Desabamento da Casa do Imigrante completa 6 anos; veja como anda a revitalização

O desabamento de parte da Casa do Imigrante completa seis anos nesta quarta-feira (5). Seu chamado anexo (construção feita na década de 1940) ruiu em 5 de março de 2019, mas a Casa, também chamada de Casa da Feitoria e Museu do Imigrante, já estava desativada desde 2014 devido a problemas na sua estrutura.

Quando desabou, local já estava fechado há cinco anos devido a problemas estruturais

O local fazia parte de uma grande fazenda (a chamada Real Feitoria do Linho-Cânhamo) mantida por famílias portuguesas e abrigou as primeiras famílias alemãs no Brasil em julho de 1824. Por isso, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae/RS) desde 1992 na cidade que recebeu o título oficial de Berço da Colonização Alemã no Brasil pelo governo federal em 2011.

Marco histórico

A secretária de Cultura e Relações Internacionais (Secult) leopoldense, Lionella Goulart, destaca o local pelo papel na história da cidade e até do País.

“A edificação existe desde 1788, quando aqui foi instalada pela Coroa Portuguesa a Real Feitoria do Linho Cânhamo, e que decorridos 36 anos desse empreendimento usado para confeccionar cordas para navios por obra dos afro-descendentes escravizados, esse local serviu de abrigo para as primeiras levas de imigrantes alemães em 25 de julho de 1824”, conta.

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“A aquisição do imóvel pelo poder público ocorreu em 1941 e a casa passou por restauros. Seus traços germânicos enxaimel a consolidaram como símbolo da imigração alemã. A partir de 1980, através de lei municipal, ela foi doada ao Museu Visconde como forma de zelar pelo patrimônio histórico”, continua.

A manutenção da Casa do Imigrante é responsabilidade do Museu Visconde de São Leopoldo. No entanto, devido à sua importância histórico-cultural, o município inscreveu-a em 2021 e foi contemplado pelo projeto Iconicidades do governo do Estado, em 2022, obtendo apoio na elaboração do projeto de revitalização.

O diretor do Museu, Cássio Tagliari, comenta os desafios no cuidado com a Casa. “O Museu, por ser comunitário, sempre sofreu com problemas financeiros e, sozinho, teve dificuldades em manter a estrutura. Mesmo assim, funcionou lá até 2014, quando fechamos em definitivo já em função do precário estado do telhado.”

Como era a Casa

Com o objetivo de preservar a história da rotina das famílias que ali viviam, a Casa do Imigrante, em formato enxaimel, mostrava as características que possuía enquanto os imigrantes viviam lá. Quem a visitava se deparava com quartos, salas e guarda-roupas que apresentavam as características da época, além dos outros itens utilizados rotineiramente pelos alemães.

Orçamento da reforma atualizado

A Casa do Imigrante será revitalizada conforme o projeto da empresa Solls Arquitetura, vencedora do Iconicidades. Atualmente, a Secult está em fase de atualização do orçamento enquanto elabora a licitação para selecionar a empresa que trabalhará nas obras.

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Inicialmente, elaboração do projeto arquitetônico executivo e museológico estava orçada em R$ 607.321,14 e as obras de revitalização, por sua vez, era em torno de R$ 5 milhões. A Secult ainda não divulgou o novo valor das obras.

A revitalização, segundo a arquiteta leopoldense Patrícia de Freitas Nerbas, uma das sócias fundadoras da Solls Arquitetura, tem o objetivo de trazer ares de modernidade ao museu, porém, mantendo suas características – como manda o tombamento histórico.

Além da restauração, as obras devem proporcionar, também, a construção de um edifício multifuncional e a criação de pequenas praças com paisagismo regenerativo. Os visitantes poderão, ainda, desfrutar de um estacionamento, espaços livres para lazer e esportes, bar/cafeteria com capacidade para 25 pessoas, exposição interativa, sanitários públicos, sala de pesquisa, área de recreação infantil e outras atrações.

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