Obrigado Porsche por não estragar o Macan Turbo. Mas… | Avaliação

Já confessei isso várias vezes, por mais que o 911 seja um carro absurdamente bom, meu Porsche favorito é o Macan. Primeiro por ser prático para o dia-a-dia, segundo por andar igual a um 911 (dentro da medida do possível), além de ter posição de dirigir baixa. E quanto a Porsche inventou de transformá-lo em um Taycan SUV, fiquei com medo.

Afinal, a essência do Macan sempre foi ser um irmão menor do Cayenne com espírito de 911. Um SUV verdadeiramente esportivo sem ser grande demais ou exagerado, tendo a pimenta na medida certa. Só que, grande parte de sua essência vinha do motor seis cilindros roncando alto. Agora ele é elétrico.

Taycan SUV

Na versão topo de linha Turbo, o Porsche Macan é um simples absurdo. Ele conta com dois motores elétricos de 320 cv e 57,6 kgfm cada, totalizado 585 cv e 115,2 kgfm de torque. Ou seja, torque suficiente para alterar o eixo da Terra. Mesmo tendo se tornado uma semi-jamanta de 2.405 kg, ele é muito rápido. A autonomia é de excelentes 435 km.

Porsche Macan Turbo de traseira branco em uma estação de trem
Porsche Macan Turbo [Auto+ / João Brigato]

Bastam ridículos 3,3 segundos para atingir os 100 km/h. Ou seja, a mesma força G de uma montanha-russa em uma aceleração capaz de fazer com que qualquer passageiro grite de desespero a cada acelerada e que você, como motorista, tenha pelo menos um órgão deslocado por dia. 

Admito que fiquei até enjoado com a aceleração forte do Macan Turbo em algumas situações. Mas era tão divertido acelerar com tudo e ver o velocímetro chegar a velocidades proibidas em 27 países enquanto meus companheiros de cabine desavisados tomavam sustos a cada coice que o SUV passava.

Porsche Macan Turbo branco em uma estação de trem
Porsche Macan Turbo [Auto+ / João Brigato]

É interessante que o último carro que me deu essa sensação foi justamente o Taycan Turbo. Mesmo carros a combustão tão rápidos quanto ele, como o 718 GT4 RS ou o 911 Turbo, não despertam a mesma sensação de desespero ao acelerar. Até porque os irmãos a combustão avisam o que virá, o Macan Turbo só acelera com tudo em silêncio.

É uma sensação diferente

Enquanto o antigo Macan era mais sobre dinâmica e ronco do que sobre acelerações fortíssimas, esse novo modelo entrega potência e torque brutais. Tiramos o som do motor da equação para ter reações instantâneas a todo momento. Ou seja, é uma diversão diferente. Além disso, como ele agora tem praticamente o tamanho de Cayenne, as reações mudaram.

Porsche Macan Turbo branco em uma estação de trem
Porsche Macan Turbo [Auto+ / João Brigato]

A agilidade do novo Macan elétrico vem da instantaneidade dos motores elétricos, enquanto o modelo anterior entregava dinâmica de hatch em um porte mais compacto. Essa geração tem eixo traseiro esterçante e direção muito mais direta, precisando de poucas voltas de batente a batente para fazer a mesma curva.

Além disso, ele usa pneus Bridgestone 285/45 R20 bem largos na traseira e 235/55 R20 na dianteira. Mesmo em uma curva com o pé em baixo e o medidor de força G pedindo socorro a Deus, o Macan não desgruda. Ele faz as curvas mais rápido do que seu pensamento consegue acompanhar.

Porsche Macan Turbo branco em uma estação de trem
Porsche Macan Turbo [Auto+ / João Brigato]

Mas se quiser andar tranquilamente, ele sabe ser civilizado. Em modo Normal, a suspensão fica bem confortável e absorve bem as irregularidades. Ao mesmo tempo, a direção se mantém direta e pesada, mas um pouco mais civilizada. O acelerador ainda é instantâneo, mas é tranquilo dosá-lo para andar no ritmo de um VW T-Cross.

