Com IA governo vai rastrear membros do PCC na internet

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) vai rastrear integrantes de facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), a partir de padrões faciais encontrados em bancos de dados abertos na internet. Com o uso de inteligência artificial, a ferramenta vai comparar imagens dispostas em redes sociais, cadastros governamentais, fontes policiais, do Judiciário, portais da transparência e juntas comerciais.

A compra é conduzida pela Secretaria Nacional de Polícia Penais (Senappen), no valor de R$ 1,5 milhão, e tem a participação da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Civil do Distrito Federal e da Secretaria de Administração Penitenciária do Pará. Ao todo, serão adquiridos 11 sistemas de reconhecimento de padrões em bases abertas, no valor unitário de R$ 142,8 mil.

3 imagens

Licitação é conduzida pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen)

Sistema vai rastrear integrantes do PCC por reconhecimento facial na internet
1 de 3

Sistema vai usar bancos de dados governamentais para localizar integrantes do PCC

2 de 3

Licitação é conduzida pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen)

Rafaela Felicciano/Metrópoles

3 de 3

Sistema vai rastrear integrantes do PCC por reconhecimento facial na internet

Reprodução

O edital da licitação argumenta que o sistema vai enfrentar o poder tecnológico das organizações criminosas. “O envolvimento das organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital ‘PCC’, em ataques contra esta Secretaria Nacional de Políticas Penais é amplamente reconhecido, resultando em várias operações policiais, incluindo a Operação Sicários, que tem por objetivo conter a atividade criminosa que visa exclusivamente aterrorizar os servidores públicos federais e desencorajá-los a adotar boas práticas na gestão penitenciária, permitindo assim que continuem suas atividades criminosas”, observa o documento.

“Essas facções têm atuado de forma extremamente organizada, de modo a dificultar sua identificação e localização. Além disso, trabalham com nível de alerta muito alto, o que exige das equipes de inteligência o uso de ferramentas tecnológicas para minimizar os riscos e aumentar o êxito das operações”, lembra a Senappen.

O estudo técnico elaborado para orientar a licitação aponta que a ferramenta deve ser capaz de aproveitar vulnerabilidades tecnológicas ou descuidos dos chamados “atores maliciosos” monitorados para descobrir suas localizações. “Especialistas na área de Inteligência de Segurança Pública apontam que as organizações criminosas possuem diversos pontos fortes, como a transnacionalidade, a prática da corrupção, o alto poder financeiro, além do uso de tecnologias tanto para comunicação sigilosa quanto para o cometimento de crimes”, aponta.

“Por outro lado, existem ações vulneráveis cometidas pelos criminosos que podem ser exploradas pela inteligência, dentre as quais o fato de necessitarem celeridade nas comunicações, o que pode fazer com que haja um descuido na transmissão dos dados, como: postagem de fotos em redes sociais, compartilhamento de geolocalização, ancoramento de dispositivos para fornecimento de internet a terceiros, entre outros. Nesse diapasão, a segurança nacional depende de inteligência preditiva segura, permitindo a exposição e identificação focada em ameaças antes que danos sejam causados”, observa o estudo.

Identificação de ameaças

De acordo com a Senappen, o sistema poderá ser utilizado no combate a atividades ilegais envolvendo terrorismo, crime violento organizado, agitação social, operações de influência e notícias falsas, crimes cibernéticos envolvendo abuso e exploração sexual infantil, crimes financeiros, entre outros.

“Dessa forma, a plataforma de inteligência deverá oferecer uma complementação de recursos, de modo a abranger as tecnologias de segurança, utilizando-se de técnicas atualizadas constantemente, focadas na coleta, inteligência artificial e análise de dados de fontes abertas e dispositivos embarcados, permitindo não só a correlação de alvos, mas também a identificação de ameaças à ordem pública. Neste cenário, o reconhecimento facial emerge como uma solução promissora”, diz a secretaria.

Entre as exigências para a aquisição da ferramenta, o MJSP relaciona a utilização de algoritmo de reconhecimento facial “altamente preciso e escalável”, a possibilidade de pesquisa de padrões faciais em plataformas como Facebook, Instagram, VKontakte, LinkedIn, TikTok e Twitter, a pesquisa em fontes de dados governamentais e a associação de imagens de busca de reconhecimento facial a sites, domínios e URLs no avanço do processo de análise de dados para a inteligência.

A empresa contratada para desenvolver a ferramenta também deverá oferecer capacitação de pessoal com mínimo de 16 horas, incluindo os conceitos do sistema, abrangência, melhores práticas e acesso à Dark Web e Deep Web e suas estruturas lógicas na busca de dados.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.