MPSP defendeu indenização de R$ 100 mil a família de inimigo do PCC

São Paulo — Na denúncia contra seis suspeitos de envolvimento na morte do inimigo do Primeiro Comando da Capital (PCC) Vinícius Gritzbach, os promotores da Vara do Tribunal do Júri de Guarulhos, na Grande São Paulo, defenderam que cada um dos alvos pague uma indenização de R$ 1 milhão, pelos danos morais coletivos à sociedade, além de indenizações a vítimas e familiares.

Durante o ataque a tiros em que Gritzbach foi fuzilado 10 vezes, o motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais também foi morto, atingido por uma bala perdida. Outras duas pessoas ficaram feridas.

No caso de Gritzbach e de Celso Araújo, os promotores defenderam o pagamento de R$ 100 mil para as famílias. Para os dois feridos, a quantia seria R$ 20 mil. A destinação do restante do valor não foi especificada.

“A gente não pode fechar os olhos para o dano moral e social. A pena, ao nosso sentir, deve ser proporcional ao resultado provocado para a sociedade, para todos nós que usamos o aeroporto, para todas as pessoas que frequentam o local diuturnamente para trabalhar, para o Celso, motorista de Uber que perdeu a vida sem entender o que aconteceu”, disse a promotora Vania Caceres Stefanoni, em entrevista coletiva nessa segunda-feira (17/3).

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Gritzbach chegou a ser preso, mas acabou liberado

Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC
O delator do PCC foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia
Empresário, preso sob suspeita de mandar matar integrantes do PCC, foi solto por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
Corpo de rival do PCC executado no aeroporto
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Antônio Vinícius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem com a namorada quando foi executado na tarde de 8 de novembro, na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo

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Gritzbach chegou a ser preso, mas acabou liberado

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Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC

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O delator do PCC foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar integrantes do PCC, foi solto por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

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Corpo de rival do PCC executado no aeroporto

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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto

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Delator do PCC foi morto no Aeroporto de Guarulhos

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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto

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“Além da pena próxima ao máximo para cada um deles, a nossa preocupação já na denúncia foi com o dano moral coletivo e indenização por conta disso. Há um pedido de indenização por dano moral coletivo de R$ 1 milhão para cada um dos denunciados. Além de R$ 20 mil para as vítimas sobreviventes e pelo menos R$ 100 mil para as famílias enlutadas”, acrescentou.

A denúncia tem como base o relatório final de investigação, apresentado na última sexta-feira (14/3) pela Polícia Civil de São Paulo.

Os PMs Denis Martins, Ruan Rodrigues e Fernando Genauro são apontados como executores de Gritzbach, morto com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em 8 de novembro do ano passado.

Kauê do Amaral Coelho é apontado como olheiro do crime, enquanto Emílio Gangorra Neto, o Cigarreiro, e Diego Santos Amaral, o Didi, seriam os mandantes.

Motivação

Os denunciados devem responder por homicídio qualificado — por motivo torpe, emprego de arma de fogo e emboscada.

A motivação seria vingança por três episódios: a morte do líder do PCC Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, em dezembro de 2021, atribuída a Gritzbach; um suposto desvio de parte de um investimento feito pela facção em criptomoedas; e o acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público de São Paulo.

Em janeiro de 2022, menos de um mês após a morte de Cara Preta, Vinícius Gritzbach foi levado por integrantes da cúpula do PCC na zona leste para um tribunal do crime em um campo de futebol. Na ocasião, ele seria julgado pelo homicídio e pelo suposto golpe milionário na facção.

Cigarreiro e Didi estavam presentes, além de importantes figuras do PCC, como Danilo Lima de Oliveira, o Tripa; Rafael Maeda Pires, o Japa; e Claudio Marcos de Almeida, o Django. Sob a promessa de entregar aos criminosos as senhas das carteiras digitais em que estavam investidos milhões em criptomoedas, Gritzbach foi libertado.

Caso não encerrado

Para os promotores do MPSP, o caso não está completamente esclarecido, apesar da conclusão da Polícia Civil. Existe a suspeita de que outros integrantes da facção, superiores na hierarquia do crime, e até policiais estejam entre os mandantes.

“Claro que não vamos aqui adiantar nomes de quem nós eventualmente desconfiamos. Seria pouco inteligente, até porque avisaríamos os nossos suspeitos e evidentemente eles cuidariam para destruir provas. […] Os grupos podem outros policiais militares? Podem. Policiais civis? Podem. Outros delatados pelo Vinícius? Podem. Podem ser pessoas relacionadas com aquela questão das joias? Também podem”, disse o promotor Rodrigo Merli em entrevista coletiva.

“Para nós do Ministério Público de São Paulo, responsáveis pela investigação do homicídio, o caso não está completamente encerrado”, acrescentou.

De acordo com o promotor, a decisão de apresentar a denúncia nessa segunda-feira (17/3) se deu para evitar que chegasse ao fim o prazo da prisão temporária dos PMs apontados como executores do crime: Denis Martins, Ruan Rodrigues e Fernando Genauro. Se isso ocorresse, todos seriam soltos.

“Nós temos que oferecer essa denúncia agora por uma questão até estritamente legal. A prisão do policial militar Fernando Genauro se encerra amanhã [18/3]. E já houve uma prorrogação da prisão temporária de todos eles. A lei só permite uma prorrogação. Portanto, o prazo fatal de 60 dias se encerra amanhã. Ou nós ofereceríamos essa denúncia agora ou continuávamos com a investigação, mas com os policiais obrigatoriamente soltos. Evidentemente nós não faríamos isso”, afirmou Merli.

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