Bolsa acelera alta e bate 130 mil pontos. Dólar cai abaixo de R$ 5,70

No primeiro pregão de uma semana marcada pela divulgação das decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, a Bolsa de Valores brasileira (B3) operava com fortes ganhos na tarde desta segunda-feira (17/3).


O que aconteceu

  • Às 12h45, o Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações negociadas na B3, disparava 1,27%, de volta aos patamar dos 130 mil pontos (130,5 mil).
  • No pregão de sexta-feira (14/3), em um dia de euforia no mercado, o Ibovespa já havia disparado 2,64%, quase batendo os 129 mil pontos (128,9 mil).
  • Com o resultado, o indicador encerrou a semana acumulando ganhos de 3,14%.
  • No acumulado de março, a Bolsa brasileira tem alta de 5% e, no ano, de 7,2%.

Ibovespa amplia ganhos

A Bolsa brasileira acelerou os ganhos a partir do fim da manhã desta segunda, impulsionado pela alta dos papéis ligados a commodities e ao consumo doméstico.

O setor de petróleo intensificou a alta, apesar da desaceleração do petróleo do tipo Brent em Londres.

As ações preferenciais da Petrobras subiam 1,7%, enquanto as ordinárias avançavam 2%.

A Vale, por sua vez, que começou o pregão próxima da estabilidade, registrava alta de 1,05%.

Dólar cai

O dólar começou a semana operando em baixa, em meio à expectativa dos investidores em relação à chamada “superquarta”, com decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.

“Superquarta” é o termo usado no mercado financeiro para o dia em que coincidem as divulgações das taxas básicas de juros no Brasil e nos EUA.

É o caso de quarta-feira (19/3), data na qual tanto o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) quanto o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o BC americano) anunciam o resultado de suas reuniões, ambas iniciadas na véspera.


O que aconteceu

  • Às 12h48, a moeda dos EUA recuava 1%, a R$ 5,687.
  • Mais cedo, às 11h16, o dólar caía 0,56% e era negociado a R$ 5,71.
  • Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,74. A mínima é de R$ 5,685.
  • Na última sexta-feira (14/3), a moeda norte-americana despencou 1% e encerrou a sessão cotada a R$ 5,74.
  • Com o resultado, o dólar acumula perdas de 2,92% no mês e 7,06% no ano.

“Superquarta”

As atenções dos investidores estão voltadas nesta semana para as decisões do Copom e do Fed a respeito das taxas básicas de juros no Brasil e nos EUA.

A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central (BC) para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.

Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.

Ao reduzir a Selic, por outro lado, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Não é o que se deve esperar neste momento.

Na última reunião do Copom – a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo na presidência do BC –, no fim de janeiro, os juros básicos subiram 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano.

Na ata da reunião, o colegiado indicou que, caso o cenário de avanço dos preços perdurasse, seria necessário fazer ajuste de pelo menos 1 ponto percentual. Dessa forma, os juros devem pasar dos atuais 13,25% ao ano para 14,25% ao ano — mesmo patamar de julho de 2015, época da crise no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Com a alta de 1,31% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro, considerado o termômetro da inflação, a alta da Selic é dada como certa pelo mercado financeiro, que aposta no aumento de 1 ponto percentual no índice.

Caso se confirme, este será o quinto avanço consecutivo da Selic. A adoção de política monetária mais contracionista (ou seja, o aumento dos juros) começou em setembro de 2024, quando o Copom interrompeu o ciclo de cortes e elevou a taxa em 0,25 ponto percentual.

No entanto, o BC não sinalizou um fim do ciclo de altas. Segundo o Copom, a magnitude do ciclo de aperto monetário será ditada pelo compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação.

Nos Estados Unidos, a tendência é que o Fed não mude a taxa de juros da economia norte-americana na reunião desta semana.

No fim de janeiro, na primeira reunião do Fomc desde a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, o colegiado anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.

A decisão interrompeu um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos.

Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.

De acordo com dados divulgados na semana passada, a inflação anual nos EUA ficou em 2,8% em fevereiro (em relação a fevereiro do ano passado), um recuo de 0,2 ponto percentual em relação a janeiro (quando foi de 3%).

Na base de comparação mensal, em relação ao mês anterior, a inflação norte-americana foi de 0,2%, ante 0,5% em janeiro.

Tarifas de Trump

Além dos dados da política monetária, o mercado segue acompanhando os desdobramentos da política tarifária imposta pelo governo Trump nos EUA.

O presidente norte-americano reafirmou, no fim de semana, que não pretende aliviar as tarifas de 25% impostas aos parceiros comerciais do país sobre o aço e o alumínio. “Não pretendo fazer isso”, disse Trump a repórteres a bordo do avião presidencial Air Force One, ao ser questionado sobre eventuais “exceções” às tarifas anunciadas nas últimas semanas.

Para reequilibrar a balança comercial dos EUA, Trump aumentou as tarifas alfandegárias de diversos produtos em diferentes países, incluindo o Brasil. Essa série de decisões desestabilizou os mercados financeiros e gerou temores de recessão na maior economia do mundo.

As tarifas de 25% sobre aço e alumínio entraram em vigor na última quarta-feira (12/3). A tentativa do governo Trump é proteger a indústria siderúrgica dos EUA, que enfrenta uma concorrência cada vez maior.

O líder republicano também pretende impor as chamadas taxas alfandegárias “recíprocas” a todos os parceiros comerciais de seu país, a partir de 2 de abril.

No domingo (16/3), o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), o espanhol Luis de Guindos, afirmou que o mundo vive um período de incerteza econômica maior do que durante o auge da pandemia de Covid.

“Precisamos considerar a incerteza do ambiente atual, que é ainda maior do que durante a pandemia. O que estamos vendo é que a nova administração dos EUA não está muito aberta a continuar com o multilateralismo, que é sobre cooperação entre jurisdições e encontrar soluções comuns para problemas comuns”, disse Guindos. “Esta é uma mudança muito importante e uma grande fonte de incerteza no mundo.”

China

Outro foco de atenção dos mercados nesta segunda-feira é a China, que anunciou um novo pacote de medidas com o objetivo de estimular o consumo doméstico e impulsionar a atividade econômica do país.

Entre as principais medidas, estão uma política de subsídios para cuidados infantis, ampliar a assistência financeira para estudantes, plano para o aumento de renda dos agricultores e redução das taxas de juros dos financiamentos habitacionais subsidiados.

De acordo com o regime chinês, o pacote valerá para todas as regiões e estados do país e tem o objetivo de “impulsionar vigorosamente o consumo, expandir a demanda interna em todas as direções e melhorar a capacidade de consumo, aumentando a renda e reduzindo encargos”.

As autoridades locais devem, segundo Pequim, “estudar e estabelecer um sistema de subsídio para cuidados infantis”, além de implementar empregos flexíveis e abertura de clínicas ambulatoriais pediátricas à noite.

Também foram anunciadas medidas que visam a impulsionar o turismo no país.

Na última sexta-feira (14/3), já em meio às especulações em torno do anúncio das medidas, as principais ações do mercado financeiro da China fecharam na maior alta em 2 meses.

As medidas de incentivo ao consumo para aquecer a economia vêm sendo uma tônica do regime chinês nos últimos anos, em meio à perda de força do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), se comparado ao patamar de décadas atrás.

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