Bebê morre 11 horas após o parto e familiares acusam negligência: “Não disseram o que estava acontecendo”

A morte de um bebê gerou indignação de uma família no Vale do Sinos. O pequeno Henry Gabriel Gonçalves Fisch nasceu às 11h40 de sábado (15) no Hospital Lauro Reus, em Campo Bom, e teve a morte declarada às 22h35 do mesmo dia.

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Henry Gabriel Fisch no colo do pai logo após o nascimento, no fim da manhã de sábado | abc+



Henry Gabriel Fisch no colo do pai logo após o nascimento, no fim da manhã de sábado

Foto: Arquivo pessoal

O tio do bebê, Max Anderson Gonçalves, de 32 anos, relatou à reportagem que Henry Gabriel nasceu de cesárea, após uma gestação de 37 semanas, com acompanhamento pré-natal sem que nenhum problema fosse detectado no feto. A mãe, contudo, apresentava diabete gestacional, e dois dias antes, na quinta-feira (13), foi internada na casa de saúde pela necessidade de receber insulina.

O parto foi agendado para a manhã de sábado. Após o nascimento e ainda com vida, o pai segurou o bebê no colo. (foto acima)

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Em seguida, Henry Gabriel foi levado para outra sala por uma técnica em enfermagem, que faria exames na criança. Por uma janela, o pai teria visto o filho com problemas respiratórios, recebendo atendimento de cerca de cinco profissionais da saúde. Então, por volta das 14 horas, foi informado à família que o bebê precisava de um leito neonatal com respirador, vaga que surgiu no Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH) por volta das 16h40.

Somente às 17h20, uma ambulância com respirador compatível para fazer o deslocamento de Henry Gabriel teria sido disponibilizada. O veículo, contudo, era de Torres, no litoral norte, e chegou ao Lauro Reus somente à noite, às 21h10. 

“Durante essa espera [pela ambulância], a família pensava que estava tudo bem, pois os médicos e enfermeiras nos passavam que estava tudo bem, mas não disseram o que estava acontecendo. Em nenhum momento os médicos nos procuram, ou o pai e a mãe, para dar notícias”, conta ele.

O Hospital Lauro Reus se manifestou por meio de nota, e informou que “todo atendimento e suporte necessário foi prestado, dentro das condições pertinentes”. “Assim que identificamos a necessidade de leito na UTI [Unidade de Terapia Intensiva], imediatamente o paciente foi inserido no sistema Gerint [de regulação de internação hospitalar do SUS] para a regulação, e sinalizada a devida urgência. O leito foi autorizado no final do dia, momento em que foi autorizado o transporte.”

Ainda de acordo com a instituição, toda a equipe médica, tanto da emergência quanto da pediatria, estava envolvida para que o paciente tivesse condições de ser transportado ao hospital de referência, “pois o quadro era bastante instável”.

Sobre a ambulância ter sido deslocada de Torres para o Vale do Sinos, a casa de saúde esclareceu que “o caso clínico do paciente exigia uma ambulância de suporte avançado, sendo acionada a que estava disponível no momento”. A casa de saúde de Campo Bom lamentou a morte do bebê e disse que está “à disposição da família para qualquer esclarecimento”.

A transferência e o óbito

O pai acompanhou o deslocamento entre as cidades vizinhas e, em boletim de ocorrência, relatou que notou que o filho estava desacordado. Ao chegar à casa de saúde de Novo Hamburgo, um médico teria dito que Henry Gabriel estava bem. Quinze minutos se passaram e, então, o choque: a família foi informada da morte do menino, colocado nos braços do pai, já sem vida.

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Também por meio de nota, a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), que administra o HMNH, se manifestou e informou que “o caso do bebê está sendo apurado pela instituição”. Segundo a casa de saúde, o menino chegou em parada cardiorrespiratória. “Foi dado seguimento às manobras para reanimação iniciadas pela equipe de transporte, porém sem sucesso.”

A reportagem questionou o Lauro Reus sobre o estado de saúde da criança antes da transferência, mas a instituição esclareceu que detalhes sobre o quadro clínico do paciente não serão divulgados em função da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Sobre o bebê ter sido colocado no colo do pai já em óbito, a FSNH esclareceu que “duas médicas que prestaram atendimento ao bebê, deram a notícia ao pai e, seguindo o procedimento de acolhimento e humanização da UTI neonatal, ofereceram ao pai a possibilidade de ter acesso ao corpo do bebê naquele momento”.

Após o falecimento de Henry Gabriel, os parentes relatam que o corpo foi levado novamente à casa de saúde de Campo Bom, sem a autorização dos responsáveis. A questão será apurada pela casa de saúde de Novo Hamburgo.

Na certidão de óbito, a causa da morte do bebê foi definida como “indeterminada com exames complementares pendentes”. A família registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Novo Hamburgo. 

A despedida do menino ocorreu nesta manhã, em Campo Bom. A reportagem apura mais detalhes do caso.

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