Presidente não conseguirá governar em 2027 com atual arcabouço fiscal, diz Tebet

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse na quarta-feira que o governo federal, seja quem for o presidente, não conseguirá governar em 2027 com o atual arcabouço fiscal, indicando que vê uma “janela de oportunidade” no fim do próximo ano para um ajuste necessário das contas públicas.

“Chegou o momento que em 2027, seja quem for o próximo presidente da República, não governa com esse arcabouço fiscal, com essas regras fiscais, sem gerar inflação, dívida pública e detonar a economia”, disse Tebet em entrevista à GloboNews, que foi ao ar na noite de quarta-feira.

Leia também

Quase metade dos deputados e senadores considera o governo Lula ruim ou péssimo

Pesquisa ouviu 110 deputados federais de 18 partidos e 26 senadores de 11 siglas diferentes entre os dias 11 e 12 de fevereiro

Lula diz esperar que Haddad seja melhor ministro da Fazenda que Brasil já teve

Lula deu declarações durante evento de lançamento do novo programa de crédito consignado para trabalhadores privados

Segunda a ministra, será difícil aprovar qualquer medida de ajuste fiscal no Congresso até as eleições de 2026, uma vez que os parlamentares estariam preocupados com o impacto de tais iniciativas na busca de sua reeleição.

Com isso, Tebet afirmou que vê uma “janela” para a discussão de medidas de contenção dos gastos nos últimos dois meses do próximo ano, logo após as eleições, defendendo que o país não pode desperdiçar a oportunidade de fazer um ajuste necessário nas contas públicas.

“O que nós temos de janela de oportunidade… em novembro e dezembro de 2026, seja o presidente Lula reeleito ou seja um outro presidente eleito, é fazer o dever fiscal, é cortar gastos, o supérfluo e fazer uma política em um arcabouço mais rigoroso”, apontou.

A ministra argumentou que essa estratégia seria exatamente o oposto do que foi feito após as eleições de 2022, quando foi necessário que o governo recém-eleito apresentasse a chamada “PEC da Transição” para restabelecer políticas públicas como o Bolsa Família, o Auxílio-Gás e o Farmácia Popular.

Tebet ainda reafirmou o compromisso do governo em cumprir a meta fiscal de déficit primário zero para este ano e classificou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como um “verdadeiro herói” por defender a responsabilidade fiscal diante da resistência dentro do próprio partido.

“Nós temos que cumprir meta zero. E nós vamos cumprir meta zero.”

Inflação de alimentos

Na entrevista, Tebet também defendeu a medida anunciada pelo governo para zerar a alíquota de importação de alguns produtos a fim de reduzir os preços dos alimentos, o que o Executivo vê como fundamental para tentar recuperar a popularidade do presidente Lula.

De acordo com a ministra, a medida terá um “efeito moral” ao estimular produtores brasileiros a manter parte de sua produção no país diante da concorrência de produtores estrangeiros, o que terá como consequência a redução dos preços dos alimentos devido ao aumento da oferta no mercado nacional.

Na semana passada, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou a iniciativa de zerar a alíquota de importação de certos alimentos, afirmando que a isenção incluirá produtos como carne, café, açúcar e milho, entre outros, e é parte de um “primeiro” conjunto de medidas.

The post Presidente não conseguirá governar em 2027 com atual arcabouço fiscal, diz Tebet appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.