Petróleo em queda: o que esperar da commodity e quais ações do setor mais afetadas?

Com o petróleo atingindo mínimas em meses, o Santander aponta que a correção recente nos preços da commodity reflete os fundamentos da oferta e demanda, na visão dos analistas do banco.

Os preços do brent caíram cerca de 10% nas últimas duas semanas, em grande parte devido, aponta o banco: a (i) Opep+ aumentando a produção em abril; (ii) um possível alívio das sanções contra a Rússia e (iii) preocupações de que uma guerra comercial poderia impactar negativamente a demanda global por petróleo.

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Na visão dos analistas do Santander, alguns membros da Opep+ poderiam pressionar o grupo a aumentar a produção – por exemplo, Emirados Árabes Unidos, Cazaquistão, Iraque e Rússia, dados seus projetos recentes e/ou necessidade de receitas adicionais – enquanto alguns países têm produzido consistentemente acima de suas cotas, o que também pode ter afetado as decisões do grupo, em nossa opinião.

Dito isso, o banco nota que os membros da Opep+ foram enfáticos em relação à conformidade e compensação pela superprodução passada no curto prazo (pendente de um plano a ser submetido à Opep em 17 de março).

Os analistas do Santander continuam a ver o mercado global de petróleo como desequilibrado, com um excesso de oferta potencialmente começando no 2T25, impulsionado por (i) reintrodução gradual de barris da Opep+ no mercado, (ii) crescimento da demanda não OPEP e (iii) uma desaceleração no crescimento da demanda (+0,9 milhão de barris por dia, ou bpd, ano a ano no 2T25, ainda superado pelo crescimento da oferta de cerca de 1,4 milhão).

O banco reforça ter atualizado o modelo de oferta e demanda de petróleo pela última vez em janeiro, quando os analistas reduziram as expectativas para o crescimento da produção não Opep e cortaram as premissas de crescimento da demanda para 2025, mas mantiveram o desenrolar dos cortes de 2,2 milhões de bpd a partir de abril. A visão é de um potencial pequeno excesso de oferta de 0,2 milhão de bpd começando no 2T25, que pode chegar mais perto de 1 milhão de bpd no 4T25, é mantida e explica a suposição de médio prazo de US$ 70/bbl Brent em seus modelos.

O analista do UBS Giovanni Staunovo apontou também que há uma certa preocupação no mercado de que a decisão da Opep+ seja o início de uma série de mais acréscimos mensais de oferta. Contudo, avalia, a declaração da Opep+ reitera uma abordagem de trazer de volta os barris somente se o mercado puder absorvê-los.

Analistas do Morgan Stanley Research disseram que era possível que a Opep+ realizasse apenas alguns aumentos mensais, em vez de desfazer totalmente os cortes. O banco projeta o petróleo a US$ 75 o barril no 1T25, enquanto cortou a projeção para o 2T25 de US$ 75 para US$ 70; as expectativas para os próximos trimestres também foram cortadas: de US$ 72,50 para US$ 67,50 no 3T25 e no 4T25. A projeção para 2026 foi mantida a US$ 70 o barril para 2026.

Visões para ações

O Santander ainda avaliou os cenários para as petroleiras listadas na Bolsa brasileira levando em conta a queda do petróleo, tanto para o fluxo de caixa quanto pela avaliação – na véspera, os papéis do setor como um todo caíram forte por conta da baixa do petróleo.

As empresas avaliadas são: Brava (BRAV3), Petrobras (PETR3;PETR4), PRIO (PRIO3) e PetroRecôncavo (RECV3). Isso em cenários de preços ainda mais baixos do Brent — embora cotações persistentemente mais baixas provavelmente levariam a revisões do programa de trabalho/capex pelas empresas.

Assumindo o brent a US$ 65/bbl, o banco acredita que PRIO se sairia melhor dado seu baixo custo de extração e capex (investimento em capital) relativamente limitado em 2025 (já que uma parcela significativa do capex da Wahoo já foi feita).

O banco estima que a PRIO geraria cerca de 20% de rendimento de FCF (fluxo de caixa livre) esperado para 2025 (excluindo fusões e aquisições), enquanto PetroRecôncavo entregaria cerca de 14%, Petrobras 7% e Brava 4%.

Para Brava, mais especificamente, o Santander acredita que o desempenho operacional atual tem sido robusto, o que apoiaria a companhia a resistir a um ambiente de brent de US$ 60/bbl e permitiria à administração da petroleira analisar cuidadosamente as economias de custos e a redução de capex em 2025 para garantir um FCF positivo.

“Embora entendamos que a convicção no setor é reduzida em um cenário de preços de petróleo persistentemente mais baixos, a PRIO seria nossa escolha preferida se o petróleo continue a cair, dada (i) sua capacidade de gerar FCF sólido em meio a preços baixos de petróleo e (ii) visibilidade cada vez maior em relação ao programa de trabalho da empresa para os próximos anos, dadas as licenças/autorizações ambientais que parecem estar avançando”, avalia o Santander. Cabe ressaltar que, na última semana, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concedeu a licença de perfuração para o campo de Wahoo, da PRIO.

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