresentar chiado e crises respiratórias, e algumas até se tornam asmáticas. Com a introdução dessas medidas, a expectativa é reduzir não apenas a carga da doença no curto e médio prazos, mas também suas complicações no futuro.

Segundo o comunicado do Ministério da Saúde, estudos apresentados à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS indicam que a vacina para gestantes tem o potencial de evitar cerca de 28 mil internações anuais. “A estratégia combinada vai proteger aproximadamente 2 milhões de bebês nos primeiros meses de vida, a fase mais suscetível a complicações”, afirmou o ministério.

Entre 2018 e 2024, foram registradas 83.740 hospitalizações de bebês prematuros, com menos de 37 semanas de gestação, por complicações ligadas ao Vírus Sincicial Respiratório, como bronquite, bronquiolite e pneumonia.

SUSMarcello Casal/Arquivo/Agência Brasil

Atualmente, a principal forma de prevenção oferecida pelo SUS contra o VSR é o uso do palivizumabe, medicamento destinado a bebês prematuros extremos (nascidos com até 28 semanas de gestação) e a crianças de até 2 anos que tenham doença pulmonar crônica ou cardiopatia congênita grave.

“A inclusão do nirsevimabe no SUS deve ampliar a proteção para mais 300 mil crianças, além daquelas já cobertas pelo protocolo atual. Além disso, a vacina para gestantes tem o potencial de beneficiar cerca de 2 milhões de recém-nascidos”, destacou a pasta.

A portaria que oficializa a incorporação das duas tecnologias será publicada nos próximos dias.

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