Rui Costa prevê arroz e feijão mais barato até junho

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, previu nesta quinta-feira (20/2), em entrevista à coluna, que o preço dos alimentos como arroz e feijão deve diminuir até junho de 2025.

Na entrevista, Rui afirmou que o Executivo estuda uma série de medidas para baratear os alimentos e deixou claro que a grande aposta do governo continua sendo o aumento da produção de alimentos.

“Há uma expectativa muito positiva de que a safra esse ano será muito boa. Nós teremos preços decrescentes até o mês de junho, inclusive do arroz, do feijão, que já está em queda, e continuarão até o mês de junho”, declarou o ministro.

O chefe da Casa Civil atribuiu a inflação dos alimentos no Brasil à subida do dólar e às questões climáticas, que afetaram o Brasil e outros país que exportam para cá ao longo do ano passado.

“Em 2024, nós tivemos efeitos climáticos muito severos no Brasil, como a seca, principalmente no primeiro semestre. No segundo semestre, aquela tragédia de inundações. Então, nós tivemos um impacto muito forte na produção agrícola “, afirmou Costa.

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Reformulação do vale-alimentação

Costa disse que a reformulação do vale-alimentação, uma das medidas estudadas pelo governo para diminuir o preço dos alimentos, ainda está em análise no Ministério da Fazenda e na Advocacia Geral da União (AGU).

“O que nós queremos fazer é reduzir o custo da intermediação desse vale, porque o levantamento feito é que esse custo da intermediação está muito alto, retirando recursos que são do trabalhador”, declarou o ministro.

Confira os principais trechos da entrevista:

Na semana passada, o Instituto Datafolha divulgou que a aprovação do governo Lula caiu para o pior índice dos três mandatos dele. A que se deve esse resultado ruim do governo?

Em primeiro lugar, quem está fazendo gestão pública, quem está no governo, eu digo sempre que nem pode ficar eufórico quando as pesquisas dão boas, nem pode entrar em depressão quando as pesquisas dão tão boas. O governo é isso. Você oscila de acordo com a conjuntura e com a percepção da população sobre o governo. No mundo de hoje, você, eventualmente, oscila também com factoide ou fake news.

Então, acho que o mundo inteiro está muito mais polarizado. Se você olhar para outros países, não tem um país do mundo que tenha um governante disparado na aprovação. O mundo ficou muito polarizado. O acesso à informação hoje está muito pulverizado e segmentado, portanto, por grupos, onde as pessoas às vezes só têm acesso a informação daquele segmento, daquele grupo que ele pertence. O que torna desafiador ainda mais a comunicação política, comunicação de governo.

O que fazer para reverter essa avaliação ruim?

Diria que nós precisamos aprimorar a comunicação, para que a população tenha conhecimento e percepção de fato dos dados, porque nós temos um governo de reconstruir o país, reconstruir o programa e os dados são muito positivos.

Nós vínhamos de um desmonte, por exemplo, do programa habitacional do governo. Em apenas dois anos,  nós temos 1, 2 milhão de contratos assinados do Minha Casa, Minha Vida, de financiamento de casa popular. Algo que estava há anos sem acontecer e voltou com toda a força, realizando o sonho das famílias da população. É um número histórico. Nós temos a maior massa salarial dos últimos 15 anos, o maior salário médio dos últimos anos. Temos a menor taxa de desemprego desde que se faz pesquisa de desemprego no Brasil. É histórico. Ou seja, os números são muito robustos.

Realizamos o maior número de cirurgias da história nesses dois anos com um programa de redução de filas. Agora, vamos iniciar um grande programa de mutirão colocando mais recursos para que estados e municípios possam reduzir a fila de cirurgias. Então, estamos alcançando números muito precisos.

A indústria depois de muitos anos voltou a crescer. Foi quem puxou o crescimento em 2024. O investimento do último trimestre chegou a 17%. Esse é o maior número dos últimos anos.

Enfim, temos dados muito positivos, mas a população não absorve esses dados, a população não conhece, eu diria, boa parte das ações do governo. Então, nós precisamos melhorar essa comunicação para que a população tenha a nítida percepção do que era antes, do jeito que estava e do jeito que está agora.

Fala-se muito que algumas medidas do Ministério da Fazenda e também da comunicação, algumas faltas de medidas da comunicação contribuem aí para o mau desempenho do governo nas pesquisas. O senhor concorda com isso?