Universos paralelos

Um dos pontos em que o Porsche Macan mais me agradava era na posição de dirigir. Por mais que fosse um SUV, ele tinha piso alto e que te fazia sentar deitado como no 911, o que mudou no novo modelo. Ele é um SUV em essência, com estilo de dirigir mais cadeirão: banco alto que te faz ficar com as pernas mais deitadas e mais próximo ao volante.

interior do Porsche Macan Turbo
Porsche Macan Turbo [Auto+ / João Brigato]

Mesmo contando com bancos esportivos com mil ajustes diferentes, além de volante com regulagem elétrica, ele não tem mais a mesma pegada de um 911 de salto. A cabine ficou mais minimalista, com inclusão de painel de instrumentos totalmente digital e um head-up display de realidade aumentada, mas com informações excessivamente grandes.

O volante é o mesmo de todo Porsche, com poucos comandos e haste do piloto automático na parte traseira. No novo Macan elétrico, a central multimídia faz par com uma tela opcional para o passageiro, a qual não é vista pelo motorista quando o câmbio está em D. Um artifício legal, mas desnecessário.

cabine do porsche macan turbo
Porsche Macan Turbo [Auto+ / João Brigato]

A tela da central é excelente, muito fácil de ser operada, com menus claros e qualidade de tela invejável. Pena que várias funções importantes foram deixadas na central ao invés de colocadas em uma fileira de botões abaixo da tela, como acontece com o 911 – havia espaço de sobra para isso. 

Ao menos o ar-condicionado digital de quatro zonas mantém os comandos físicos por botões de verdade na parte mais alta do console central. Além disso, nada de saídas de ar controladas pela tela: são controles mecânicos como todo carro normal. A tela do passageiro é difícil de ser enxergada com o carro em movimento, mesmo de frente a ela.

SUV cupê

Em questão de espaço, o Porsche Macan não mudou muito. A segunda fileira segue justa, fazendo com que pessoas muito altas não tenham tanto espaço por ali. É possível sentar-se atrás de um motorista de grande porte, mas sem muita área para os joelhos. Já a cabeça fica justa por conta da queda estilo cupê da traseira.

O porta-malas tem abertura elétrica e leva 480 litros. Já na dianteira, você tem mais 85 litros extras com um capô que é aberto fazendo um leve carinho abaixo do logotipo da Porsche. Destaque ainda é a faixa de LED no interior que pisca para alertar aos passageiros para não sair na hora errada e ser atropelado. A luz também indica pontos cegos.

Porsche Macan Turbo [Auto+ / João Brigato]

Ao menos o acabamento continua impecável, com muito couro para todos os lados, encaixes bem feitos e até cheiro de carro caro. Na traseira, os passageiros contam com cortinas elétricas que são fechadas e abertas pelo próprio comando dos vidros. As portas, vale lembrar, não têm moldura, tal qual o 911.

É coisa até dizer chega

Completo até demais, o Porsche Macan Turbo conta com sete airbags (chega a nove com os airbags laterais traseiros opcionais), sistema de câmeras 360° (sendo a dianteira bloqueada pela placa padrão Brasil), faróis full-LED com ajuste de foco automático, chave presencial, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, bancos elétricos com aquecimento e resfriamento.

Há ainda ar-condicionado digital de quatro zonas, park assist, volante com ajuste elétrico de altura e profundidade, controle de tração e estabilidade, alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado, frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo, teto solar panorâmico, freio de estacionamento eletrônico, entre outros.

Veredicto

A verdade é que o Porsche Macan Turbo elétrico se tornou um verdadeiro canhão para dirigir. Ele é absurdamente rápido, esportivo de verdade e ainda muito prático de ser usado no dia-a-dia. Isso tudo sempre foi parte da essência dele: ser um Porsche esportivo de verdade, mas que também é usável. 

Porsche Macan Turbo branco em uma estação de trem
Porsche Macan Turbo [Auto+ / João Brigato]

Só que, o Macan anterior era mais próximo da essência da Porsche. Não só por conta do motor a combustão. Mas também porque tinha posição de dirigir de esportivo e era menor. Ao menos a marca já desistiu da eletrificação total e estuda fazer uma nova geração do SUV a combustão. Tomara que fique mais 911 e menos Taycan. 

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