SEXTORSÃO: Crime que surgiu nos anos 90 com termo curioso, evoluiu e já levou até pessoas à morte; entenda

A operação desencadeada nesta quinta-feira (27) pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo, a partir de uma investigação iniciada pela Polícia Civil de São Paulo, teve como objetivo desarticular uma quadrilha especializada em extorsão virtual, crime que nos últimos anos tem se tornado cada vez mais comum.

Criminosos se passam por mulheres para atrair homens para trocas de mensagens e imagens íntimas | abc+



Criminosos se passam por mulheres para atrair homens para trocas de mensagens e imagens íntimas

Foto: Pexels/Reprodução

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O esquema criminoso envolvia a criação de perfis falsos em redes sociais, onde os criminosos se passavam por mulheres e atraíam homens para trocas de mensagens e imagens íntimas. A partir desse contato inicial, os criminosos passavam a chantagear as vítimas, exigindo pagamentos sob a ameaça de divulgar as conversas e fotos para familiares ou em redes sociais. Muitos cederam à pressão, temendo a exposição pública.

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A investigação teve início após a morte de um vigilante bancário em São Paulo, que cometeu suicídio dentro da agência onde trabalhava, no município de Cruzeiro, após ser alvo dessa quadrilha. Ele chegou a fazer uma transferência bancária aos criminosos minutos antes de tirar a própria vida.

Um crime antigo com nova roupagem

O termo sextorsão (do inglês sextortion) surgiu ainda na década de 1990, quando começaram a surgir os primeiros casos desse tipo de crime nos Estados Unidos. Na época, criminosos utilizavam o e-mail para enganar as vítimas, fingindo ser mulheres interessadas em conversas íntimas. Após conseguir imagens comprometedoras, iniciavam a extorsão.

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O delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, responsável pela Draco de São Leopoldo, explica que a prática foi identificada inicialmente pelo FBI, a polícia federal norte-americana. “O termo sextortion (sextorsão em português) tem origem nos Estados Unidos, pois nos anos 90, no início da internet, o FBI desenvolveu um trabalho para coibir extorsões realizadas através de trocas de e-mail”, explica.

Delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, chefe da Draco de São Leopoldo, explica termo que originou crime de extorsão virtual | abc+



Delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, chefe da Draco de São Leopoldo, explica termo que originou crime de extorsão virtual

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

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Segundo o delegado, essa era a principal ferramenta utilizada pelos criminosos na época. Eles criavam perfis falsos, trocavam mensagens íntimas e, em seguida, passavam a exigir dinheiro das vítimas para não expor as conversas.

A partir dos anos 2000, esse tipo de golpe migrou para redes sociais e aplicativos de mensagens, ampliando o alcance dos criminosos. “Futuramente, nos anos 2000, isso evoluiu para trocas de mensagens através das comunidades sociais, das quais o Facebook, e atualmente Instagram e WhatsApp”, pontua Figueiredo.

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A popularização das redes sociais e aplicativos de mensagens facilitou a ação de criminosos. No Brasil, casos de sextorsão se tornaram frequentes nos últimos anos, impulsionados pelo anonimato digital e pela dificuldade de rastrear os responsáveis.

Investigação aponta que quadrilha que extorquia vigilante de SP era do Vale dos Sinos

A operação deflagrada nesta quinta-feira foi desencadeada com base em uma investigação da Polícia Civil de São Paulo. No entanto, os investigadores identificaram que todos os integrantes da quadrilha eram gaúchos e estavam baseados no Vale dos Sinos.

O principal alvo da investigação, responsável direto pela extorsão que resultou na morte do vigilante de 52 anos, é morador do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo. Ele foi preso pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira. O acusado tem 22 anos.

Além dele, também foram presas duas mulheres, identificadas como as responsáveis por receber os valores das extorsões praticadas pela quadrilha. Outros quatro homens, que já estavam reclusos em presídios gaúchos, também foram alvos de novas ordens de prisão.

Esses criminosos faziam parte da organização criminosa e estão envolvidos não apenas nas extorsões, mas também no tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e outros crimes.

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