Não se trata de “muita gente fala”. Isso é pesquisa. E pesquisa feita por de vários institutos foram feitas e publicadas. A imprensa divulgou. Estão lá os dados.

Quais foram os episódios? Acho que é aquela da taxa da blusa do Pix?

As pesquisas públicas que todos conhecem, que a imprensa divulgou, sinalizam a questão da taxa daqueles aplicativos das plataformas de venda. Isso está muito latente nas pesquisas que foram divulgadas.

A questão do fake news do Pix afetou fortemente. Criou um ambiente de desconfiança. Ontem mesmo recebemos aqui o presidente e primeiro-ministro de Portugal e todos relataram a força de que essas plataformas e que esse modelo de fake news, de segmentação da notícia, como elas ganharam força. E como elas criaram, o que tem livro escrito sobre isso, o que se chama de pós-verdade.

Ou seja, vocês coexistem em várias realidades, várias verdades. Ou seja, você deixou de ter uma realidade e passou a ter várias. Cada um tem a sua verdade. É difícil você mostrar para aquela pessoa porque aquela notícia é falsa, porque aquilo não é verdadeiro.

Leva, às vezes, muito tempo, semanas ou meses para as pessoas acreditarem que, de fato, aquilo não é verdade. Então, nós fomos vítimas de muitas fake news. E a mais forte, vamos dizer assim, foi essa do Pix. As pesquisas relatam que isso impactou a confiança no governo.

Mas nessa reunião ficou acordado alguma medida, alguma estratégia para tentar lidar com essa situação?

A estratégia é do presidente. Ao fazer mudanças na Secom, com o ministro Sidônio, ele sinaliza para aperfeiçoar a comunicação do governo, para ajustar e refinar as plataformas com as quais o governo se comunica com a população, ajustando inclusive linguagens diferentes. O governo ia muito com linguagens padrões, a mesma linguagem da TV, a mesma linguagem da rádio, a mesma linguagem para plataformas digitais. E isso não se mostrou eficaz.

É preciso criar linguagens específicas para cada plataforma dessa. Então, esse será nosso esforço de fazer chegar à população a informação, principalmente comparando o antes e o depois. Na política e na gestão, mais do que discurso, o povo se convence quando você compara, quando você mostra o antes e o depois.

Um dos problemas do governo hoje é a inflação dos alimentos. O senhor disse que o governo estudava um conjunto de medidas para rever essa questão dos alimentos. Teve algum avanço?

Anteontem (18/2), nós tivemos a reunião do Conselho Nacional de Energia. Havia uma previsão de subir de B14 para B15 a mistura do biodiesel no diesel.  Nós não fizemos esse aumento. Mantivemos em 14%. Por quê? Porque nós presenciamos o aumento da soja, do óleo de soja e o aumento do biodiesel. E isso poderia acarretar o aumento do diesel e sustentar o aumento do óleo de soja. Então, nós não aumentamos para 15%. Vai ficar nesse patamar até que o preço da soja, o preço do óleo de soja recue para não impactar nem diesel, e nem impactar…

Então essa decisão é temporária?

É temporária. O tempo quem dirá será a oferta do produto e o recuo do preço. Assim, podemos analisar em relação ao álcool, por exemplo, o açúcar subiu bastante. Então, na usina de açúcar, você vira a chave, ou ou produz álcool, ou produz açúcar. Então, essas medidas estão sendo analisadas. Ontem fizemos mais uma reunião. O Ministério da Agricultura e o da Fazenda estão analisando as medidas. Faremos uma nova reunião semana que vem para saber quais medidas podemos adotar, além da medida principal, que é reforçar e focar o estímulo à produção de alimentos. Há uma expectativa muito positiva de que a safra esse ano será muito boa. Nós teremos preços decrescentes até o mês de junho, inclusive do arroz e do feijão, que já está em queda e continuará em queda até o mês de junho.

Teve algum avanço nessa questão do Vale-Alimentação?

Está sendo analisado com o Ministério da Fazenda junto com a Procuradoria da AGU eventuais mudanças e alterações. Eles não têm uma posição formal, mas estão analisando que tipo de alteração pode ser feita. O que nós queremos fazer é reduzir o custo da intermediação desse vale, porque o levantamento feito é que esse custo da intermediação está muito alto, retirando recursos que são do trabalhador.

