Após fim do EMBI+, novo indicador desponta como alternativa para medir risco

Qual o melhor termômetro para medir a volatilidade e os riscos de investir no Brasil (e em outros países)? Um bom caminho usado até meados do mês de 2024 era o Embi+, calculado pelo JPMorgan.

Esta era a sigla para Emerging Markets Bond Index Plus, que significa Índice de Títulos de Mercados Emergentes Mais, basicamente medindo o desempenho de títulos públicos de economias emergentes.

O índice auxiliava os investidores na compreensão do risco de investir em determinado país. Quanto mais alto fosse, maior seria o risco. A unidade de medida usada era ponto-base, trazendo a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos emitidos pelo Tesouro americano. A diferença constituía o spread, sendo essencialmente o Country Risk Premium, ou o Prêmio de Risco País.

Contudo, o índice foi descontinuado em julho de 2024, fazendo com que o mercado perdesse uma boa referência sobre investimentos nos países emergentes.

Uma alternativa a ser pensada num primeiro momento seria olhar para o CDS (Credit Default Swap), ou um derivativo de crédito. Com ele, é possível traçar comparações regionais para que o investidor decida onde aplicar seu dinheiro.

Porém, a visão é de que há também limitações ao usar o CDS, uma vez que ele reflete mais movimentos especulativos do que o risco de se investir em um país a longo prazo.

Pensando nisso, equipe formada por José Roberto Securato Júnior, Sócio Fundador da Saint Paul Advisors & Saint Paul Capital Partners, desenvolveu uma alternativa ao EMBI+, chamada “CRP by SPA”, estimando o Prêmio de Risco Brasil considerando os vários prazos de vencimento de títulos disponíveis dos países.

Ao InfoMoney, Securato Júnior destacou que o EMBI+ comparava títulos soberanos de diferentes países com os títulos soberanos dos Estados Unidos, usados como referência, trazendo padronização na análise de risco. Porém, apontou que a metodologia até então não era totalmente transparente, o que também motivou sua equipe a desenvolver um índice próprio.

Uma das diferenças destacadas entre o cálculo utilizado pelo CRP SPA e o do JPMorgan é que o primeiro não ajusta os títulos por liquidez, preferindo uma abordagem mais simples e que, ao fazer um back test (ferramenta que testa a eficácia de uma estratégia, utilizando dados históricos), mostrou pouca diferença em relação ao EMBI+.

O CRP SPA mede o quanto o investidor espera de prêmio para investir num país, tendo como referência o título de menor risco do Brasil e comparando com o título de menor risco dos Estados Unidos. Os títulos têm como referência a mesma moeda, o dólar, tirando o risco de oscilação da moeda, de forma a medir somente o risco de colocar o dinheiro no país, sem eventuais controles de câmbio que “maquiariam” o risco país.

Outros pontos que devem ser colocados também já na conta são o de tamanho. “O Brasil é muito menos líquido que os Estados Unidos. Então, esses componentes já estão levados em consideração dentro desse indicador. (…) Quem está investindo no governo soberano brasileiro já está investindo no mercado que é muito menor e muito menos líquido em relação ao americano. Então, quando olha para isso, pode colocar um prêmio de tamanho e de liquidez, mas ele tem que se colocado dentro da perspectiva correta”, avalia.

Securato Júnior ressalta que esta medida acaba por ser mais adequada para medir o risco-país na comparação com o CDS uma vez que ela “limpa” as flutuações do mercado no dia a dia para fazer um cálculo de forma mais estrutural.

Em postagem no Linkedin, Securato Júnior fez uma comparação sobre como seria o cálculo do EMBI+ antes do ajuste por liquidez com o método utilizado por ele.

Calculando a estrutura temporal das taxas de juros dos títulos brasileiros (em verde) e dos títulos americanos (em azul), foram construídas duas curvas ressaltadas a seguir. A área entre os gráficos (em laranja) seria o EMBI+ antes do ajuste por liquidez:

EMBI+ estimado (Fonte: Linkedin/José Securato Júnior)

Sem o ajuste por liquidez (que não foi disponibilizada no método de cálculo do EMBI+, a equipe que calcula o CRP SPA destacou que a sua medida para risco estaria em 276 pontos-base em novembro de 2024, ficando bem alinhado com a série histórica do EMBI+. “Fizemos um back test, e o erro do nosso modelo para o EMBI+ está da ordem de 7%, o que achamos bem aceitável”, ressaltou Securato Júnior.

(Fonte: Linkedin/José Securato Júnior)

Para Securato Júnior, ter indicadores confiáveis de risco são importantes para guiar as decisões de investimento. Ele destaca ainda que, apesar da volatilidade de curto prazo, o Brasil possui colchões que ajudam a mitigar esses riscos, sendo que um indicador que “limpe” os movimentos mais extremos são importantes para entender os riscos e as oportunidades de investir em um país.

The post Após fim do EMBI+, novo indicador desponta como alternativa para medir risco appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.