Juro alto deixa empresário “vagabundo”, diz Ometto, fundador da Cosan

O empresário Rubens Ometto, fundador da Cosan, afirmou nesta quarta-feira (26/2) que o patamar elevado da taxa de juros no Brasil prejudica o empresariado brasileiro.

Ometto participou da CEO Conference Brasil 2025, evento promovido pelo BTG Pactual, em São Paulo.

O primeiro dia do seminário, na terça-feira (25/2), contou com as participações dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

“Se você tem a condição de aplicar o seu dinheiro a 15%, 16%, e em alguns casos a 20%, 25% ao ano, você vai ficar vagabundo. Por que você vai correr risco? Você vai fazer com que todo mundo fique sentado na cadeira sem fazer nada, e o dinheiro não produz”, afirmou Ometto.

“Com esse nível de juros reais de 9%, 10% ao ano, é impossível você administrar qualquer investimento”, criticou o fundador da Cosan.

Durante o evento do BTG, o empresário disse ainda que, se houver uma taxa de juros mais baixa, “todo mundo vai ter que deixar de ser vagabundo”.

“Vai ter que começar a trabalhar para que seu negócio dê retorno, ou imobilizando, ou fazendo private equity, ou lançando no mercado de capitais, ações. Você vai alavancar e crescer muito”, completou Ometto.

Para o empresário, o atual patamar dos juros no país “dói”, e a diminuição da Selic “é um negócio simples para ser feito”.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, a Selic foi elevada em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, o quarto aumento consecutivo dos juros básicos.

Vale

Durante sua participação na conferência do BTG, Rubens Ometto revelou que um de seus objetivos de negócio era ampliar a influência na Vale – mas novamente os juros foram os maiores obstáculos.

Em janeiro, a Cosan vendeu sua participação acionária na Vale, que era de cerca de 4%, por R$ 9 bilhões.

“Nós fizemos um investimento na Vale que não deu certo por causa de juros. A gente contava com juros de 8,5%, e isso fez com que a gente não conseguisse manter o portfólio na Vale, que é uma empresa fantástica”, afirmou.

“Nós abortamos a operação, saímos, realizamos o prejuízo. É o tombo que a gente leva”, concluiu.

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