Ministro, o mercado financeiro tem uma expectativa muito grande de que o governo anuncie cortes para ajudar naquela meta de déficit fiscal zero. Há previsão de cortes nesse relatório de receitas e despesas que sai em março ou só em maio?

Olha, é importante ficar claro que as medidas que foram definidas pelo governo foram votadas no Congresso em dezembro. Elas estão sendo implementadas no governo. A expectativa nossa é que essas medidas apresentem resultado. Nós temos, ao longo desses dois anos de governo, cumprido a nossa palavra no sentido do compromisso fiscal. É caminhar junto com o compromisso de investimento e de inclusão social. Esses três pilares vão andar juntos, e não podemos abrir mão de nenhum deles. Então, não abriremos mão do compromisso fiscal. Se qualquer medida restritiva se mostrar necessária, como contingenciamento, bloqueio, ela será adotado, como foi adotada em 2023, como foi adotado principalmente em 2024, onde nós bloqueamos R$ 20 bilhões de investimento, principalmente do PAC, para ao cumprir as metas fiscais.

Mas quando pode ser anunciado esse corte?

Não posso fazer essa previsão, porque nós vamos ver os efeitos tanto da economia como das medidas. Normalmente, o economista acerta na 12ª previsão. Ele faz uma previsão a cada mês e, na 12ª, ele acerta. Então, no momento que nós fecharmos os dados, se o relatório indicar, será feito no mês que que o relatório indicar, assim como diz a lei.

O presidente Lula tem sido criticado por supostamente estar mais “enclausurado” nesse terceiro mandato. O senhor concorda com isso? O senhor acha que o presidente Lula precisa melhorar a articulação?

Não concordo com essa tese. Eu convivo aqui 14, 15, 16 horas com o presidente. Ele acorda muito cedo, vai fazer ginástica. Já está ligando para os ministros às vezes muito cedo. Passa o dia trabalhando, à noite, quando não está aqui, está recebendo pessoas. Ao longo desses dois anos, recebeu muita gente no trabalho. Sou testemunha. Ele tem feito muitas reuniões com pessoas do governo, e é uma virtude do presidente. Ele sempre quer ouvir o mundo real, que é ouvir a sociedade. Então, ele tem feito muitos encontros com empresários. Acho que já se reuniu com todos os setores da economia. Setores de energia, automotivo, químico, petroquímico,  infraestrutura, do agronegócio. Então, ele tem essa virtude de ouvir a sociedade, de ouvir as pessoas e muitas vezes ele convida pessoas ou liga, telefona para pessoas, para ouvir a opinião, para balizar suas opiniões.

Acho que quem emite essa opinião não conhece a rotina do presidente. O presidente continua numa energia muito impressionante, muito forte, inclusive agora retomando a agenda de rua. Quem verbaliza essa opinião, às vezes eu vejo algumas pessoas retratando, jornalistas ou não… Mas eu acho que elas estão pautadas erradas, estão com a informação errada. Não conhecem o dia a dia do presidente.

Há quem aponte a primeira-dama Janja como uma das responsáveis por enclausurar o presidente, até por cuidar dele, da saúde. O senhor acha que ela poderia ter influenciado o presidente a estar menos disponível?

Acho que há um um exagero e um preconceito grande contra a primeira-dama. Porque ela é uma pessoa que tem voz própria, tem um lugar próprio. Eu acho que é um certo exagero e, eu diria, um certo preconceito com ela. O presidente é um homem que tem, eu diria hoje, isoladamente, a maior liderança no globo, no mundo. Ele é ouvido. Não é à toa que ele botou aqui no G20 todos os presidentes e os primeiros-ministros dos principais países. Foram mais de 40 nações que estiveram aqui com os seus presidentes e/ou primeiros-ministros representados. É uma voz ouvida no mundo inteiro. O presidente tem uma liderança singular.

Na minha opinião, é uma grande injustiça querer atribuir um suposto isolamento do presidente à primeira-dama. O presidente teve um acidente ali em setembro e ficou cuidando da sua saúde todos esses meses. Não há de se pedir que alguém que em uma situação que foi muito delicada, que essa pessoa tivesse exposta a uma agenda intensa nesse período. Quando os médicos liberaram, ele agora volta a ter uma agenda intensa, inclusive de conversa todos os dias. E ele é surpreendente.

