Zanin vê corrupção e vota para receber denúncia contra deputados do PL

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin votou nesta sexta-feira (28/02) pelo recebimento da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra três deputados do Partido Liberal (PL) por corrupção e organização criminosa

O caso começou a ser analisado nesta manhã em plenário virtual, modalidade em que não há debate entre os ministros, que apenas depositam seus votos na plataforma da Corte. Por ser o relator do caso, Zanin foi o primeiro a se manifestar.

A denúncia, de setembro de 2024, envolve suspeita de desvio de emendas pelos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE).

“Em suma, havendo indícios suficientes quanto à materialidade e à autoria, a imputação do delito de organização criminosa deve ser recebida em desfavor dos denunciados Josimar Cunha Rodrigues, Gildenemir de Lima Sousa, João Bosco da Costa, João Batista Magalhães e Thalles Andrade Costa, na forma do art. 2º da Lei n. 12.850/2013, com a incidência do disposto no §4º, II, do mesmo dispositivo”, diz trecho do voto.

Zanin também votou pena extinção de punibilidade de Josival Cavalcanti Silva, apontado como agiota no suposto esquema devido à sua morte.

Caso a denúncia seja aceita pelo colegiado, os deputados virarão réus e passarão a responder um processo penal. Os demais ministros têm até dia 11 de março para apresentarem seus votos.

Ao longo da semana, as respectivas defesas apresentaram suas sustentações orais no processo, uma vez que o julgamento ocorre virtualmente.

Sede do STF em Brasília

Após a denúncia, o trio entrou na mira do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que defendeu a expulsão deles do partido.

“Depois da eleição, vamos dar um freio de arrumação no partido. Esses caras são contumazes em fazer besteiras e têm que ir embora, porque mancha tudo”, disse Bolsonaro em entrevista a uma rádio.

O caso entrou na pauta dos ministros depois de determinação de Zanin, no início de fevereiro. Dias depois, o ministro teve um encontro com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para discutir o caso.

Denúncia

Segundo a PGR, entre janeiro e agosto de 2020, os parlamentares, com o apoio de outras pessoas, solicitaram ao prefeito Eudes Sampaio Nunes, de São José do Ribamar (MA), propina para liberação de recursos federais.

O valor do pedido, diz a PGR, foi de R$ 1,6 milhão para que fossem liberados R$ 6,6 milhões em emendas patrocinadas pelos deputados do PL.

De acordo com a procuradoria, o líder do grupo era o deputado Josimar Maranhãozinho, que, em outra apuração, chegou a ser flagrado com maços de dinheiro.

“Os elementos informativos demonstram, portanto, que os denunciados formaram organização criminosa, liderada por Josimar Maranhãozinho, voltada à indevida comercialização de emendas parlamentares”, diz a PGR.

A PGR, no entanto, cita a participação do lobista José Batista Magalhães e do agiota Josival Cavalcanti no esquema que cobrou propina do prefeito para liberação das emendas.

De acordo com a denúncia, a articulação para liberação das emendas foi feita por Magalhães.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.