Após conversa com Trump, Rússia e Ucrânia se acusam de ataques aéreos

Moscou e Kiev acusaram-se mutuamente de ataques aéreos que danificaram infraestrutura e causaram incêndios durante a madrugada de quarta-feira (19/3), horas após o presidente russo, Vladimir Putin, discutir uma trégua limitada de 30 dias na guerra entre Rússia e Ucrânia, em negociações por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Nesta manhã, o Exército ucraniano informou que a Rússia disparou seis mísseis e 145 drones de combate contra a Ucrânia durante a noite. As defesas aéreas ucranianas conseguiram abater 72 drones, enquanto 57 aparelhos simuladores desapareceram sem causar danos.

“A Rússia está atacando a infraestrutura civil e as pessoas, agora mesmo”, escreveu Andryi Yermak, secretário-geral da presidência ucraniana, no Telegram, poucas horas antes.

Os ataques de drones russos danificaram dois hospitais na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, segundo autoridades regionais, acrescentando que ninguém ficou ferido, mas pacientes e equipes médicas tiveram que ser retirados.

Outro ataque também foi relatado contra a região da capital, Kiev, onde um homem de 60 anos ficou ferido e várias casas foram danificadas, de acordo com o governador da região.

Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de lançar mais de 40 drones contra a Ucrânia nas horas seguintes ao telefonema de Vladimir Putin com Donald Trump.

Na Rússia, autoridades da região sul de Krasnodar também informaram que um ataque de drone ucraniano causou um pequeno incêndio em um depósito de petróleo perto da cidade de Kavkazskaya. Ninguém ficou ferido.

A agência de aviação civil da Rússia disse que estava suspendendo voos dos aeroportos de Kazan, Nizhny Novgorod e Nizhnekamsk, todos localizados centenas de quilômetros a leste da capital Moscou, por razões de segurança, sem especificar quais.

China acolhe, Alemanha critica

Vladimir Putin concordou, durante sua conversa telefônica com Donald Trump, em suspender os ataques às instalações de energia ucranianas. O líder russo se recusou, no entanto, a endossar o plano de trégua estendida de 30 dias proposto por Washington, concebido como um primeiro passo em direção a um acordo de paz permanente e aprovado na semana passada por Kiev.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse na terça-feira à noite, após a reunião entre Trump e Putin, que Kiev estava disposta a respeitar a trégua limitada. Ele fez, ao mesmo tempo, um apelo à comunidade internacional para manter a pressão sobre Moscou e impedir a Rússia de prolongar a guerra desencadeada pela invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.

Nesta quarta-feira, Pequim reagiu de maneira positiva aos esforços para um cessar-fogo na Ucrânia. A China “saúda todos os esforços em direção a um cessar-fogo, que considera um passo necessário para a paz”, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma entrevista coletiva em Pequim.

Já a Alemanha acusou Vladimir Putin na quarta-feira de estar fazendo um “jogo de cena” após os novos ataques russos denunciados pela Ucrânia.

“Vimos que os ataques à infraestrutura civil não diminuíram em nada durante a primeira noite após esse telefonema supostamente inovador e fantástico”, ironizou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, em uma entrevista televisionada.

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