“Resolvi parecer mais com Jesus do que com Bolsonaro”, diz Otoni

Candidato favorito a presidir a Frente Evangélica no Congresso, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) afirmou que quer se parecer “mais com Jesus do que com Bolsonaro”. Em entrevista ao Metrópoles, o parlamentar comentou a mudança de postura no tratamento com Lula, a quem chegou a chamar de “vagabundo” e a afirmar que lidaria com ele “na bala”.

Otoni de Paula afirmou ter se arrependido da forma como se expressou sobre Lula. “Eu poderia ter feito as mesmas críticas sem usar esse tipo de argumento. Por quê? Porque, quando me vejo hoje falando isso ao Lula, eu me percebo mais parecido com o Bolsonaro do que com Jesus”, disse.

“Eu sou pastor, sou ministro de Deus. Nem arma eu tenho, nem bala eu tenho, não é? Então, aquela minha fala representava um Otoni raivoso, que não media as palavras e que era a cara do bolsonarismo. Então simplesmente resolvi parecer mais com Jesus do que com Bolsonaro, é só isso”, afirmou o deputado.

Na entrevista, o parlamentar também comentou a oposição de Jair Bolsonaro à sua candidatura à presidência da Frente Evangélica. Para Otoni, o ex-presidente foi influenciado por lideranças bolsonaristas do seu estado, o Rio de Janeiro.

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Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou à coluna que pretende participar dos atos pelo impeachment de Lula

Otoni de Paula foi aliado de Bolsonaro durante os quatro anos de governo do ex-presidente
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O deputado evangélico Otoni de Paula (MDB-RJ) com o presidente Lula, em evento no Planalto

Agência Brasil/Reprodução

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Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou à coluna que pretende participar dos atos pelo impeachment de Lula

Igo Estrela/Metrópoles
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Otoni de Paula foi aliado de Bolsonaro durante os quatro anos de governo do ex-presidente

Reprodução

“Com essa entrada pessoal do presidente Bolsonaro contra a minha candidatura, se eu perder, eu perdi para Bolsonaro. Ele entrou contra mim. Agora, se eu ganhar, pelo amor de Deus, aí estou entrando para a história, porque eu ganhei do Bolsonaro. Porque, na verdade, agora o presidente Bolsonaro, que é tão grande, tão forte, que é o maior líder que temos na direita, resolveu se levantar contra este deputado que até ontem, aliás, até hoje, é seu aliado”, disse.

“Eu vejo que ele [Bolsonaro] foi contaminado, influenciado por alguns interesses, inclusive do meu estado. Porque no meu estado não há interesse no meu crescimento político, por conta de alguns interesses locais. Nós temos outras lideranças, algumas até sem mandato, mas que fazem parte do meu estado, não é? E que têm poder de influência sobre o Bolsonaro. E, quem sabe, não fizeram a ligação e disseram: ‘Bolsonaro, se você não entrar nessa, o Otoni vai levar e vai ficar ruim demais. Entra nessa’”, sugeriu.

Bênção a Lula

Otoni de Paula irritou aliados e o próprio ex-presidente em outubro, quando liderou uma bênção ao presidente Lula durante a assinatura da lei que criou o Dia da Música Gospel. Durante o evento, Otoni agradeceu ao petista pela sanção da lei e fez elogios ao presidente.

“Nossas escolhas são pautadas em crenças e valores. Não temos um dono, senhor presidente. Somos um corpo plural em nossa visão de mundo, a partir do nosso entendimento das santas escrituras”, declarou o deputado.

A reação mais incisiva veio do pastor e líder da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia. “Que bancada evangélica vai se aproximar de Lula? Alguns podem se aproximar, mas a massa não vai. O gesto do Otoni acontece porque ele quer jogar para os dois lados. Ele quer dar uma de Bolsonaro, mas está queimado do lado de cá”, criticou.

Após o evento com Lula e as críticas da oposição, Otoni de Paula deixou o grupo da bancada no WhatsApp.

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