Mercado financeiro reage à criação de empregos acima do esperado e alta nos juros futuros

Ibovespa e dólar oscilam com foco em Haddad e política monetária

A divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) nesta quarta-feira (26) movimentou o mercado financeiro, impulsionando a alta nos juros futuros e influenciando o desempenho da bolsa. O número de empregos formais criados em janeiro superou as projeções, gerando preocupações sobre os rumos da política monetária.

Criação de vagas surpreende e pressiona juros

O CAGED revelou um saldo positivo de 137.103 novas vagas de emprego formal em janeiro, um número significativamente superior ao esperado pelo mercado. O dado indica uma economia mais aquecida, o que pode dificultar a trajetória de queda da taxa Selic no curto prazo.

A reação foi imediata: os juros futuros apresentaram forte avanço ao longo do dia, com o mercado revisando suas expectativas sobre os cortes na taxa básica de juros. O economista Caio Augusto, do Terraço Econômico, analisou o impacto da divulgação:

“O CAGED veio basicamente três vezes acima do que se esperava. A grande mensagem foi que o Banco Central, que é basicamente o único que está trabalhando para levar a inflação para a meta, ainda tem uma missão pela frente.”

A elevação nos juros futuros reflete a percepção de que a economia segue resiliente, mantendo o consumo e a atividade aquecidos. Esse cenário pode levar o Banco Central a adotar uma postura mais cautelosa na condução da política monetária.

Impacto no mercado e no câmbio

O Ibovespa começou o pregão em alta, mas reverteu a tendência ao longo do dia, pressionado pelo avanço dos juros. A perspectiva de uma política monetária menos expansionista penaliza setores sensíveis às taxas de juros, como varejo e construção civil.

Além disso, o dólar apresentou valorização frente ao real, com investidores reprecificando o risco de cortes mais lentos na Selic.

Banco Central pode reavaliar trajetória da Selic

Os juros futuros chegaram a subir 30 pontos-base ao longo da curva, sinalizando que o mercado começa a cogitar a possibilidade de cortes menores ou até mesmo uma interrupção no ciclo de afrouxamento monetário.

O economista Caio Augusto também destacou o impacto do cenário fiscal nas decisões do Banco Central:

“Temos um governo que já deixou claro que jogou a toalha e não vai fazer nenhum tipo de ajuste. O Banco Central, portanto, segue como o único agente buscando trazer a inflação para a meta.”

A alta na massa salarial e o mercado de trabalho aquecido adicionam um novo desafio para a política econômica. Com um desemprego estrutural estimado entre 8% e 10%, o Brasil já opera abaixo desse patamar, o que pode pressionar ainda mais os preços no médio prazo.

Perspectivas para os próximos meses no mercado

O cenário atual reforça a necessidade de acompanhamento atento das próximas decisões do Banco Central e das medidas do governo na área fiscal. Com um mercado de trabalho robusto e inflação persistente, os investidores devem ajustar suas expectativas para a Selic nos próximos meses.

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em março será fundamental para definir os próximos passos da taxa básica de juros. Caso a inflação continue sendo impulsionada pelo crescimento da renda e do emprego, o ritmo de cortes pode ser reduzido, impactando diretamente o custo do crédito e os investimentos no país.

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