“Colchas do Bem” transforma máscaras em calor humano

Em 2020, em meio à pandemia da Covid-19, o Instituto Pessoas, Educação e Basquete (PEB), da Serra, no Espírito Santo, mobilizou 190 artesãs e costureiras para a produção de mais de 300 mil máscaras de tecido.

A iniciativa, que pagava R$ 1 por máscara costurada, entregava os insumos na porta das casas das profissionais semanalmente e distribuía os produtos em escolas e comunidades. Só na Serra, 22 comunidades foram beneficiadas com 10 mil máscaras.

A ação ganhou apoio de empresas e expandiu seu alcance, enviando máscaras para escolas e associações de moradores em Tocantins, Bahia, interior de São Paulo e Acre. Com o arrefecimento da pandemia, o projeto se viu com um estoque de 20 mil unidades.

Para dar um novo propósito aos retalhos, hoje três pessoas se dedicam a descosturar as máscaras e transformá-las em mantas, no que se transformou no projeto Colchas do Bem.

“Vencemos uma batalha e agora aquecemos os corações com os tecidos que salvaram muitas vidas”, afirma o presidente do PEB, Claudio Monteiro.

As mantas, feitas em dupla face, aquecem e carregam a história de um período desafiador. Apesar de o período não ser o mais propício para a venda de mantas, a expectativa é de que a procura aumente com a proximidade do inverno.

Do basquete à transformação social

O Colchas do Bem é apenas um dos braços de assistência social do Instituto PEB, que nasceu em 2016 como um projeto social informal de basquete, e se consolidou como um agente de transformação na Serra. A iniciativa, idealizada por um então estudante de Educação Física e hoje presidente da instituição, Claudio Monteiro, expandiu seu escopo para além do esporte, abraçando a assistência social e o desenvolvimento comunitário.

A instituição nasceu do esporte e hoje ampliou suas atividades, oferecendo capacitação e assistência social para as crianças e famílias (fotos: Instituto PEB)

Inicialmente chamado de “Educa Basquete”, o projeto evoluiu para “Projeto Educa Basquete” (PEB) e, finalmente, para “Pessoas, Educação e Basquete”, refletindo a ampliação de suas atividades. A instituição, que começou em Serra Dourada I, hoje possui cinco unidades em Laranjeiras, Eurico Salles, Boa Vista, Bicanga e Conjunto Carapina I, atendendo a crianças e adolescentes de 6 a 17 anos.

O basquete e o jiu-jitsu são as portas de entrada para as crianças, que são inseridas no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos em duas das unidades (Bicanga e Boa Vista). Além disso, o PEB oferece um trabalho de qualificação profissional com foco em grupos vulneráveis como mulheres, LGBTQIAPN+.

Instituto PEB transforma máscaras da pandemia em colchas do bem, unindo esporte e assistência social na Serra, ES. Conheça a história
O basquete e o jiu-jitsu são as portas de entrada para as crianças, que são inseridas no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos (foto: Instituto PEB)

Para dar uma ideia do impacto social do grupo, em 2023, o Instituto PEB qualificou 20 mulheres na área de barbearia e 50 pessoas em Tecnologia da Informação. Nos anos anteriores, foram oferecidos cursos de eletricidade básica e design de sobrancelhas, com 19 pessoas contratadas no mercado de trabalho. O impacto direto na vida das mães e famílias é um dos pilares do trabalho da instituição.

Atendimento e alcance

O Instituto PEB atende cerca de 220 crianças e adolescentes, com a expectativa de manter esse número em 2024, fora o alcance indireto, considerando o núcleo familiar. Além do esporte e da qualificação, a instituição oferece serviços de encaminhamento para famílias em situação de vulnerabilidade, auxiliando no acesso a programas como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Sustentabilidade e desafios

O desafio é garantir a sustentabilidade do trabalho, que tem um custo mensal de R$ 35 mil com pessoal. A instituição se mantém por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, doações de empresas e pessoas físicas, e da loja social, que vende roupas novas e seminovas a preços acessíveis.

Claudio Monteiro, presidente do instituto, afirma que garantir a sustentabilidade do trabalho ainda é um desafio (foto: arquivo pessoal)

“Vendemos roupas novas, que são doadas pela Receita Federal e empresas, além de seminovas, doadas por pessoas físicas. Este mês, estamos colocando tudo a R$ 10 por ser o mês da mulher”, conta Monteiro, explicando que a loja fica na Rua Salvador, 136, em Jardim Carapina, na Serra.

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