Gol pede cancelamento do registro de suas ações nos Estados Unidos

A Gol apresentou nesta quarta-feira (26/2) um pedido de cancelamento do registro de suas ações preferenciais e de American Depositary Shares (ADSs) nos Estados Unidos.

Os ADSs são títulos equivalentes a ações de uma empresa cuja sede está fora dos EUA, mas que podem ser negociados entre investidores naquele país.


O que aconteceu

  • A solicitação foi apresentada à Securities and Exchange Commission (SEC), uma espécie de Comissão de Valores Mobiliários norte-americana.
  • Assim, na prática, a companhia aérea brasileira suspende imediatamente suas obrigações de apresentar relatórios nos EUA.
  • O cancelamento definitivo deve ser sacramentado em até 90 dias.

O que muda e o que se mantém

“Como resultado do protocolo do Formulário 15F, as obrigações da Gol de apresentar relatórios sob o Exchange Act foram suspensas desde já e espera-se que sejam encerradas 90 dias após o protocolo, salvo qualquer objeção por parte da SEC”, diz o comunicado da Gol.

No fim de janeiro deste ano, a negociação dos ADSs da Gol na Bolsa de Valores de Nova York foi suspensa. Em fevereiro, os papéis da companhia aérea foram excluídos da listagem e do registro.

Essa decisão estava relacionada ao pedido de recuperação judicial da empresa nos EUA.

No Brasil, a Gol permanecerá registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e continuará tendo suas ações preferenciais negociadas na Bolsa de Valores (B3).

A Gol também afirmou que seguirá divulgando seus resultados e comunicações, de acordo com a legislação brasileira.

Ações da Gol caem

No início da tarde desta quarta-feira, as ações da Gol caíam na Bolsa. Por volta das 13h20, os papéis da companhia recuavam 1,38%, a R$ 1,42.

Às 11h45, as ações da empresa chegaram a despencar 3,47%.

Possível fusão com a Gol

A Gol está negociando uma possível fusão com a Azul. Em janeiro, as companhias anunciaram um acordo para o início das tratativas.

Além da conclusão da recuperação judicial da Gol nos EUA, a fusão precisará ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Estimativas apontam que a empresa resultante da eventual fusão responderia por cerca de 60% do mercado de aviação comercial do Brasil e teria o controle de quase 100 rotas em todo o país, praticamente sem concorrência – o que suscita questionamentos acerca da formação de um duopólio, quando apenas duas empresas possuem quase todo o mercado.

Juntas, as duas companhias contam com mais de 300 aeronaves e tiveram um faturamento de R$ 25,3 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado.

De acordo com o memorando de entendimento entre Azul e Gol assinado no dia 15, a futura companhia seguirá o modelo de “corporation” – empresa sem controlador definido, tendo o grupo Abra como maior acionista. Ainda não há definição sobre os percentuais de participação de cada empresa no negócio.

A ideia é a de que as marcas Azul e Gol continuem a existir de forma independente, mas as empresas compartilhem aeronaves. A fusão envolverá apenas ativos já disponíveis, sem previsão de novos investimentos.

A aposta das duas empresas é na “complementaridade” de suas malhas aéreas. Enquanto a Gol se concentra em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a Azul conta com um leque mais amplo pelo país.

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