Ministro, falando um pouco sobre reforma ministerial, o senhor chegou a dizer ali em janeiro que o presidente Lula poderia fazer uma reforma. Até agora, no entanto, a reforma não saiu. Houve apenas a mudança na Secom. Quando é essa reforma deve acontecer?

Olha, a afirmação que eu fiz está gravada, foi ao vivo da TV, foi que, se o presidente decidir fazer, eu entendo, e aí eu emiti uma opinião, preferencialmente ela deve ser feita até o final de janeiro. Eu emiti minha opinião, porque eu entendia que, eventualmente, quem entrasse já entrasse em fevereiro trabalhando. Mas o presidente, e eu disse naquela entrevista, que ele estava refletindo sobre eventuais mudanças ou não. E, se até agora ele não anunciou, é porque ele não se convenceu da necessidade de mudança e de qual lugar eventualmente ele vai mudar. Nós estamos trabalhando aqui, não estamos pautado por essa possível mudança. Todos os ministros estão engajados, a gente segue fazendo reuniões todos os dias.

Há críticas de setores do governo de que a possível nomeação de Gleisi Hoffmann para um ministério seria um contrassenso, uma vez que ela é crítica do ministro Fernando Haddad. O senhor concorda?

Não concordo com essa tese, até porque essa tese podia ser inversa. A tese podia ser a seguinte: Lula está buscando proteger Haddad, ao trazer a Glesi para o governo. Porque uma vez estando no governo, as eventuais opiniões delas, mesmo eventuais críticas, terão que ser feitas internamente.

O fato de ela não estar no governo, ser uma deputada e presidente do partido, ela tem total liberdade para emitir publicamente a opinião dela. Quando ela vier a ser ministra, é recomendável que quem é ministro emita as suas opiniões nos ambientes de debates que o presidente, inclusive, faculta.

O presidente tem um viés extremamente democrático, ele bota todo mundo na mesa e dá liberdade para que as pessoas emitam sua opinião e ele até diz: “Olha, aqui é um lugar de vocês falarem, quem tem opinião diferente, que a minha decisão vai ser fruto do que eu ouvi do argumento aqui. Então, quem tem os seus argumentos coloca.

Então, eu diria o contrário do que você está dizendo. Se ao trazer a Gleisi, alguém poderia dizer: “Olha, ele tá querendo proteger o Haddad, porque aí não terá mais uma voz pública para questioná-lo. E não inverso.

O senhor acredita que a relação com o governo vai ser melhor com Hugo Motta e com Davi Alcolumbre do que era com os ex-presidentes Arthur Lira e Rodrigo Pacheco?

Nós temos que nos relacionar com cada pessoa, seja do Legislativo, do Judiciário, da sociedade, respeitando as características de cada pessoa. Você não pode ter um padrão ou exigir um padrão ou dizer: “Olha, eu só vou me relacionar com esse perfil de pessoa, o que eu gosto mais é daquele estilo, não. Você tem que respeitar o estilo de cada um e encontrar a melhor forma de dialogar com cada perfil de pessoa.

Acho que nós tivemos dois anos de um diálogo muito intenso, os dois presidentes do Senado e da Câmara que deixaram o mandato agora e acredito que manteremos, talvez com estilo diferente, com forma diferente, com os dois presidentes que entram.

Eu, inclusive, me reuni essa semana com os dois para discutir a questão do Oorçamento, da pauta. Então, acho que não teremos dificuldade nenhuma no diálogo. Você pode mudar até a forma do diálogo, de conduzir o número de vezes que se reúne. Pode até precisar mais ou precisar menos, mas nós não teremos dificuldade. Temos que ser profissionais, pensar na nação, pensar no país e colocar o interesse do Brasil em primeiro lugar.

E quando vota o orçamento? Vota antes do Carnaval ou muito difícil?

Acho pouco provável. Obviamente nós precisamos, queremos, o Brasil precisa e o Brasil quer que o país tenha um orçamento. Porque, para você executar políticas públicas, por exemplo, nós temos obras licitadas. E essas obras licitadas, contrato assinado, elas só podem iniciar quando o orçamento tiver votado.

