“Motivo do crime foi a ganância de Adriana Villela”, diz promotor

O promotor de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) Marcelo Leite defendeu a manutenção da condenação de Adriana Villela pelo assassinato dos pais e da funcionária do casal.

Ao Metrópoles Leite declarou que “ficou exaustivamente demonstrado que o motivo do crime foi a ganância de Adriana Villela em assumir a fortuna dos pais”. “Sua polpuda mesada mensal já não era suficiente”, afirmou.

Com três assassinatos brutais e reviravoltas que chocaram o Brasil em 2009, o caso conhecido como Crime da 113 Sul volta à cena nesta terça-feira (11/3), com o julgamento de Adriana Villela na Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Os ministros vão analisar o recurso especial apresentado pela defesa, que pede anulação do júri que condenou Adriana como mandante do homicídio dos pais, José Guilherme Villela e Maria Villela, e da funcionária do casal, Francisca Nascimento da Silva. Eles também vão julgar a solicitação da acusação para a prisão imediata da ré.

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Leonardo Campos é acusado de receber dinheiro de Adriana Villela para esfaquear o casal e a empregada

Ele trabalhava como porteiro do prédio dos Villela, na 113 Sul
Paulo Santana
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Documentos do Crime da 113 Sul

Igo Estrela/Metrópoles

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Leonardo Campos é acusado de receber dinheiro de Adriana Villela para esfaquear o casal e a empregada

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Ele trabalhava como porteiro do prédio dos Villela, na 113 Sul

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Paulo Santana

Reprodução

Em 2019, Adriana foi condenada a 67 anos e 6 meses de prisão pelo Tribunal do Júri de Brasília. Ela recorreu e, em segunda instância, a pena foi reduzida para 61 anos e 3 meses. A arquiteta responde ao processo em liberdade e não deve comparecer ao julgamento no STJ.

O promotor de Justiça disse que a expectativa do MP é que, durante o julgamento desta terça, “sejam afastadas as nulidades levantadas pela defesa, porque inexistentes, e que seja respeitada a soberania dos vereditos constitucionalmente prevista, na forma das súmulas 7 e 83 do STJ, que veda a reapreciação de prova por recurso especial”.

Leite pontuou que a acusação apresentou as cartas escritas por Maria Villela que retratam esse “conflito por dinheiro com a filha, ao lado de testemunhas que deixaram muito claro a gravidade daquela discórdia”. O promotor afirmou ainda que “existem vídeos gravados dos corréus que acusam Adriana”.

“Há, também, testemunhas importantes que confirmam que souberam por parte do réu Leonardo [Campos Alves, também condenado pelos assassinatos] que o crime havia sido encomendado pela filha”, disse.

“Não esqueçamos que as características do crime permitem afastar de maneira cabal um latrocínio. Isso pelo grande número de facadas, de uma espera inexplicável para a chegada do homem da casa, bem como o fato de diversos objetos de valor não terem sido levados”, afirmou Leite.

A reportagem também ouviu a defesa de Adriana, formada pelos advogados Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Marcelo Turbay. Ao Metrópoles, Turbay ressaltou que a defesa tem “muita convicação da inocência de Adriana” e que as teses de nulidade são “contundentes”. Leia aqui.

Os outros três envolvidos já condenados em primeira instância tiveram as seguintes penas: 62 anos para Paulo Cardoso Santana; 60 anos para Leonardo Campos Alves; e 55 anos para Francisco Mairlon.

O MPDFT, o Ministério Público Federal (MPF) e o assistente de acusação pediram a prisão de Adriana Villela, com base no Tema 1.068 do Supremo Tribunal Federal (STF) segundo o qual é possível a prisão de réus imediatamente após o julgamento por júri popular.

Assistente de acusação

O advogado Pedro Calmon, assistente de acusação que representa a família de Francisca, disse que não houve “vício” no julgamento em primeira instância.

“É importante que a sociedade saiba que não se trata de um novo julgamento da causa. Adriana Villela está condenado pelo conselho de sentença do Tribunal do Júri. Essa decisão é soberana e não será abordada pelos ministros do Superior Tribunal de Justiça”, afirmou.

“O recurso especial trata única e exclusivamente de supostas nulidades que a defesa alega, mas que não se sustentam por ser matéria altamente vencida, preclusa, que já foi analisada”, declarou Calmon. Ouça:

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