Gestor da Kinea diz que mercado lá fora virou de entusiasmo para preocupação

A Kinea realiza reuniões diárias com equipes de análise micro e macro. Para a gestora, os encontros são uma oportunidade para discutir teses. Segundo Rafael Oliveira, gestor de ações da empresa, os analistas não têm preocupação com informações técnicas, pois o foco deles é o fundamentalismo. “Já nós, gestores, acompanhamos tanto os dados técnicos quanto os preços para formar nossa posição, seja ela longa ou curta”, afirma.

E para Oliveira, um dos maiores desafios hoje é entender os movimentos de mercado fora do Brasil. “O que antes era vibração agora está virando problema, e isso exige uma leitura ainda mais precisa dos dados para não cairmos em armadilhas de percepção equivocada”, destaca.

“A gente tem carregado posição nos Estados Unidos e Europa há algum tempo e, mais recentemente, no final do ano passado para cá, aumentamos nossa exposição à China”, afirma Rafael Oliveira, que participou do episódio 274 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter. 

Episódio anterior do Stock Pickers:

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Contexto

“Essa estratégia tem nos ajudado bastante, especialmente no contexto em que estávamos mais preocupados com o Brasil e animados com o cenário externo”, explica.

O gestor destacou que a exposição internacional foi um diferencial no final de 2024, quando o Brasil apresentava um cenário econômico desafiador, enquanto os Estados Unidos permaneciam como a principal fronteira de desenvolvimento global.

Contudo, a virada de 2025 trouxe um movimento inesperado, com o mercado brasileiro reagindo positivamente e os índices norte-americanos enfrentando oscilações.

“Começamos o ano com uma exposição reduzida ao Brasil, que acabou não contribuindo, porque o mercado local andou, enquanto o S&P apresentou uma performance abaixo do esperado. A gente vinha carregando posição em tecnologia nos Estados Unidos até o movimento do ‘Deep Seek Day’, que acabou acionando alguns de nossos stops e nos forçou a adotar estratégias de proteção para mitigar as perdas”, relata o gestor.

Operações de hedge

A Kinea, que também utiliza operações de hedge para se proteger contra oscilações, encontrou desafios na eficácia de algumas estratégias. “Alguns hedges não funcionaram como esperado, seja porque o custo foi alto demais ou pela quebra de correlação. No ‘Deep Seek Day’, por exemplo, enquanto o Nasdaq caía 2%, a bolsa brasileira subia 2%, o que nos surpreendeu. Desde então, reforçamos estruturas de proteção e reduzimos risco”, afirma.

A postura cautelosa reflete a busca pela manutenção da resiliência da carteira, mesmo diante de movimentos imprevisíveis do mercado. “Temos uma produção intensa de conteúdo, com diversos analistas setoriais e macroeconômicos contribuindo para o processo decisório, o que nos ajuda a calibrar as estratégias e ajustar as posições quando necessário”, afirma Rafael Oliveira.

Inteligência artificial

A Kinea vem ampliando o uso de inteligência artificial e dados para identificar oportunidades de investimento, especialmente no mercado de fundos líquidos.

“Na verdade, nós somos bem agnósticos. Se existe alguma estratégia que dá dinheiro ou tem algum peso, a gente vai levá-la a sério. Percebemos que estratégias técnicas e gráficas têm gerado muito lucro, principalmente no exterior, mas começam a ganhar relevância também no Brasil, especialmente para ativos mais líquidos”, destaca.

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