Motta e Alcolumbre sinalizaram quando deve o Orçamento ser votado?

Acredito que, no mês de março, essa votação ocorra. Acho pouco provável que seja antes do Carnaval. Carnaval já é semana que vem. Então acho pouco provável que aconteça antes do Carnaval, mas nós acreditamos que em março, em algum momento ali em março, o orçamento vai ser votado.

No Ministério da Justiça, há uma crítica de que a PEC da Segurança está parada na Casa Civil e que, por isso, até agora ela não foi enviada ao Congresso. Por que que ela não foi enviada até agora?

Desde que ela foi apresentada, nós fizemos um roteiro, pactuado em reuniões de ministros com o presidente, que primeiro nós iríamos apresentar ao Congresso, apresentar os governadores e aguardar um tempo para os governados oferecerem sugestões. Essas sugestões chegaram. Fizemos nesse período do levantamento dos projetos que estão tramitando, não só de mudança da Constituição, mas mudança da lei em relação à questão da segurança pública. Estamos sistematizando isso para, nos próximos dias, ter uma reunião de apresentação dos textos finais ao presidente da República, para que ele possa, vamos dizer assim, homologar a versão final, tanto da PEC, como eventuais sugestões que a gente pode incorporar em projetos que estão tramitando na Câmara e no Senado.

Então, vamos apresentar conjuntamente isso ao presidente e, muito em breve, isso vai estar sendo dialogado com o Congresso, tanto a PEC, como eventuais mudanças e leis ordinárias. Porque essa questão de segurança é prioridade para o presidente. O que nós queremos, é evidente, é que, ao definirmos assim as condições, tenhamos o menor nível de ruído possível, para que a gente consiga uma tramitação mais rápida.

Quando o projeto que prevê isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil será enviado ao Congreso?

Olha, a previsão é agora em março. O presidente ainda vai definir na sua agenda, mas o projeto está finalizando. A Fazenda finalizou o projeto e acredito que, em alguma data de março, o presidente envie esse projeto para o Congresso Nacional.

Lembrando que o projeto será enviado agora e, uma vez aprovado no Congresso, ele passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2026. Por conta da regra da anualidade, você não pode nem para cobrar, nem para isentar, alterar ao longo do exercício o regramento de Imposto de Renda. Ou seja, aprovem um ano para valer no ano seguinte, seja para aumentar, seja para diminuir.

Na terça-feira (18/2) à noite, a Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas, entre outros crimes, por tentativa de golpe de Estado. Acredita que essa denúncia, nesse momento em que o governo enfrenta uma popularidade baixa, pode ajudar o governo de alguma forma?

Esse episódio não se deve a popularidade do governo estar em alta ou estar em baixa. Acho que o ocorrido no dia 8 de janeiro é um fato gravíssimo. E o que a investigação revelou é muito grave. Não tem na história do Brasil nada registrado de uma trama envolvendo presidentes da República em exercício, oficiais das Forças Armadas, pessoas que deveriam estar cuidando da segurança pública, agentes de segurança pública, tramando a morte de ministro da Suprema Corte, a morte do presidente da República, do vice-presidente da República, numa arquitetura de organização criminosa. Então isso é muito grave.

E, portanto, acho que nós temos que separar qualquer conjuntura política, o debate político desta questão. Por quê? Primeiro, para dar o legítimo direito de defesa às pessoas que ali estão sendo acusadas, para que não haja contaminação da política com o processo de julgamento que deve ser isento. E dar total liberdade de defesa, de direito de defesa a quem foi acusado.

Tenho uma convicção comigo mesmo que a impunidade sempre leva ao aumento de criminalidade e a repetição da criminalidade. Eu sou daqueles que acham que a criminalidade do Brasil é grande, porque nós temos um sistema que estimula a impunidade. Pessoas que matam pai e mãe com dois, três anos de prisão e logo logo estão soltas. Então um ato de crueldade gigantesco. Mata o pai e mãe e com apenas dois, três anos já estão em liberdade. Então isso na minha opinião é um estímulo à criminalidade.

Então o senhor acha que a punição nesse caso tem que ser severa? Há muitas críticas de que algumas penas (dos condenados pelo 8 de janeiro) teriam sido muito grandes.

