Água com gosto, vazamentos em vias públicas, falta de água e ruas retalhadas; serviços prestados pela Corsan são colocados em xeque em Canoas

A insatisfação dos canoenses sobre os serviços ofertados pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) aumenta a cada novo problema recorrente e não resolvido com agilidade e eficiência. Entre as reclamações mais frequentes estão: água com gosto, cheiro e cor de terra, vazamentos em vias públicas, ruas retalhadas por obras com acabamento questionável e o crescimento de episódios de falta de água em diferentes bairros. Diante da situação e da pressão popular por melhorias dos serviços, a Câmara de Vereadores de Canoas criou uma Comissão Especial para a fiscalização e acompanhamento da Corsan.

Canoenses apontam constantes vazamentos nas ruas de Canoas



Canoenses apontam constantes vazamentos nas ruas de Canoas

Foto: Paulo Pires/GES

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A comissão, criada no dia 13 de fevereiro, é presidida pelo parlamentar Dario Silveira (União Brasil). O vereador afirma que a iniciativa busca soluções efetivas por meio da fiscalização e do diálogo com a companhia.

“É uma série de problemas. São muitas reclamações. Nos gabinetes, recebemos diariamente reivindicações dos moradores sobre o atendimento realizado pela Corsan. Todos os 21 vereadores estão unidos para trabalhar esse tema e viabilizar as mudanças necessárias. Estamos na fase de elaboração do plano de ação, que contemplará o cronograma de reuniões para abordar sobre os serviços prestados com desempenho insatisfatório”, explica. A expectativa do vereador é concluir esta fase nesta semana.

Qualidade

Conforme Dario, a partir do plano de ação, haverá uma série de reuniões com representantes da Corsan com a pretensão de melhorias nos serviços. O parlamentar aponta dificuldades enfrentadas pela população devido à falta de respostas objetivas.

“Em diversos casos, a companhia se recusa a fornecer informações precisas. Falta um atendimento mais humanizado, que seja de fácil acesso para quem não está familiarizado com o sistema. O passo a passo para conseguir atendimento, seja virtual ou presencial, deveria ser mais simples e eficiente, por exemplo.”

Canoas é um dos municípios onde a Corsan possui maior receita bruta.

“São cerca de R$ 300 milhões anuais. A companhia precisa corresponder à altura. Não adianta só lucrar e não dar um retorno digno. Os serviços precisam ter maior qualidade. A comissão foi criada para fazer com que os contratos sejam cumpridos. Se não atingir um nível satisfatório, a Corsan sofrerá sanções e multas”, promete o parlamentar.

Comissão possui prazo de 90 dias

Dario diz que a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) será convocada para prestar esclarecimentos sobre a Corsan.

“Ela é a agência reguladora que fiscaliza. Precisamos saber o que está sendo feito e se há necessidade de ajustes. A comissão possui prazo de 90 dias para trabalhar todos os temas, mas acreditamos que será necessário cerca de 150 dias”, explica.

O presidente da comissão não descarta a possibilidade abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para discutir a possibilidade de municipalização da água, ou seja, a manutenção do sistema de distribuição de água seria concentrada pelo próprio território municipal, o que, segundo o vereador, facilitaria a agilidade na resolução dos problemas.

Prefeitura realiza reunião

O Secretário Municipal do Meio Ambiente de Canoas, Guilherme Haygert, participou na quinta-feira (20) de uma reunião na sede da Controladora da Corsan, em Porto Alegre. Durante o encontro com a gerente institucional Renata Rohde, foi tratado sobre uma nova gestão de fiscalização da Prefeitura aos serviços prestados pela Corsan ao Município. Na ocasião, apresenta plano de fortalecimento de fiscalização, tendo sido estabelecidos os indicadores e metas para a prestação de serviços da Corsan.

 “O importante na ação é apresentar imediatamente melhorias no atendimento à população do Município, criando um canal facilitador de demandas”, comenta o secretário Guilherme Haygert. O plano propõe reuniões semanais de alinhamento, com pautas e metas de qualificação.

Vazamentos, buracos e falta de água

Na última semana, moradores da Rua Francisco Alves, no bairro Nossa Senhora das Graças, ficaram por mais de um dia sem água devido aos canos danificados.

Edgar Colombo lamenta a rotina de falha nos serviços prestados



Edgar Colombo lamenta a rotina de falha nos serviços prestados

Foto: Paulo Pires/GES

“Virou rotina. A tubulação parece ser velha. Os reparos parecem ser feitos de qualquer jeito. Está complicado. Existe uma falha na prestação de serviço. A rua está uma colcha de retalhos. Tem buraco desde o último conserto na rede, que a equipe da Corsan não cobriu direito. Diversos vizinhos abriram protocolo para o vazamento e eles não vieram consertar. A água ficou quase dois dias jorrando sem parar na rua”, desabafa o advogado Edgar Colombo, 50 anos.

O aposentado Adão Teixeira Alves, 88, conta sobre a dificuldade de ficar sem água.

“A água da caixa d’água acabou rápido. No verão, é mais complicado ainda. A água da rua ficou sem pressão nas torneiras e chuveiro. Eles demoraram muito para consertar. No primeiro dia, uma equipe veio e só olhou. Sem explicação ou previsão alguma”, reclama.

Morador há décadas da Francisco Alves, o aposentado Ademir Zibetti, 72, enfatiza a insatisfação com o gosto e os valores cobrados pela água.

Ademir Zibetti está insatisfeito com a prestação de serviços da Corsan



Ademir Zibetti está insatisfeito com a prestação de serviços da Corsan

Foto: Paulo Pires/GES

“A água tem gosto ruim. Não dá para tomar. Somos três pessoas na casa, pagando em torno de R$ 500. Isso é um absurdo. Tenho que gastar comprando água mineral para podermos beber. É insalubre tomar a água da torneira”, diz.

O que diz a Corsan

Em nota, a companhia afirma que o problema de vazamento na Rua Francisco Alves foi solucionado na tarde de quinta-feira (20). A previsão para a reposição do asfalto no local danificado é até esta segunda-feira (24).

Sobre as constantes reclamações e a criação da Comissão Especial na Câmara de Vereadores, a Corsan disse que “para fortalecer a qualidade dos serviços, a Companhia tem investido continuamente na modernização das Estações de Tratamento de Água (ETA), adquirindo novas bombas e equipamentos, garantindo maior eficiência nos processos de tratamento.”

O comunicado também ressalta que “as variações temporárias no gosto da água podem ocorrer devido a fatores naturais, como mudanças climáticas e variações nos mananciais. A Corsan está adotando medidas para aprimorar os canais de comunicação e agilizar as demandas.”

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