EUA liberam milhares de arquivos sobre assassinato de JFK; o que se sabe até agora?

O governo dos Estados Unidos divulgou na madrugada desta quarta-feira (19) mais de 63 mil páginas de documentos relacionados ao assassinato do ex-presidente John F. Kennedy em 1963. A liberação dos arquivos, que estavam parcialmente restritos há décadas, foi ordenada pelo presidente Donald Trump e volta a jogar luz sobre um episódio da história americana permeado por teorias da conspiração. Veja, a seguir, o que se sabe até agora sobre os documentos, e informações foram reveladas.

O que foi divulgado?

A Administração Nacional de Arquivos e Registros dos EUA (National Archives and Records Administration – NARA) disponibilizou cerca de 2.200 arquivos adicionais, contendo milhares de páginas de informações previamente ocultas. No entanto, essa é apenas uma fração dos mais de 6 milhões de documentos relacionados ao caso: cerca de 99% já havia sido tornada pública anteriormente.

Entre os novos documentos, há registros sem as antigas edições e censuras que, segundo historiadores, dificultavam a análise completa dos eventos ligados ao assassinato.

Segundo Larry J. Sabato, diretor do Centro de Política da Universidade da Virgínia, o volume de informações exigirá tempo para ser analisado em detalhes. “Temos muito trabalho pela frente, e as pessoas precisam aceitar isso”, disse ele à Associated Press.

Documentos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy em 1963 são exibidos após terem sido divulgados por ordem do presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington D.C., em 18 de março de 2025. REUTERS/Carlos Barria/Ilustração fotográfica

O que dizem os arquivos?

As novas informações lançam mais luz sobre as ações da CIA e do FBI na época, além das movimentações de Lee Harvey Oswald, acusado de assassinar Kennedy. Entre os destaques:

  • Um memorando da CIA confirma que Oswald telefonou para a embaixada soviética na Cidade do México pedindo um visto para viajar à União Soviética semanas antes do assassinato.
  • Outro documento menciona uma ligação interceptada, um dia após o assassinato, entre Oswald e um oficial da KGB na mesma embaixada.
  • Uma nota interna da CIA datada de 1991 relata que um oficial da KGB revisou cinco volumes de arquivos sobre Oswald e concluiu que ele nunca foi controlado pela agência soviética, além de duvidar que alguém poderia “controlá-lo”.
  • Há registros de visitas de Oswald às embaixadas cubana e soviética antes de retornar aos Estados Unidos pelo Texas, em outubro de 1963.
Documentos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy em 1963 são exibidos após terem sido divulgados por ordem do presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington D.C., em 18 de março de 2025. REUTERS/Carlos Barria/Ilustração fotográfica

A liberação é completa?

Apesar da divulgação em grande escala, especialistas apontam que nem todos os arquivos foram incluídos no lote mais recente. Jefferson Morley, vice-presidente da Mary Ferrell Foundation, organização que investiga o assassinato de JFK, afirmou que a liberação foi um “começo encorajador”, mas destacou que cerca de dois terços dos arquivos prometidos ainda não foram disponibilizados. Ele também observou que documentos recentemente descobertos pelo FBI não estavam na publicação.

Ainda há aproximadamente 3.000 arquivos que não foram completamente divulgados, incluindo cerca de 500 registros da Receita Federal dos EUA, que não estão sujeitos às regras de desclassificação de 2017.

Teorias da conspiração

O assassinato de Kennedy gerou inúmeras teorias da conspiração ao longo das décadas. A Comissão Warren, criada para investigar o caso, concluiu que Oswald agiu sozinho, mas dúvidas persistem sobre a possível participação da máfia, da União Soviética ou de outras entidades no crime.

Segundo Sabato, sua equipe ainda busca documentos sensíveis que foram amplamente censurados no passado. “Se algo foi redigido por completo, significa que há algo muito, muito sensível ali”, disse o pesquisador. Ele acredita que alguns dos registros podem estar relacionados a Cuba e à atuação da CIA no período.

Em 2017, Trump prometeu divulgar todos os arquivos restantes, mas manteve alguns sob sigilo alegando riscos à segurança nacional. Documentos adicionais foram liberados durante a administração de Joe Biden, mas a totalidade dos registros ainda não foi aberta ao público.

Espera-se também que a nova liberação pode trazer mais informações sobre o contexto da Guerra Fria, as operações de inteligência dos EUA e o clima político da época. A análise dos arquivos, entretanto, deve levar meses, ou até anos, para ser concluída por pesquisadores e historiadores.

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