Acho que a punição tem que ser com base na lei. A mim não cabe julgar. Eu fiz Economia, fiz Ciências Sociais e, no nível médio, fiz curso técnico. Não estudei direito. Então, não me sinto em condições de analisar dosagem de pena que a Suprema Corte ou que a Justiça tem dado. Não tenho competência para fazer essa análise. Eu não quero me ater a julgar quanto, se foi pouco que foi muito. Não tenho competência para fazer. A lei estipula, segundo regras, a dosagem de penas. Mas eu acho que tiveram pessoas que foram usadas como massa de manobra, isso é fato. Foram induzidas a serem, como se diz, no Nordeste, boi de piranha. Você joga ali para que as piranhas comam aquele boi para você tentar se livrar. Levaram pessoas que, às vezes, foram induzidas dessa forma a cometer crimes. Onde as pessoas não elaboraram, não perceberam o crime. Mas elas participaram e tivemos pessoas nesse perfil que foram induzidas, foram levadas a cometer quebra-quebra, quebrar patrimônio público, a ofender, a caluniar, a ameaçar a democracia. E tem outras pessoas que organizaram, que de forma meticulosa, a investigação mostrou, planejada, consciência com o planejamento, para tentar dar um golpe de estado. E, pior do que dar um golpe, eliminar pessoas que pensavam diferente. Presidente e vice-presidente tinham ganho eleição, e alguém da Suprema Corte.

Então, isso não pode passar impune, porque isso levaria uma impunidade. Nesse caso, a repetição disso na história próxima do país. Acho que nenhum de nós defende isso. Nós defendemos a democracia, defendemos o estado de direito, defendemos a paz, somos contra a eliminação de pessoas por discordâncias políticas.

O presidente Lula é o candidato em 2026 à reeleição?

Sim, é o nosso candidato a presidente da República em 2026. O presidente, e acho importante fixar isso, tem feito um trabalho fortíssimo de reconstrução do Brasil e acho que nós temos que nos esforçar junto com a Secom, junto com a militância a demonstrar o antes e o depois. O que era esse país até 2022 e o que é esse país hoje, do ponto de vista das relações internacionais, das relações econômicas.

E o senhor, será candidato em 2026?

A princípio, eu coloquei meu nome disponível ao PT da Bahia para concorrer a uma vaga ao Senado. E eu conversei com o presidente, ele disse: “Pode colocar o número de discussão, mas nós vamos conversar no início do ano que vem sobre isso”. E eu assim fiz, coloquei meu nome em discussão e, ano que vem, antes de abril, irei conversar com o presidente sobre o momento, naquele momento qual é a posição que nós vamos tomar.

O senhor se vê como presienciável?

Meu candidato a presidente, eu já disse, seu presidente Lula, acho que é quem reúne todas as condições.

Mas e em 2030?

Está muito longe para isso. Eu acho o seguinte, algumas funções você não planeja isso, você não sonha isso. Algumas funções na vida e algumas coisas na vida, elas acontecem. Como os astros conspiraram a favor, vamos dizer assim, e elas acontecem. Eu nunca planejei ser governador. Nunca pensei ao longo da minha vida de ser governador. (…)

Eu acho que você tem que trabalhar com seriedade. Eu disse ontem uma pessoa, vou repetir hoje aqui nessa entrevista, eu me sentirei extremamente realizado, um dever cumprido, se eu chegar em março, em abril do ano que vem, eventualmente para sair candidato a senador pelo estado da Bahia, se nós tivermos encaminhado, com sucesso, esse projeto político de reconstrução do Brasil, de tornar um Brasil próspero, um Brasil que os brasileiros sonham e que o presidente Lula tá reconstruindo.

E acho que ele tem a força e a imagem internacional e nacional de uma pessoa que tem capacidade para fazer isso. E o mundo hoje é mais desafiador do que foi no primeiro mandato, no segundo mandato do presidente. Muito mais desafiador. O momento no mundo é muito mais conflitado. Basta ver, inclusive, as últimas posições do presidente dos Estados Unidos, que inclusive, deixa antigos aliados perplexos com as declarações dele, a exemplo da Europa. O mundo se tornou muito mais difícil, desafiador e, por isso, mais do que nunca, eu acho que ele (Lula) cumpre um papel extraordinário. Uma das vozes hoje ouvida no mundo inteiro e que cumpre um papel muito forte para o futuro do Brasil.

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