PGR rechaça pedido de anulação da delação de Cid: “Não há fato novo”

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, rechaçou, em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (13/3), a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da presidência da República.

O pedido de anulação foi feito pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas Gonet entende que “não há fato novo que justifique” o cancelamento do acordo celebrado com o militar. Os advogados questionaram o modo como teria ocorrido a delação de Cid, afirmando que ele teria sido pressionado e, por isso, com o cerceamento ao pleno direito de defesa.

A PGR enfatizou que o próprio Cid pleiteou a manutenção do acordo: “É expressivo que o colaborador, em sua resposta preliminar, haja pleiteado a manutenção de todos termos ajustados no seu acordo, reforçando a voluntariedade da pactuação e o seu compromisso com o cumprimento das cláusulas estabelecidas”.

E complementou: “O colaborador esteve sempre acompanhado dos seus ilustres patronos constituídos. Nos referidos autos, a Procuradoria-Geral da República se manifestou, em mais de uma oportunidade, pela manutenção do acordo de colaboração premiada, o que foi acolhido judicialmente”.

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Mauro Cid na saída da Polícia Federal, em Brasília

Mauro Cid chegando ao STF para prestar depoimento
Após Mauro Cid depor por 3h no STF, Alexandre de Moraes decide manter acordo de delação. Cid não deixou de ser indiciado por trama golpista
Mauro Cid deixa prédio do STF após audiência
PF localizou um documento contendo informações sobre a delação Cid na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino
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Mauro Cid durante depoimento em CPI no Congresso

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Mauro Cid na saída da Polícia Federal, em Brasília

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Mauro Cid chegando ao STF para prestar depoimento

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Após Mauro Cid depor por 3h no STF, Alexandre de Moraes decide manter acordo de delação. Cid não deixou de ser indiciado por trama golpista

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Mauro Cid deixa prédio do STF após audiência

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PF localizou um documento contendo informações sobre a delação Cid na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino

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Manutenção da denúncia

A manifestação da PGR ao Supremo ocorre após o período de apresentação das defesas dos denunciados. Paulo Gonet contrapôs os argumentos centrais e se manifestou pela manutenção da denúncia. Ele rebateu, de forma conjunta, as alegações de oitos dos investigados que fazem parte do chamado “núcleo central” da suposta organização criminosa.

A PGR fatiou a denúncia oferecida ao STF sobre os acusados de participação na trama golpista em cinco núcleos. No total, 34 pessoas foram denunciadas. Além de Bolsonaro, estão neste primeiro grupo quatro ex-ministros:

  • Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa)
  • Anderson Torres (Justiça)
  • Paulo Sérgio Nogueira (Defesa)
  • Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional)

“Superadas as preliminares suscitadas pelos denunciados, basta anotar, quanto ao mérito, que a fase processual do recebimento da denúncia é juízo de delibação, jamais de cognição exauriente e que, na espécie, a denúncia descreve de forma pormenorizada os fatos delituosos e as suas circunstâncias”, relata o PGR em sua manifestação.

Gonet apontou, ao final, que a denúncia atende, de modo pleno, os requisitos do Código de Processo Penal e, por isso, defende o recebimento dela pelo STF. Com a manifestação da PGR, os autos retornam, agora, à 1ª Turma do Supremo, onde os ministros integrantes decidirão pela aceitação ou não, dando prosseguimento ao caso.

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