Ações da Natura despencam quase 30% enquanto Magalu dispara: entenda os motivos

Natura. Foto: Reprodução, Divulgação

O mercado financeiro teve um dia de fortes emoções nesta sexta-feira, 14 de março de 2025, com dois grandes nomes do varejo apresentando movimentos opostos na B3. Enquanto as ações da Magazine Luiza (MGLU3) dispararam mais de 15%, as da Natura &Co (NTCO3) despencaram quase 30%. Mas o que está por trás dessa oscilação tão brusca? Vamos destrinchar os números e trazer as análises do especialista Felipe Sant Anna, da Stardesk, que comentou o caso no Flash News da BMC.


Natura em queda livre: por que os investidores fugiram do papel?

O dia foi de pânico para os acionistas da Natura. A empresa divulgou um prejuízo líquido de R$ 438 milhões no quarto trimestre de 2024. Embora o número seja significativamente menor do que os R$ 2,6 bilhões registrados no mesmo período de 2023, o mercado não reagiu bem.

A Natura até conseguiu aumentar sua receita líquida em 16,1%, atingindo R$ 7,7 bilhões, mas o EBITDA ajustado veio negativo, em R$ 139 milhões, acendendo um alerta entre os investidores.

Segundo Felipe Sant Anna, o mercado já não enxerga a Natura com o mesmo otimismo de antes:

“A Natura surfava muito na onda do ESG, mas esse tema foi perdendo relevância no cenário global. Além disso, a empresa sofre com margens apertadas e um relatório financeiro confuso, misturando os números da Natura com os da Avon e do processo de Chapter 11 nos EUA. Em um momento de guerra comercial e com papéis mais atraentes na Bolsa, muitos investidores optaram por sair do papel.”

Os bancos de investimento reforçaram essa percepção. O Bradesco BBI apontou que as margens na América Latina decepcionaram, enquanto o Citi destacou que, apesar da melhora na receita, os altos custos e despesas seguiram pesando nos resultados.

No fim do pregão, a NTCO3 fechou com queda de 29,94%, negociada a R$ 9,50.


Magazine Luiza dispara: “o sapatinho de cristal coube” no Magalu?

Se para a Natura o dia foi de pesadelo, para o Magazine Luiza foi uma festa. As ações da empresa saltaram mais de 15%, refletindo um balanço trimestral sólido e acima das expectativas do mercado.

O Magalu registrou um lucro líquido de R$ 294 milhões no 4T24, um crescimento de 38,9% em relação ao mesmo período de 2023. Além disso, a margem EBITDA subiu 60 pontos-base, chegando a 7,8%, o que reforça a tese de recuperação da rentabilidade da empresa.

Outro dado que animou os investidores foi o fluxo de caixa operacional positivo de R$ 2 bilhões e a geração de caixa livre de R$ 1,2 bilhão, indicando uma melhora significativa na estrutura financeira da varejista.

Para Felipe Sant Anna, o Magalu finalmente começa a retomar seu espaço no mercado:

“Enquanto a Natura tem seu dia de abóbora, o Magalu tem seu dia de princesa. Parece que o sapatinho de cristal coube no pé da empresa. O balanço foi muito positivo e, depois de anos de resultados fracos, os números indicam uma guinada. Mas vale um alerta: o setor ainda enfrenta desafios, como margens apertadas e forte concorrência de gigantes como Amazon e Mercado Livre.”

Os analistas do BTG Pactual reforçaram que o foco da empresa na rentabilidade foi um fator decisivo para o bom desempenho da ação no pregão de hoje.

No fechamento do dia, MGLU3 subiu 15,2%, negociada a R$ 5,90.


O setor de varejo pode continuar subindo?

Apesar do otimismo com os resultados de Magalu, o cenário do varejo ainda é desafiador. Com juros altos e endividamento elevado das famílias, o setor precisa equilibrar crescimento com rentabilidade.

O governo federal anunciou novas medidas para estimular o crédito, incluindo linhas de financiamento para trabalhadores CLT. Essa injeção de dinheiro pode impulsionar o consumo e beneficiar empresas do setor, mas Felipe Sant Anna alerta para o risco no médio e longo prazo:

“Crédito é bom, dinheiro é bom e comprar é bom. Mas a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Estamos subindo a dose do crédito e isso pode cobrar um preço em 2026, com um possível aumento da inflação e do endividamento das famílias.”

Com um cenário macroeconômico ainda instável, o investidor precisa avaliar com cautela os próximos passos antes de apostar no setor varejista.

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