Após protesto cobrando salários atrasados, Prefeitura de Canoas marca reunião com HPSC

“Salário, salário, salário.” Com balões pretos, muita buzina e apitos, trabalhadores da área da Saúde gritaram palavras de ordem na frente da Prefeitura de Canoas, na manhã desta quarta-feira (12). As categorias, representadas pelo SindiSaúde-RS, reivindicam salários atrasados e melhores de condições de trabalho e de atendimento aos pacientes.

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Os enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas e profissionais de higienização do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) e Hospital Universitário (HU) foram recebidos pelo prefeito Airton Souza e pelos secretários de Saúde, Eduardo Bermudez, e da Fazenda, João Portella, no Auditório Sady Schiwitz, no Paço Municipal. 

De acordo com a Prefeitura, o repasse de recursos para quitar as folhas de pagamento foi feito no quinto dia útil do mês. “A suspeita muito forte que nós temos é que repassamos o valor dos salários e a organização que gerencia utilizou para outras finalidades que não os salários. Nós vamos questionar eles”, esclarece Portella. 

Como encaminhamento da demanda das categorias, uma reunião com a Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (Iahcs), gestora do HPSC, será feita na tarde desta quarta-feira, às 14 horas. 

Sobre o HU, o hospital informou que todos os salários foram pagos na sexta-feira (7) e que as divergências apontadas foram corrigidas na terça-feira (11). Já a respeito do HNSG, a instituição enfrenta problemas de bloqueios judiciais, mas que já foram revertidos para a realização dos pagamentos dos funcionários. Conforme esclarecido pelo secretário Portella, os recursos são oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS) e repassados pelo governo federal e estadual. 

O prefeito Airton Souza também prometeu ao sindicato e aos trabalhadores presentes na reunião que uma comissão de acompanhamento das folhas salariais será criada. Pelo menos dois representantes dos profissionais de saúde, de cada hospital, devem ser indicados conforme solicitado pelo SindiSaúde-RS. “É bem importante que se faça essa portaria porque vai trazer transparência”, ressalta a vice-presidente do sindicato, Graziela Palma. 

Demandas 

“Nós só recebemos 60% do salário. É o segundo mês com atraso e com metade do salário”, reclama uma trabalhadora que não quis se identificar. Uma técnica de enfermagem que trabalha no HPSC desde 2021, que também não quis ter o nome informado, desaba sobre as condições de trabalho. “Falta de materiais. Não têm fraldas nem lençóis para cuidar dos pacientes. As pessoas chegam buscando uma ajuda e ficam piores. Depois da pandemia, as condições já não eram boas, mas agora piorou.”

O setor de higienização dos hospitais denuncia a falta de produtos básicos para fazer a limpeza adequada dos espaços. “Tem três panos para limpar doze quartos. Não temos pá para varrer o lixo. As colegas se machucam porque tem objeto pontudo, que corta”, conta indignada uma profissional que preferiu não informar o nome. 

Estas são algumas demandas de trabalhadores da área da saúde quanto às condições de trabalho nos hospitais de Canoas. De acordo com as categoriais, a ausência de materiais afeta o atendimento dado ao paciente. Além disso, os salários atrasados e falta de férias também prejudica a saúde física e mental. 

“Nesse processo de substituição de empresa [gestoras dos hospitais], os trabalhadores não estão tendo direito a férias. Às vezes, tiram férias, mas não recebem e quando voltam tem desconto. Também tem o problema com pagamento de verba rescisória. Demitem o trabalhador e não pagam. Tem uma série de problemas em todos os hospitais”, conta o presidente do SindiSaúde-RS, Júlio César Jesien.