Sinal de celular revela que PM preso por matar delator do PCC mentiu

São Paulo – Demorou dois meses e oito dias para que a análise de telefonemas e de imagens de câmeras de monitoramento culminasse na prisão de um dos três policiais militares suspeitos de assassinar Vinícius Gritzbach — delator do envolvimento de agentes públicos com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Ocorrido no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região metropolitana, em 8 de novembro, o crime envolveu uma complexa rede formada por policiais civis, militares e membros do crime organizado. Até o momento, 26 suspeitos estão atrás das grades.

Um deles é o cabo da Polícia Militar Dênis Antônio Martins, de 40 anos, detido em 16 de janeiro, por meio de um mandado de prisão temporária, de 30 dias, prorrogado no último fim de semana.

A polícia chegou até ele por meio da análise de imagens de câmeras de monitoramento, aliada à identificação de veículos e, principalmente, após a quebra do sigilo telemático de celulares e na identificação de antenas de celular acionadas pelos aparelhos.

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ

Tenente Fernando Genauro da Silva
Tenente Fernando Genauro da Silva
PM é suspeito de atirar e matar o delator do PCC Vinícius Gritzbach
Suspeitos de atirar e dirigir carro usados para executar Vinícius Gritzbach
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Dênis Antonio Martins, o PM da ativa apontado como assassino de Gritzbach

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar membros do PCC, foi solto por determinação do STJ

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Tenente Fernando Genauro da Silva

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Tenente Fernando Genauro da Silva

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PM é suspeito de atirar e matar o delator do PCC Vinícius Gritzbach

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Suspeitos de atirar e dirigir carro usados para executar Vinícius Gritzbach

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Arte de Michael Melo sobre foto de reprodução

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PM da ativa que executou Gritzbach a mando do PCC é preso

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Ligações perigosas

Ao analisar as antenas de celular acionadas pelo aparelho do policial, pôde-se ter certeza de que ele transitou entre Osasco, cidade onde mora, e Guarulhos, onde ocorreu o crime.

O carro usado pelos assassinos do delator, um Vokswagen Gol, foi flagrado em imagens, transitando por Osasco, poucas horas antes do homicídio, o qual ocorreu por volta das 16h (assista abaixo).

Denis telefonou para o tenente Fernando Genauro da Silva, às 17h25, nas imediações da Rodovia Presidente Castelo Branco, logo após os atiradores que mataram Gritzbach serem resgatados por um Audi A1, em um terminal de ônibus, na cidade de Guarulhos.

Contradições

Em depoimento à Polícia Civil, Dênis afirmou ter conhecido o tenente Genauro  — o suposto motorista do Gol usado no crime e que também está preso — quando o oficial ainda era soldado. Ambos, acrescentou Dênis, são amigos íntimos, a ponto de ele frequentar a casa do oficial.

Dênis afirmou que estava de férias entre os dias 1º e 15 de novembro, período no qual teria ido para o litoral paulista, “mas não se recorda onde”. Gritzbach foi assassinado no dia 8 do mesmo mês.

O PM  disse ainda em seu depoimento que, em novembro, “não esteve presente na região de Guarulhos, nem mesmo no aeroporto internacional”. Ele garantiu que não circulava pela região havia cerca de 10 anos.

O cabo ainda disse não se recordar de ter telefonado para o tenente Genauro, acrescentando ter um curso para usar fuzil — mesmo tipo de arma usado na execução de Vinícius Gritzbach.

Vídeo

 

A investigação constatou que Dênis acionou antenas de celular em Guarulhos, no dia do crime. Uma das ligações foi feita para o telefone de Genauro, como foi constatado após a quebra do sigilo telemático deste.

As provas técnicas desmentem a versão relatada oficialmente por Dênis ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Isso contribuiu para a decretação da prisão do policial. A participação dele no crime foi corroborada pelo próprio secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.

O Metrópoles apurou que Dênis ocupava o banco do passageiro, dianteiro, do Volkswagen Gol preto. No assento traseiro, estava o outro atirador, Ruan Silva Rodrigues, 32. Ambos foram guiados até o local pelo tenente Fernando Genauro da Silva, 33.

Fernando Genauro foi detido dois dias depois de Dênis e, em 22 de janeiro, Ruan Silva foi também para atrás das grades. Outros policiais militares, entre os quais alguns que faziam escolta particular para o delator do PCC, também foram detidos. As defesas deles não foram localizadas. O espaço segue aberto para manifestações.

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