Como suposto mandante de morte de inimigo do PCC passou a abastecer CV

São Paulo — De acordo com o relatório final da investigação sobre o assassinato de Vinícius Gritzbach, Emílio Gangorra Castilho, conhecido como Cigarreiro ou Bill, apontado como um dos mandantes mandantes do crime, era ligado à cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) e tinha trânsito com a facção rival Comando Vermelho (CV), principal organização criminosa do Rio de Janeiro.

Para a Polícia Civil de São Paulo, Cigarreiro foi, ao lado de Diego Santos Amaral, o Didi, o responsável por encomendar a execução de Gritzbach, morto com 10 tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em 8 de novembro do ano passado.

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Gritzbach chegou a ser preso, mas acabou liberado

Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC
O delator do PCC foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia
Empresário, preso sob suspeita de mandar matar integrantes do PCC, foi solto por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Corpo de rival do PCC executado no aeroporto
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Antônio Vinícius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem com a namorada quando foi executado na tarde de 8 de novembro, na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo

Câmera Record/Reprodução

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Gritzbach chegou a ser preso, mas acabou liberado

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Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC

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O delator do PCC foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar integrantes do PCC, foi solto por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

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Corpo de rival do PCC executado no aeroporto

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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto

Leonardo Amaro/ Metrópoles

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Delator do PCC foi morto no Aeroporto de Guarulhos

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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto

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O crime seria uma vingança à execução do líder do PCC Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, em dezembro de 2021, e a um suposto golpe milionário que Gritzbach teria dado na facção, desviando parte de um investimento em criptomoedas.

“Não existem dúvidas que todos os indivíduos supramencionados de alguma forma trabalham e estão vinculados a Cigarreira, sendo eles integrantes do PCC, CV ou da organização criminosa de tráfico de drogas interestadual liderada por Emílio Castilho”, afirma a polícia no relatório.

De acordo com as investigações, Cigarreiro teria assumido o fornecimento de drogas para a Vila Cruzeiro após o traficante carioca Alan Hilário Lopes, o Rala, ser baleado em uma troca de tiros com policiais do Bope e ficar paraplégico, em 2007.

Cigarreiro e Rala teriam se conhecido em uma prisão não mencionada no relatório e se tornado comparsas no tráfico interestadual.

“Rala era um conhecido traficante no Rio de Janeiro, responsável pelo abasatecimento da Vila Cruzeiro, na Comunidade da Penha, após tornar-se cadeirante, seu espaço foi assumido por Emílio Gangorra Castilho”, afirma a polícia de São Paulo.

Segundo a investigação, a organização criminosa liderada por Cigarreiro contava com a participação de seu irmão, Anderson Luiz Gangorra Castilho, conhecido como Moringa, que ficava responsável pela gestão financeira do grupo. O trabalho consistia em levar drogas de São Paulo para o Rio de Janeiro.

As investigações apontaram que o núcleo do Rio de Janeiro ligado à morte de Vinícius Gritzbach ainda contou com a participação de Gleidson Araújo Silva, o Quetinho, e seu irmão Michel de Araújo Silva. Eles teriam ajudado, por exemplo, na fuga de Kauê do Amaral Coelho, apontado como olheiro do crime, responsável por avisar os atiradores sobre a chegada da vítima.

Festa de dois dias

O relatório de investigação indica que os suspeitos do crime teriam comemorado o sucesso na “missão” em uma festa de dois dias na comunidade da Penha, no Rio de Janeiro.

Conversas de WhatsApp, interceptadas pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), mostram que duas mulheres comentam que a festa ocorreu “na casa da piscina” do “Pai”, uma forma pela qual chamam Emílio Carlos Gongorra Castilho, o Cigarreiro — apontado como mandante do assassinato e importante liderança do PCC. Como mostrado pelo Metrópoles, ele ainda comercializa drogas com a principal facção rival do PCC, o Comando Vermelho (CV).

No dia da morte de Gritzbach, João Victor Amaral Coelho, irmão de Kauê, trocou mensagens com o amigo João Pedro Colares de Oliveira, comentando sobre a morte do delator. Eles falam sobre uma recompensa de R$ 3 milhões pela morte, oferecida por Cigarreiro. Após isso, ambos dialogam sobre temas de desinteresse da investigação.

Somente em 12 de novembro, quatro dias após o crime, retomam a falar sobre o assassinato e da festa ocorrida no Rio de Janeiro, com a presença de Kauê, e sobre outra comemoração, também por causa do assassinato, organizada em um sítio na cidade de Igaratá, no interior paulista. “Todo mundo” estaria “comemorando”, escreveu o irmão do olheiro.

“Colares questiona se a comemoração seria pela more de Vinicius [Gritzbach], ao que João confirma”, diz trecho de relatório do DHPP.

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