Mulheres ainda têm renda inferior à dos homens, mesmo com mais escolaridade

As mulheres brasileiras estão cada vez mais escolarizadas, mas essa evolução no nível de ensino não tem se refletido de maneira proporcional em seus rendimentos no mundo dos negócios. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae, entre 2012 e 2024, as mulheres donas de negócios aumentaram em 16,5 pontos percentuais a proporção de empresárias com Ensino Superior incompleto ou mais. Já os homens tiveram um crescimento menor, de 9,2 pontos percentuais.

Atualmente, 72,4% das mulheres que lideram negócios possuem pelo menos o ensino médio completo, e quase 29% delas têm o Ensino Superior. Esse percentual é superior ao dos homens empreendedores, que contam com uma diferença de mais de 13 pontos percentuais favoráveis às mulheres.

No entanto, apesar da maior escolaridade, o rendimento médio das mulheres à frente de negócios ainda fica abaixo do dos homens. No quarto trimestre de 2024, a média de ganho das empreendedoras foi de R$ 2.867, representando uma diferença de 24,4% a menos em relação aos homens empreendedores. Vale ressaltar que essa discrepância já foi maior, de 30,3%, no início da série histórica, em 2012.

Sobrecarga de tarefas domésticas

Um dos principais fatores apontados para essa desigualdade é a sobrecarga de tarefas domésticas e cuidados familiares, como os filhos e idosos, que ainda recaem principalmente sobre as mulheres. A diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Margarete Coelho, destaca que a “cultura da rotina doméstica”, como é vivida atualmente, limita o potencial de muitas futuras empresárias e prejudica o crescimento dos negócios liderados por mulheres.

Outro dado relevante da pesquisa é a diferença na carga horária de trabalho entre os sexos. Enquanto as mulheres donas de negócios dedicaram, em média, 35 horas semanais no último trimestre de 2024, os homens chegaram a 41 horas. Esse desequilíbrio nas horas dedicadas ao trabalho empresarial pode ser um reflexo do “trabalho invisível” que ainda pesa sobre as mulheres no ambiente doméstico.

Por outro lado, a pesquisa também revela avanços importantes no papel econômico das mulheres nas famílias brasileiras. Atualmente, mais da metade (52,3%) das empreendedoras são chefes de família, um aumento significativo em relação aos anos anteriores, quando a responsabilidade pelo sustento da casa era maior para os companheiros.

O estudo

O estudo “Empreendedorismo Feminino – Sob a Ótica da PNAD Contínua”, realizado pelo Sebrae, destaca que o número de mulheres empreendedoras no Brasil chegou a 10,4 milhões em 2024, o maior já registrado na série histórica, marcando um crescimento de cerca de 42% desde 2012. Contudo, apesar de as mulheres representarem 51,7% da população em idade ativa, elas correspondem a apenas 34,1% do total de empreendedores no país, que soma 30,4 milhões de pessoas.

(Com Agência Sebrae).

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