Filhas de paciente denunciam infiltração, mofo e falta de aparelho para exame no HNSG

Um pai acamado e cinco filhas desesperadas, essa é mais uma história de doença e fragilidade na saúde pública de Canoas. A família do paciente Jorge Luiz dos Santos, 60 anos, denuncia as condições estruturais do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) e a ausência de exame para classificar o tipo de tratamento mais adequado para o aposentado com câncer no pulmão e metástase no cérebro.

Jorge Luiz dos Santos



Jorge Luiz dos Santos

Foto: Arquivo pessoal

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Por meio de fotos e vídeos, os familiares registraram as más condições do quarto liberado para o paciente. As imagens apontam infiltração e mofo em paredes próximas aos leitos e no teto de um banheiro.

“O cheiro é horrível. Isso faz mal para qualquer pessoa. Ainda mais para quem está debilitado. Meu pai sente muitas dores, não está conseguindo comer direito. Está fraco. O que ele está recebendo são cuidados paliativos, não se iniciou nenhum tratamento para o pulmão. Foi realizada uma tomografia e ressonância que identificou lesões no cérebro. O médico disse que ele precisaria fazer uma biópsia no pulmão, mas o exame não foi marcado. Por último, falaram que ele não precisa mais. Vão esperar meu pai morrer?”, questiona a filha Caciane Massena dos Santos, 37 anos.

Segundo Caciane, as informações repassadas pelo HNSG são divergentes.

“Na quarta-feira [5], ouvi do médico que o aparelho para fazer a biópsia estava estragado há duas semanas. Nesta quinta-feira, a enfermeira de plantão negou a informação. Falaram que existe a possibilidade de mandarem meu pai para a casa e a biópsia não precisaria mais. Não entendo. Ele precisa de um tratamento adequado. Está com a saúde frágil. A impressão que passa é que o hospital quer abafar o caso”, afirma a auxiliar de cozinha.

Início da luta

Caciane relata o início da luta para conseguir atendimento para o pai idoso.

“Há cerca de duas semanas, meu pai passou mal. Ele estava apresentando os mesmos sintomas de quando teve um AVC [Acidente Vascular Cerebral] no ano passado. Levamos ele para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento], lá, eles fizeram exame de sangue e mandaram ele para casa. Ele se sentiu mal novamente e levamos para o HPSC [Hospital de Pronto Socorro de Canoas]. Com a emergência superlotada, ele ficou sentado em uma cadeira até conseguir ser realocado para a sala verde. Na sala verde, foram oito dias até conseguir um leito no HNSG. E quando conseguiu, o quarto estava naquele estado precário”, lamenta a filha de Jorge.

Problemas estruturais na sala verde também são apontados por Caciane.

“Literalmente choveu na sala verde. Tinha 27 camas, todas ocupadas. A porta do banheiro que fica na sala não tinha tranca. Uma situação caótica. Pagamos tanto imposto para passar por uma situação dessas.”

O que diz o HNSG

Por meio de nota, o hospital informou que “o médico fez a avaliação. A enfermeira da ala conversou com ele e o mesmo disse que irá avaliar os exames de imagem e que depois, se for necessário, ele solicitará uma endoscopia. Não há nenhuma solicitação de biópsia até o momento. O que o paciente ainda aguarda é uma avaliação da toráxica.”

Segundo o HNSG, a unidade está sem o aparelho para realizar o exame de fibrobroncoscopia, que o paciente necessita fazer.  “O paciente deverá ser encaminhado para o Hospital Universitário (HU) para realizar o procedimento.”

O comunicado reforça que “são dois hospitais juntos [HNSG e HPSC] e há superlotação devido às emergências do HPSC. Sobre a chuva na sala verde, o comunicado diz “as dificuldades foram enormes porque choveu muito na semana passada.”

Em relação às infiltrações, o HNSG afirma que elas serão solucionadas em até sete dias. “Os pacientes do quarto 108 estão sendo realocados para o quarto 100.”

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