“O encontro com esses animais continuará acontecendo”, diz biólogo sobre flagra de bugio no Centro de Canela

Há uma semana, um bugio era flagrado no Centro de Canela, ao lado da Catedral de Pedra, atravessando as ruas. O fato despertou curiosidade e o vídeo filmado rapidamente ganhou as redes sociais. Entretanto, levantou também questões e problemáticas sobre o aparecimento das espécies em zonas urbanas das cidades da Serra gaúcha. 

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Vídeo com flagrante foi feito durante o final de semana, no Centro canelense



Vídeo com flagrante foi feito durante o final de semana, no Centro canelense

Foto: Redes sociais/Divulgação

É comum serem vistos?

Ver um bugio atravessando a rua não é tão comum pela região. Porém, também não se pode dizer que é uma cena rara ou atípica. “Há alguns estudos pontuais sobre grupos de bugios, mas nenhum que estime toda a população da região. No entanto, posso afirmar que se trata de um animal comum de ser visto em Canela. A Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo já recebeu chamados sobre esses primatas em diferentes bairros da cidade”, coloca o biólogo.

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As cidades serranas estão inseridas em áreas com predominância de florestas. Assim como os bugios, outras espécies podem ser avistadas. “Se observarmos a Serra gaúcha por satélite, notamos que as cidades formam pequenas manchas cinza em meio a uma imensa mancha de vegetação. Ou seja, vivemos onde antes era a casa desses animais. Nós invadimos suas terras”, justifica Alékos.

“Não estou aqui fazendo um ataque romântico ao desenvolvimento. Cidades crescem, pessoas nascem todos os dias, e é inevitável a necessidade de mais casas, escolas, bairros e empregos. Estou apenas constatando um fato: as cidades serranas estão inseridas no habitat de diversas espécies da fauna, e o encontro com esses animais continuará acontecendo”, finaliza.

Estratégias

Debates sobre a importância da fauna devem se tornar constantes, observa Alékos. “Cabe ao poder público articular medidas para que esse desenvolvimento ofereça corredores ecológicos, passadores de fauna, áreas de proteção ambiental e parques ecológicos. Além disso, na aprovação de empreendimentos, devem ser solicitadas medidas que assegurem o bem-estar da fauna”, pontua.

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Sobre a espécie

O macaco-bugio que conhecemos aqui na região trata-se do Alouatta guariba clamitans, que é conhecido como bugio-ruivo – o mesmo avistado, conforme o biólogo Alékos, durante o final de semana.

“Este primata é comumente encontrado do Centro do Brasil para o Sul. Ao se afastar da linha do Equador em direção ao Trópico de Capricórnio, traz consigo um clima temperado e estações do ano bem definidas. Este é o ambiente do bugio-ruivo. Porém, há em torno de sete espécies diferentes de macacos-bugios no Brasil, maiores e menores, e de diferentes tonalidades, distribuídas por praticamente todos os biomas nacionais”, conta.

Segundo o servidor do Meio Ambiente, o bugio-ruivo encontra-se sob ameaça, classificado em status de “vulnerável”. Isso ocorre, principalmente, devido à perda de seu habitat. “Como a maioria dos primatas, este animal necessita de uma estabilidade ecológica para desenvolver todos os seus comportamentos de forma saudável. Alimentam-se de frutas, brotos, flores e lianas – cipós e trepadeiras -, ou seja, trata-se de um animal predominantemente herbívoro”, explica o biólogo.

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